HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
COLISEU
Coliseu: teatro, cinema e elefante branco (4)
Demoradas obras de restauração: mais de uma década
Enquanto prosseguiam as obras de restauração do
Cine-Teatro Coliseu, a Cidade discutia os usos futuros dessa casa de espetáculos. Em 12 de fevereiro de 2004, o jornal A
Tribuna publicou na seção Tribuna do Leitor carta de Ana Maria Fonseca Cid, contestando informações relacionadas à acústica do Coliseu,
nestes termos:
"Realidade do Coliseu - Quero esclarecer que diante da reportagem publicada
dia 26 de janeiro, onde em certo trecho se lê 'Embora muita gente não saiba, a acústica do Coliseu não é perfeita e, para que fosse, seria preciso
fazer intervenções, o que contraria a lei de tombamento. As peças teatrais, justamente por isso, no meu entender, devem ser somente no Teatro
Municipal, que terá, inclusive, sua agenda desafogada', me deixou intrigada (espantada).
"Esta contraria uma outra reportagem mais antiga, publicada no DO de Santos, sob o título Os anos
dourados do Teatro Coliseu, de 23 de agosto de 1989, que em certo trecho diz: 'A platéia, de seus 2.300 lugares -
entre poltronas, camarotes, frisas e balcões - tinha uma visão total do palco. Também a acústica era considerada perfeita e o vão entre
platéia e palco podia acomodar 100 músicos'.
"Eu, como neta do engenheiro projetista da obra, João Bérnils, consciente do cuidado
que este teve, pois até minha tia, que estudava canto lírico na época, o acompanhava para que, em lugares estratégicos do palco, soltando a sua voz
pudesse ele sentir a vibração, a sonoridade e proceder às correções que deveriam fazer para que toda a platéia, estivesse onde estivesse, pudesse
gozar de plena e total perfeição sonora.
"Consciente também de que muitas pessoas na época ficaram encantadas com a acústica do
Coliseu que até reportagem sobre esta foi feita e elogiada, peço uma explicação, um esclarecimento. - Ana Maria Fonseca Cid."
N. da R. - A afirmação sobre a acústica não foi feita pela reportagem, mas pelo
secretário municipal de Cultura, Carlos Pinto." |
Em 26 de agosto de 2006, ante novas críticas à acústica do teatro, a mesma neta do construtor voltou a escrever
para a seção Tribuna do Leitor do jornal A Tribuna, agora revelando uma característica incomum do teatro, que não foi preservada:
"Concordo com o que escreveu Carlos Alberto Lourenço Adrião, em carta publicada em 21
de agosto. A resposta veio em seguida através do secretário de Cultura Carlos Pinto: 'Para resolver a falha acústica,
seria preciso modificar a arquitetura original do teatro'.
"É de partir o coração, pois como neta de João Bérnils (projetista deste) me vejo na
obrigação de rebater esta com uma entrevista feita pela repórter Nísia Andrade e publicada sob o título: A elegância, o veludo e o truque...
As entrevistadas eram duas senhoras saudosas dos tempos áureos do Coliseu, sra. Nice de Aguiar e a nossa saudosa jornalista
Lydia Federici.
"Ambas, após descreverem sobre suas lembranças e emoções, finalizaram a entrevista
assim: 'Uma lembrança que permanece intacta na memória de Nice são as cortinas de veludo grená, uma tonalidade escura
do vermelho, que dominava todo o interior do teatro. A acústica era fantástica, graças a um truque que poucos conheciam: um tanque de água embaixo
do palco, que fazia a sonoridade ser uma das melhores de todos os teatros do País'.
"Creio que se a arquitetura original da acústica tivesse sido preservada tal problema
não existiria. Mesmo assim, faço votos e torço para que tudo possa ser resolvido para o bem de todos os santistas que trabalham lutam para a
preservação de nossa cultura. - Ana Maria Fonseca Cid." |
Em 7 de agosto de 2004, o Diário Oficial de Santos registrou:
Recuperação das características originais do teatro garante a preservação do
importante patrimônio histórico e cultural da Cidade
Foto: José Herrera, publicada com a matéria
Restauração do Coliseu está praticamente pronta
Restauração garante preservação das características originais do Coliseu. Imóvel
é importante patrimônio histórico e cultural
O serviço de recuperação das características originais
do Teatro Coliseu está praticamente concluído. Internamente, paredes e teto das várias dependências do imóvel, que foi inaugurado em 1909 e ampliado
15 anos mais tarde, apresentam afrescos que retratam com perfeição uma era glamorosa do século passado. No teto principal da platéia, a pintura
pictórica foi refeita detalhadamente e restam apenas alguns acabamentos que serão efetuados após a instalação de todos os equipamentos de
iluminação. O local já encanta por sua beleza natural, muito embora ainda faltem algumas intervenções nos camarotes.
Com cerca de 75% dos serviços de revitalização do Teatro Coliseu já concluídos, os
operários dividem-se em várias frentes de trabalho. Todo o sistema de ar condicionado está praticamente instalado, restando apenas o do palco
principal. Nesse setor, está sendo concluída a estrutura metálica que receberá todos os equipamentos cenográficos e o palco móvel.
Bilheteria - O saguão principal está pronto e os funcionários da Construtora
Akyo - empresa vencedora da concorrência pública - realizam agora a instalação de vidros no setor de bilheteria. No foyer, o piso em madeira
recebeu o verniz e está protegido por uma camada plástica. No andar superior, com o término da instalação metálica do restaurante, será iniciada
agora a instalação do piso. As obras civis do prédio anexo também foram concluídas e os vários pavimentos recebem serviços de acabamento, instalação
de rede elétrica e hidráulica, pintura e limpeza.
Já os camarotes estão pintados e com a rede e energia elétrica instalada. As poltronas
foram recuperadas e, logo após a conclusão da revitalização do piso em madeira, serão instaladas. Os corrimãos e guarda-corpos serão protegidos para
evitar danos na pintura. Todo o processo de revitalização do Teatro Coliseu conta com o apoio do governo do Estado, através de recursos liberados
pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade), da iniciativa privada e também da Prefeitura.
Vista interna dá idéia da beleza e suntuosidade do teatro
Foto: José Herrera, publicada com a matéria
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