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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Igrejas
Catedral: história e histórias (7)

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Este extenso trabalho sobre a Catedral de Santos foi organizado durante alguns anos pelo pesquisador de História e professor Francisco Carballa - muitas vezes narrando histórias em primeira pessoa por ter vivido naquela área -, e que em julho de 2017 enviou o material para divulgação por Novo Milênio:
 

NOTAS DE RODAPÉ

[01] – É comum que as fachadas, paredes, torres ou estruturas de igrejas coloniais tenham sido reaproveitadas e melhoradas sempre, principalmente a partir de 1745 quando surge a diocese de São Paulo, criada pelo papa Bento XIV através da bula Candor Lucis Aeternae, sendo nomeado como primeiro bispo dom Bernardo Rodrigues Nogueira. Nesse momento, aparecem as oficializações das irmandades e a construção ou reconstrução de muitas igrejas por toda a Capitania, entre elas a velha Matriz de Santos com data de consagração em 1 de junho de 1754, ou seja, apenas 9 anos depois da criação da nova diocese paulista. Reparemos que a tumba e a pedra tumular que cobria o local do sepultamento de Braz Cubas desde 1592, lá estivera até o fim, o que apoia ser o mesmo templo apenas aumentado e melhorado para a época.

[02] – O galo tem o significado 1º de sempre estarmos vigilantes como o animal o é o anunciar o novo dia, 2º recordar que mesmo sendo fiel ao dono será morto por ele no caso o homem por Deus, e 3º sendo animal esperto e vigilante, é fraco e qualquer golpe o mata, assim como os humanos.

[03] – A cruz da cúpula foi benta em 1917 pelo certo, pois em fotos de 1927 ela já existe como a conhecemos hoje em dia e assim seria a data mais correta, a menos que tenha havido algum reparo na mesma.

[04] – Revolução envolvendo São Paulo que começou em 9 de julho de 1932 e terminou em 2 de outubro daquele ano, até hoje entre tantas controvérsias em uma delas se afirma que seriam os cafeicultores querendo voltar à presidência do Brasil. Muito pouco divulgado em detalhes atualmente, esse acontecimento incluiu onde até bombardeios na grande São Paulo e várias batalhas em cidades do Vale do Paraíba, causando prejuízos como em Cruzeiro onde o gado da fazenda da família do Senhor Abraão Gonçalves Campos foi pilhado pelo exercito e os seus proprietários ficaram no prejuízo, mas com a propriedade intocada, assim o dizia sua esposa Dona Hermelinda das Neves, a Dona Neném (falecida em 1999). que lá fora passar a lua de mel.

[05] – Jornal A Tribuna de Santos, edições dos dias 3, 4 e 5 de outubro.

[06] – A história de sabotagem quase toma sentido quando - pesquisando sobre o fornecimento de gás encanado - descobrimos que ocorreu realmente a explosão de 1967 em Santos, 1968 ocorreram ameaças em São Paulo e Rio de Janeiro que foram coibidas.

[07] – No Antigo Testamento, no livro de Isaias cap. 6 vers. 1/9, temos uma descrição dos Serafins ou anjos com três pares de asas, recordando que na hierarquia angelical temos os Querubins com dois pares de asas e os Anjos com um par de asas, sendo os Arcanjos os líderes, acima de todos os demais.

[08] – Jornal A Tribuna em 1927, vemos até o valor requerido para custear o altar e quanto haviam angariado até então.

[09] – O lampadário ou “lauda perene” tem por finalidade ser uma lâmpada votiva iluminando o sacrário dia e noite como ocorria com o templo de Jerusalém diante do Santo dos Santos. O lampadário santista era de bom porte e todo em prata, o que deixa bem claro uma "encomenda" por parte de colecionadores. Foram furtadas as coroas de Nossa Senhora do Amparo e do Menino Jesus e até um cálice de prata na época.

[10] – Segundo Frei Rafael M.Marinho O.C. (falecido em 1998) tocar em um sino após o mesmo ter sido tangido ou badalado causaria a trinca do mesmo devido a vibração do metal nesse instante. Pelo sim e pelo não - e por causa do respeito ao frade - eu nunca toquei em um sino nesses momentos.

