A
idéia surgiu após alguma discussão: por que não entregar Santos a várias pessoas e saber o que elas pensam a respeito da Cidade onde vivem ou
trabalham? Foi assim que se fez. Sob o mesmo tema - Pensar Santos -, elástico e livre, deixamos nas mãos dessas pessoas e com suas cabeças a
incumbência de traçar um perfil desta Cidade de muitos contrastes. O que cada um fez a seu critério, dentro ou fora de suas profissões. Aqui está o
resultado. Veja o que pensam de Santos uma historiadora, um administrador de empresas, uma arquiteta, um advogado e poeta, um médico, um engenheiro
e um agente de viagens. O que Santos deve ter
Gunther Bantel (*)
1) Santos deve ter homens capazes de assumir e liderar o processo para a
metropolização da Baixada, deve integrar a Cidade com as demais: São Vicente, com quem reparte a ilha; Guarujá, com quem reparte o porto; Cubatão,
com quem reparte a indústria; Praia Grande e Itanhaém, com quem reparte as estradas.
2) Santos deve ter, com Guarujá, um serviço digno de barcas de passageiros e de
veículos. A precariedade dos serviços públicos do DH não é compatível com o maior porto do Atlântico Sul e o País não tem recursos para uma obra
viária de vulto.
3) Várias ruas em vários bairros podem e devem ser ruas de lazer. Vários
terrenos baldios, particulares e dos governos, em especial os que margeiam a Fepasa, devem ser urbanizados para áreas de lazer. Nossas crianças
precisam de espaço para brincar. Falta uma lei para esta carência e não custa caro.
4) Nesta cidade transitam 75.000 ciclistas que vão diariamente ao trabalho e à
escola e existem mais de 100.000 ocupantes de ônibus, kombis escolares, automóveis particulares que rodam e entopem o trânsito pela Cidade,
diariamente. Nesta cidade são atropelados centenas de ciclistas anualmente (façam a estatística). Nesta cidade plana existem várias ruas ociosas,
mas perigosas, e passeios inúteis onde trafegam ciclistas fora da lei. Nesta cidade não há, no momento, viabilidade de tráfego de ciclistas com
segurança, mas com um bom senso se pode atingir isto, a baixo custo e em poucos anos. Basta uma lei exigindo projetos e obras adequadas às demais
necessidades urbanas, em benefício popular e com juízo.
5) Redução da jornada de trabalho, com garantia de emprego, para os
desempregados (jovens e chefes de família) interessa aos sindicatos. Ora, se somos um país de jovens e de pobres, é necessário um pacto social para
que todos possam sobreviver trabalhando, mesmo que seja com sacrifício da remuneração bruta. Os empresários brasileiros estão querendo salvar o País
com melhoria da produtividade, através da seletividade da melhor máquina com os melhores homens, e todos nós esquecemos de salvar o próximo e de que
a comunidade, como um todo, precisa ser justa e de direito. A Igreja já está nesta linha. O trabalho é um direito social universal. Portanto, o
emprego também.
6) Antes de instituir a Região Metropolitana da Baixada Santista, institua-se a
Universidade. A Unesp existe, mas não chegou ao Litoral e é necessária. Temos o maior parque de indústrias químicas, o maior porto, mas não
formamos aqui nossos especialistas de nível superior. Nós os buscamos fora, porque os grupos econômicos que controlam o ensino superior aqui têm
outros interesses. É a única região com um milhão de habitantes que, no Brasil, não dispõe de faculdades estaduais e federais.
7) Nova Iorque tem o Central Park e nós temos o Morro Central. Lá é uma praça
pública, aqui são favelas, pedreiras, loteamentos. As Câmaras Municipais de Santos e São Vicente precisam acordar e legislar sobre o interesse
público de preservar uma área pública no morro. A especulação imobiliária não pode continuar amordaçando 250.000 eleitores (somados os santistas com
os vicentinos).
(*) Gunther Bantel é engenheiro,
superintendente de Integração Regional da Cosipa e presidente daa Associação dos Funcionários da Cosipa.
A chamada Vila Rica, entre as avenidas Washington
Luiz e Conselheiro Nébias, em 2004
Foto: Anderson Bianchi, publicada no Diário Oficial de Santos em 3 de abril de 2004
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