HERÁLDICA
Cidade já tem um novo Brasão de Armas
Da Reportagem
Santos já tem um novo Brasão de Armas. O prefeito Beto
Mansur sancionou a lei, estabelecendo a mudança, que foi publicada no dia 12 no Diário Oficial (DO). A alteração foi proposta em
projeto de lei de autoria do vereador Roberto Oliveira Teixeira (PTB).
Ainda não há data prevista para marcar a troca do símbolo oficial da Cidade. Roberto
Teixeira pretende propor que seja realizada uma solenidade no próximo aniversário da Cidade, dia 26 de janeiro.
Por causa da alteração do brasão, a bandeira municipal também será modificada, já que
traz o símbolo ao centro.
Motivo - Conforme estudo feito por uma comissão de três pesquisadores da Cidade
(Jaime Mesquita Caldas, Antônio Ernesto Papa e Wilma Terezinha), pelo brasão atual, Santos não é uma cidade. O símbolo mostra que o Município não
passa de uma aldeia e, ainda por cima, francesa.
Papa, que na época do estudo era o presidente da Fundação Arquivo e Memória de Santos,
explica que existe uma ciência específica que trata dos brasões. É a heráldica. "No Brasil, não é dada importância para esse tipo de coisa".
Mas ele lembra que, durante uma visita de autoridades portuguesas à Cidade, um dos
visitantes questionou o brasão. "Foi um constrangimento porque ele achou que havíamos sido colonizados pelos franceses". O pesquisador defende que,
embora a Cidade tenha usado um brasão incorreto durante décadas, nunca é tarde para se reparar o erro.
O vereador Roberto Teixeira compara o brasão ao retrato de uma pessoa. "Ele mostra
todas as suas características, é a fotografia de Santos e não pode ficar errado".
O trabalho do vereador sobre o brasão começou em 2001, quando foi formada até uma
Comissão Especial de Vereadores (CEV) para tratar do assunto. A CEV contou com o apoio de pesquisadores, que deram embasamento para a elaboração do
projeto de lei.
O vereador comenta que, para não haver prejuízo para os cofres públicos, os materiais
gráficos que já trazem o brasão incorreto serão substituídos gradativamente, conforme a necessidade. "Não é justo uma cidade como Santos ter o
brasão errado".
Erros apontados no antigo
Coroa mural (murada sobre o brasão): não poderia ter três
torres, mas oito, mostrando que Santos é uma cidade de segunda grandeza. As portas abertas significam que a Cidade está aberta devido às suas
atividades comerciais e portuárias.
Listel (onde está escrito o lema): a cor correta seria a
vermelha, da cor do escudo.
Escudo (parte central): o atual formato de bico denota
que o Município foi colonizado por franceses. O certo é que ele seja redondo, que remete aos portugueses.
Banda Auriverde (faixa no centro do globo): sua
inclinação precisa ter 45 graus, como se estivesse no peito de uma autoridade.
Ramos de cafeeiro, caduceu e esfera armilar: permanecem
iguais, mas as linhas do desenho precisam ser melhoradas.
Significados dos símbolos
Escudo português: era usado em Portugal na época do
Descobrimento e evoca os desbravadores do País, além de representar a base da cultura brasileira.
Cor vermelha: tem sentido de audácia, nobreza, valentia,
vitória e generosidade.
Esfera Armilar: simboliza a ciência e a navegação.
Figurou na bandeira pessoal de D. Manuel I, o Venturoso. Os antigos navegantes usavam a esfera para cálculos astronômicos. Já foi usado em moedas e
medalhas brasileiras, assim como nos uniformes de militares.
Caduceu: segundo a mitologia clássica, era a vara que
Apolo deu a Mercúrio e virou símbolo do comércio. As serpentes que se enroscam nele simbolizam a prudência.
Banda Auriverde: fita que adorna o peito das autoridades.
Foi adotada em memória ao patriarca da Independência, José Bonifácio.
Coroa Mural: simboliza a força, a resistência e a
emancipação. As portas abertas representam a hospitalidade do povo santista.
Ramos de cafeeiro: mostram que o café foi a base de seu
comércio e riqueza.
Listel: Patriam charitatem et libertatem docui
significa "À pátria ensinei a caridade e a liberdade", numa referência à fundação da Santa Casa, a primeira do Brasil.
Saiba mais
O símbolo municipal foi criado pelo pintor Benedicto Calixto, em 1920. O artista teve
de seguir as especificações que constam na lei que criou o brasão, promulgada em setembro daquele ano pelo então prefeito Joaquim Montenegro.
Calixto também se inspirou no brasão antigo da Cidade, criado em 1888. A bandeira municipal foi criada em 1957 pelo prefeito Sílvio Fernandes Lopes.
Memória
Há quase 40 anos que o Brasão de Santos é questionado por historiadores. Matéria
publicada em A Tribuna em novembro de 2000 resgata um estudo realizado pelo extinto Instituto Heráldico e Genealógico Brasileiro, entregue à
Prefeitura em 1965. A pesquisa analisou todos os brasões do País. O assunto também já havia sido debatido na Câmara anteriormente. Em 1980, o
vereador Kosei Iha apresentou projeto de lei para alterar o símbolo e, conseqüentemente, a bandeira municipal, mas sem sucesso. |