[11] – A devoção de Nossa Senhora da Graça ficou restrita aos carmelitas, sendo sua capela demolida em 2 de dezembro de 1903; ocorreu na menção dos andores um equivoco quanto aos títulos dos Santos e seus andores, assim como o horário da procissão do Santíssimo no dia seguinte. Vemos até hoje a imagem da Virgem do Amparo no braço esquerdo da cruz latina da igreja onde está seu altar e não outra devoção mariana, o que sabemos que até então havia o titulo de Nossa Senhora das Mercês com altar na velha Matriz do qual vi a foto sendo uma imagem de roca ou de vestir, mas não ocorreu a sua transferência para a Igreja do Rosário dos Pretos e nem para a nova Matriz.

[12] – Essa imagem que está no altar. no braço direito da cruz latina da igreja onde está seu altar, parece ser de gesso, tem certo trabalho de artista como era comum nessas imagens de igreja onde eram feitas intervenções e colocação de adereços, dando um porte delicado e bonito na imagem e não feitas em série como existem hoje em dia.

[13] – Essa espada em prata. possivelmente de origem portuguesa colonial, possui uma grande ametista que faz par com a que está no resplendor, pelo menos estavam até alguns anos atrás, quendo uma delas desapareceu.

[14] – Conforme afirmo, vi no ano de 1981 em um álbum que havia no Instituto Histórico e Geográfico de Santos de 1900 onde toda a cidade foi fotografada, as suas igrejas por dentro e por fora, as ruas e demais logradouros, assim vi a velha Matriz que se assemelhava ao retábulo do Convento do Carmo e os dois altares laterais que eram rentes à parede de frente para a nave e ali estava com suas roupas brancas Nossa Senhora das Mercês do lado direito no nicho central do altar, pois se via ali a Santa segurando as algemas e flores, acredito que a teriam mudado de lugar, pois existe a menção dessas devoções no livro Santos Noutros Tempos (pag. 212 da edição de 1953. O autor Costa e Silva Sobrinho) a localiza em um altar de frente pra capela de Nossa Senhora do Amparo que estaria justamente naquele lado e local. O historiador nascido em 1892 teria 14 anos quando começou a demolição da Matriz, assim ele a deve ter conhecido e com idade pra se recordar muito bem.

[15] – Cantando em até 7 vezes pelo caminho e sendo anunciada pelo toque da matraca, a personagem canta: "Ó vós homens que transitais pelos caminhos, vinde e vede se existe dor semelhante a minha dor!" Entoando em latim ou português, ela mostra o tecido que desenrola lentamente com o rosto de cristo geralmente pintado como um retrato e em outros casos mais realistas apenas na cor de sangue como seria o correto. Em seguida, suas companheiras, as Marias Réus, cantavam: "Ó réus, ó réus" repetindo várias vezes em tom de falsete, sendo uma acusação aos humanos que seriam julgados.

[16] – Falando sobre o tema várias vezes com o professor Waldemar (falecido em 11 de julho de 2017), ele deu dois depoimentos deles nesta forma aqui documentada: "Eu lembro disso, lembro da gente ter ido tocar os sinos, agora depois eu fui lá pro ginásio que a missa foi no Ginásio do Santista e de lá houve a coroação, ai a gente veio de volta para a Catedral. Lembro de ajudar a colocar a coroa na Virgem logo após a Missa Campal no Ginásio do Colégio Santista (Maristas). E lembro bem, foi em 1988 o encerramento do ano mariano, a procissão saiu, a gente que conseguiu restaurar a parte que faltava da coroa dela, lembra? Você (eu) colocou inclusive os dois brinquinhos pingentes de brilhantes né, a gente montou também um rosário mesmo de cristal, ela estava com um terço, você ajudou, lembra, a gente limpou, foi muito bom, deu uma volta grande né, foi uma procissão que foi até lá perto da Seara e depois voltou, foi muito bom foi muito bonito, depois o bispo coroou a imagem teve uma missa campal (na verdade foi cerimônia) se não me engano, em frente à catedral foi numa tarde de domingo".

