Alfândega funcionou já no prédio do antigo Colégio dos Jesuítas
Foto: Indicador Santense - 1912, publicado em Santos/SP por Laercio Trindade
Alfândega
2003 representa um ano de revitalização para a Alfândega
do Porto de Santos. No dia 27 de março, o prédio de três pavimentos, localizado na Praça da República, com 13 mil m² foi
reinaugurado, depois de três anos e três meses de reformas (as obras foram iniciadas em 1999). As mudanças foram consideradas um dos mais
importantes processos de revitalização realizados no Centro Histórico de Santos.
As intervenções realizadas no imóvel não deixaram de lado os aspectos originais, mesmo
com a descaracterização que se encontravam os afrescos e pisos, em razão da ação do tempo. Com cerca de R$ 8 milhões - verba do Governo Federal -
foi possível reconstruir seis portões, dois portais e 66 grades em ferro batido, com desenhos de folhas e frutos de café estilizados - concebido
pelo serralheiro artístico Puccinelli, há 68 anos. Além destes, também os vitrais, grande chamariz interno do prédio, foram restaurados seguindo as
formas originais.
O trabalho buscou tamanha perfeição, que foi contratada a mesma empresa que os fez no
passado - a Casa Conrado - para restaurá-los. As mudanças trouxeram ainda mais vigor ao vitral do teto, onde está desenhado um brasão nacional. O
ornamento ganhou uma nova iluminação. Também variados tipos de mármores foram empregados em diferentes partes do prédio e afrescos de quatro salas
do hall nobre do primeiro e segundo andar foram restaurados. Um destes espaços recebeu o nome de Benedicto Calixto.
Para auxiliar no processo de revitalização, a Prefeitura promoveu a recuperação dos
canteiros e jardins localizados na entrada, em frente às vagas de estacionamento. O imóvel - tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural
de Santos (Condepasa) - ainda passou por intervenções em suas redes elétrica, hidráulica e mecânica e em pisos, revestimentos e esquadrias, e ganhou
ainda melhorias que facilitam o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais. Construído em 1934, o prédio tem linhas clássicas, em estilo
art déco, e possui duas entradas frontais, uma voltada para o Estuário e outra para a Praça da República.
O prédio inaugurado em 1880, em foto do final do século XIX
Foto: coleção Laire Giraud
História - Até 1549, as rendas das Capitanias Hereditárias não eram cobradas
regularmente, por falta de uma infra-estrutura adequada, por isso, D. João III, rei de Portugal, determinou que se criassem no Brasil tantas
alfândegas quanto necessário. Assim, quando Thomé de Souza aportou em São Vicente, em fevereiro de 1553, já encontrou
estabelecida a Alfândega construída por Braz Cubas.
Em Santos foi fundada em 1550, pelo provedor-mor da Fazenda Real, Antônio Cardoso de
Barros, que também implantara a primeira, na Bahia, e a segunda, em São Vicente. Em fevereiro de 69, a Alfândega de Santos passou a se chamar
Delegacia da Receita Federal, mas a antiga denominação ainda vigora nas conversas informais. O primeiro prédio a abrigar a Alfândega santista ficava
próximo ao de agora.
Em 1570, com o desenvolvimento do bairro do Valongo, passou a funcionar em um casarão
da praia (cais), em frente à atual Rua Riachuelo. Depois esteve em vários outros locais: um barracão na rua que atualmente corresponde à Frei
Gaspar; o antigo Colégio dos Jesuítas, na atual Praça Antônio Teles, demolido em 1877; um quartel militar; e um
prédio inaugurado em 1880 exclusivamente para seu funcionamento.
Prédio antigo da Alfândega, já com a estátua de Braz Cubas inaugurada em 1908
Foto: coleção Laire Giraud
Para a construção deste, o Tesouro Nacional firmou contrato em 1876 e os trabalhos
foram supervisionados pelo engenheiro Manuel Ferreira Garcia Redondo, o mesmo que construiu o Teatro Guarani. Enquanto
era erguido, a Alfândega permaneceu provisoriamente instalada em um armazém da Companhia Docas. Em 1930, tiveram início as obras do
edifício atual, que já passou por ampla reforma em 1983. À inauguração compareceram os então ministro da Fazenda, Artur
de Sousa Costa, e da Viação (Transportes), Marques dos Reis.
Entrada do prédio atual da Alfândega, em foto de 1957
Foto: Reprodução do caderno Mais!, do jornal Folha de São Paulo, 28 de maio
de 1995
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