Página 8 (última) da edição de 12 de julho de 1932 do jornal Folha da Manhã, da capital
paulista
A situação em Santos
Joaquim Pessoa, irmão do presidente João Pessoa, ao lado dos paulistas - A
ação do forte Itaipús - As forças disponíveis na vizinha cidade - Um manifesto do Partido Democrático ao povo santista
As forças disponíveis em Santos
Em autos-caminhões seguiu anteontem para Santos um pelotão de Infantaria do Exército, sob o
comando do sr. capitão Gama.
Esse pelotão foi reforçar a guarnição do Exército que ali se encontra e foi estacionar no quartel
do destacamento da Força Pública, à Rua S. Leopoldo, onde também se acha aquartelada a companhia de metralhadoras do 6º R. I.
Além da guarnição do Forte de Itaipu, da companhia de metralhadoras do 6º R. I. e de 450 homens do
destacamento da Força Pública, estão concentrados em Santos, para qualquer eventualidade, 400 homens da Legião Cívica Santista, aquartelados na
Imigração, e 200 homens da nossa milícia, no Corpo Municipal de Bombeiros.
Para transporte rápido dessas forças, tal se torne necessário, dispõe o comandante militar de 8
caminhões e 30 automóveis, todos com os respectivos choferes.
O ex-delegado regional de Santos fala sobre o movimento
Na repartição central de polícia santista, o sr. dr. Aguinaldo de Góes, que exercia o cargo de
delegado regional quando vencedor o movimento revolucionário de outubro de 1930, não arredou pé desde as 23 horas de anteontem, não ser por motivo
de qualquer providência de ordem pública, que não lhe compete, mas como simples membro da Legião Cívica de Santos.
Interrogado sobre qual sua previsão nos resultados do movimento irrompido, respondeu o dr.
Aguinaldo de Góes ter plena fé na sua absoluta vitória e sem a dura necessidade de dar-se um só disparo.
O convite do E. M. Revolucionário para a adesão do Forte de Itaipu
S. Paulo, 10 de julho - 17 horas - Comandante Itaipu - Resposta vosso pedido informações. São
Paulo completa ordem. Força Pública, Federal e população inteiramente solidárias, movimento revolucionário constitucionalização do país. Guarnição
Mato Grosso conosco, corpos Minas também. Pedimos urgente transmitir resto vossa guarnição. Aguardamos confiantes vosso apoio nossa causa que é
nacional. Tropa federal Rio recusa-se partir contra nós. P. C. capitão Menna Barreto, sub-chefe E. M.
Tiro Naval de Santos
No seu quartel está acantonada a Legião Cívica Santista, filiada à Legião Cívica Paulista e
composta por pessoas de destaque nas classes conservadoras e no alto comércio daquela cidade.
Para três mil homens em Santos
O Q. G. providenciou a remessa de ração para três mil soldados estacionados m Santos, ração que é
para oito dias.
O Partido Democrático de Santos ao povo
BRASILEIROS!
O Brasil não pode permitir ou tolerar a traição aos ideais que inspiraram a grande revolução de 3
de outubro de 1930!
Naquela data a Nação se levantou para reivindicar o direito de ser livre, e de se constituir em
normas democráticas. A revolução foi deflagrada como meio de se implantar o império do povo, não como sistema de governo. Entretanto, heróis daquele
magnífico evento cívico, na vertigem do poder, esqueceram os compromissos sagrados selados com a Nação, e querem fazer-se exclusivos diretores dos
destinos da Revolução e do Brasil.
O povo que fez a epopéia da Independência, que em 89 esposou os princípios liberais da República,
que incentivou, com seu aplauso, a pregação cívica do PARTIDO DEMOCRÁTICO, que se integrou conscientemente na magnífica campanha da ALIANÇA LIBERAL,
não permitirá o predomínio dos escravagistas do ideal, dos fascistas crioulos, do outubrismo empenhado em prolongar indefinidamente a ditadura para
garrotear a liberdade e negar ao país o direito à Constituição!
O movimento liderado por São Paulo é de reivindicação da liberdade. É preciso garantir, antes de
tudo, a federação, com a autonomia dos Estados, e a ordem constitucional, porque fora da Constituição aquela não existe.
O País está diante deste dilema - Constituição ou morte!
E o Brasil não pode morrer, fragmentando-se ou amenizando-se na desordem que a ditadura instituiu
como processo de governo.
O PARTIDO DEMOCRÁTICO DE SANTOS está integrado neste movimento reivindicador.
Pelo seu diretório convoca todos os cidadãos para o bom combate, estando
sua sede, à Rua Martim Afonso n. 9, aberta para inscrição dos que quiserem bater-se pela liberdade do Brasil!
O Diretório.
Administração dos serviços aduaneiros pelo Estado
SANTOS, 11 (H.) - Esteve hoje nesta cidade o dr. Paulo de Moraes Barros, secretário da Fazenda do
governo paulista, que, de acordo com o sr. Joaquim Pessoa, inspetor da Alfândega, determinou passassem os serviços da aduana local a ser
administrados pelo Estado.
A arrecadação será doravante depositada na Recebedoria de Rendas do Estado, com escrita
especialmente organizada para exemplificar a respectiva prestação de contas à União, em tempo oportuno.
Os direitos de importação serão pagos somente em papel, sendo a pauta ouro calculada na base do
ágio que vigorou até sábado último.
O sr. Paulo de Moraes Barros esteve também no Banco do Brasil, onde, com a devida ressalva da
gerência, fez transferir o saldo da agência para a Repartição do Tesouro do Estado.
Como o Partido Republicano Paulista se dirige ao povo de Santos
A alvorada magnífica de 23 de maio abriu-se, finalmente, nas claridades do dia de ontem, para a
jornada da definitiva redenção de São Paulo!
Soou, assim, a hora suprema para os nossos destinos e entre a continuação do cativeiro e a
liberdade, não há que hesitar.
Cada Paulista e cada Brasileiro aqui radicado, pelo afeto que decorre da nossa fraternal
hospitalidade, deve e há de ser um legionário da grande causa.
Tréguas, pois, aos ressentimentos para a união bendita e sagrada de todos pela causa de S. Paulo.
Todos de pé, como um só homem, na exata compreensão da magnitude do momento: todos a postos na
trincheira da liberdade contra a opressão e da honra contra o opróbrio.
É o apelo veemente que vimos fazer aos nossos amigos e correligionários, e aos nossos concidadãos
em geral, em nome do Partido Republicano Paulista, guarda vigilante e fiel das nossas tradições bandeirantes, que agora de novo se acordam nesta
arrancada para a vitória e para a glória! Santos, 11 de julho de 1932. O Diretório: J. Carvalhal Filho, Alberto Cintra, Renato Pinho, J. M. Alfaya
Rodrigues e Adelson Nogueira Barreto.
Reprodução parcial da última página da edição de 12/7/1932 do jornal Folha da Manhã
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