[17] – ADORAR é quando a pessoa se prostra com o rosto encostando o chão e se submete a uma divindade qualquer, VENERAR é quando a pessoa se prostra de joelhos e reconhece respeito por algo ou alguém.

[18] – Profecia da espada transpassando o Coração de Nossa Senhora com o título das Dores tem sua origem na profecia citada no Evangelho de S. Lucas cap. 2 vers. 34/35.

[19] – Já falecido há algum tempo, foi o responsável pela restauração do Convento da Ordem 1ª do Carmo e alguns itens na Venerável Ordem 3ª do Carmo entre o final dos anos 1970 e início dos anos 80, restaurando imagens como São Paulo Apóstolo que veio da Igreja do Sagrado Coração de Jesus para a paróquia onde é orago e várias outras restaurações por toda cidade.

[20] – A chamada Missa dos Lavapés se refere à ao primeiro dia do Tríduo Pascal quando se rememora ultima ceia e a despedida de Jesus Cristo dos seus discípulos antes da crucifixão. O pároco - no nosso caso o bispo - lava simbolicamente os pés de 12 moços imitando o ato de Jesus Cristo na Quinta-feira Santa, assim essa missa é realizada com muita pompa. Depois, o Santíssimo Sacramento é levado solenemente até o sacrário onde permanecerá guardado até a distribuição das partículas consagradas no dia seguinte. O segundo dia do Tríduo Pascal recorda a condenação e morte de Jesus na cruz; após a cerimônia das 15h00 que faz recordação desse acontecimento com a famosa procissão do Senhor Morto ou o Santo Enterro. No terceiro dia do Tríduo Pascal ocorre a celebração da ressurreição no sábado de Aleluia, onde Jesus haveria ressuscitado às 18h00 na concepção antiga da mudança de dia e na concepção dos europeus às 24h00, assim se abençoa o círio Pascal e se proclama que Jesus ressuscitou sendo a festa do Domingo de Páscoa.

[21] – Esse senhor conhecido como Tabajara era pai-de-santo ou sacerdote, ligado ao culto de umbanda. Morava na Rua São Francisco e alugava a parte dos fundos do seu porão que era dividido ao meio, a edícula dos fundos e alguns quartos de sua casa para pessoas ligadas a essa religião. No nº 256, era vizinho da antiga padaria Estrela no nº 254. Morávamos no nº 250/Altos e ouvíamos as músicas que começavam com o culto as 19h00’ e às vezes continuavam até as 01h00 da manhã sem haver reclamações dos vizinhos que respeitavam tudo, apenas as beatas do nº 258 é que não gostavam muito.

Uma vez, colhendo goiabas e carambolas e em outras épocas frutas-do-conde, que passamos pelo muro dos fundos da Padaria Estrela vimos as mulheres tomando banho de sangue de galinha que era decapitada, desnudas naquele ritual estavam pisando uns panos brancos em uma grande bacia ao que saímos o mais rápido do lugar, com os gritos delas, que nos viram.

Essa casa era alvo da criançada no dia 27 de setembro quando se distribuíam doces para todas as crianças sem distinções ou preconceitos. Rivalizando com a casa das beatas que mantinha o Sagrado Coração de Jesus com uma lâmpada vermelha, o senhor Tabajára colocou um chifre de boi, um vaso enorme com lanças e espadas-de-São-Jorge e pés de comigo-ninguém-pode, além de uma imagem do seu Zé Pilintra e de uma Pomba Gira igualmente iluminados por uma lâmpada vermelha. Havia certa pendenga entre os moradores das duas casas, por motivos óbvios.

BIBLIOGRAFIA

Hemeroteca do Jornal A Tribuna.

Hemeroteca Municipal - Jornal Cidade de Santos.

Novo Milênio

Pesquisas de campo.

Relatos de cristãos antigos.

Santos Noutros Tempos 1953.

Meu tempo vivido na Catedral.

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