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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS ANDRADAS - BIBLIOTECAClique na imagem para ir à página principal desta série
Sete de Setembro (4)

A história do Patriarca da Independência e sua família

Esta é a transcrição da obra Os Andradas, publicada em 1922 por Alberto Sousa (Typographia Piratininga, São Paulo/SP) - acervo do historiador Waldir Rueda -, volume II, com ortografia atualizada (páginas 487 a 505): 
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SEGUNDA PARTE - INDEPENDÊNCIA OU MORTE!

Capítulo I - Após o Fico (cont.)

[...]

A situação da Bahia. Lutas armadas

Enquanto ocorriam na Capital do Reino e nas províncias vizinhas os importantes fatos que acabamos de narrar, a agitação recrudescia para os lados do Norte. Na Bahia, que agora pagava mui caro o seu gesto insensato, repelindo a autoridade do regente, para jurar obediência a Lisboa, os ânimos estavam excitadíssimos.

Desde 2 de fevereiro tinha sido eleita a nova Junta Governativa, em conformidade com o decreto das Cortes, de 29 de setembro [1]; e para ela não entrou nem um dos membros da Junta precedente. A eleição recaiu nas seguintes pessoas: dr. Francisco Vicente Vianna (presidente), dr. Francisco Carneiro de Campos (secretário), Francisco Martins da Costa Guimarães, capitão-mor Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, tenente-coronel Manuel Ignácio da cunha e Menezes, bacharel José Cardoso Pereira de Mello e desembargador António da Silva Telles, ouvidor da Comarca de Ilhéus (vogais).

No mesmo dia de sua definitiva constituição - 2 de fevereiro - confirmou ela no posto de governador das Armas o brigadeiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães, que o vinha exercendo desde o tempo da primeira Junta [2].

No dia imediato, oficiou a d. Pedro, protestando fidelidade e adesão ao Congresso, à Constituição, ao Rei "e mui positivamente a Sua Alteza Real, como seu mais florente ramo, a esperança e o firme apoio do trono constitucional" [3].

Com a confirmação de Freitas Guimarães ficaram indignados os portugueses, e justamente exultantes os brasileiros, pois, como comandante da Artilharia, tinha desempenhado nobre papel durante os sucessos do ano anterior, quando se proclamara o regime constitucional e se elegera a primeira Junta Provisória. Nasceram daí atritos, desconfianças e prevenções que explodiram afinal numa luta fratricida de lamentáveis conseqüências.

Era comandante do Batalhão de Infantaria 12 [4], composto exclusivamente de soldados lusos, o coronel Ignácio Luís Madeira de Mello, que se batera com bravura nas campanhas de 1808 a 1814, de Portugal contra a França, merecendo elogios de seus superiores e promoções a postos mais elevados. A Junta Provisional de Lisboa o elevara a brigadeiro, após a revolução de 1820; e na Bahia tornou-se ele o chefe prestigioso do elemento reinol.

Segundo o testemunho de VASCONCELLOS DE DRUMMOND, que o conheceu intimamente e o estimava, Madeira "não tinha instrução alguma, salvo a prática do seu ofício. Era um soldado obediente e fiel ao seu juramento, e não conhecia mais do que isso. Nem o seu discernimento chegava para conhecer onde cessa a obediência e desobriga o juramento" [5].

A sua não escolha para o Comando das Armas causara fundo desgosto e irritação no seio da oficialidade portuguesa, que manifestava seus sentimentos a tal respeito sem reserva alguma. É justamente nessa ocasião que fundeia no porto, a 11 de fevereiro, o navio Danúbio, procedente de Lisboa, trazendo a notícia da nomeação de Madeira para o referido cargo, por decreto de 9 de dezembro; e quatro dias depois, pelo navio-correio Leopoldina, chega a carta régia respectiva [6].

A Junta, à qual apressou-se ele a apresentar seu título, não lhe fez a menor objeção, composta como estava, em sua maioria, de homens probos e bons, mas timoratos e medrosos até a covardia, como assinala DRUMMOND em várias passagns de suas anotações autobiográficas. O seu presidente Francisco Vianna "tremia de tudo, e o secretário Carneiro de Campos não lhe ficava atrás".

Só José Cardoso Pereira de Mello - que VARNHAGEN nos apresenta como bacharel [7]., DRUMMOND como padre [8] e BERNARDINO DE SOUSA hesita em afirmar se era bacharel ou cônego [9] mas devia ser eclesiástico, porque o dedicado emissário político dos cariocas o conheceu pessoalmente - só esse era provido de ânimo forte e intrépido caráter.

No dia 16, mandou o nomeado, à Câmara Municipal, o seu título para ser devidamente registrado, de acordo com as disposições do regimento de 1º de junho de 1768, em seu primeiro parágrafo. A Câmara não reuniu nesse dia, pelo que o respectivo escrivão não fez o solicitado registro. Madeira, na curteza de sua inteligência, vislumbrou nesse fato involuntário uma esquivança propositada e deliberou sondar o espírito dos comandantes dos diversos corpos de 1ª e 2ª linhas, convocando sem demora um Conselho Militar.

Já por esse tempo a opinião pública achava-se dividida em dois campos antagônicos, em cada um dos quais reinava a mais perigosa agitação. A tropa brasileira, composta do 1º Regimento de Infantaria, do de Artilharia e da Legião de Caçadores, colocou-se ostensivamente ao lado do governador nomeado pela Junta; e a guarnição portuguesa, a que se juntaram em grande parte a oficialidade e soldados do Esquadrão de Cavalaria Nacional, pronunciou-se em favor de Madeira.

De 16 até 18 todas as forças, de um e outro lado, estiveram de prontidão nos quartéis, enquanto a  Junta tentava solucionar pacificamente o grave problema. Convocada a Câmara, por iniciativa da Junta, para reunir-se em vereança a 18, constatou que a carta régia, além de apresentar várias outras irregularidades, não tinha sido registrada na Contadoria Geral da Corte, nem referendada pelo ministro competente, como dispunha taxativamente o Regimento dos Governadores das Armas [10].

Negou-lhe, por isso, registro, e não deu posse a Madeira. Em seguida a essa deliberação, houve uma reunião conjunta da mesma Câmara, da Junta, das Corporações de Justiça, Fazenda e Marinha e das personalidades mais importantes e prestigiosas do meio - a fim de se procurar para o caso uma solução conciliatória, a qual, depois de longos e calorosos debates, foi finalmente achada: instituiu-se uma Junta Militar, composta de 7 membros, para assumir o comando interino das Armas, até que de Lisboa, para quem se ia apelar, chegasse uma decisão definitiva. Dela fariam parte, como presidente, o brigadeiro Madeira, que escolheria mais dois membros: o brigadeiro Manuel Pedro, que escolheria outros dois, e um sétimo que seria designado pela sorte [11].

Madeira, que fora convidado para comparecer e se achava presente, protestou contra a solução adotada. Era ele o governador nomeado pelo poder legal: o outro não passava de um funcionário investido revolucionariamente de seu posto em circunstâncias anormais. Declarou mais que, se a ordem constitucional periclitasse, não hesitaria em restabelecê-la, assumindo o comando, cuja posse e exercício ora se lhe negavam [12], e que não se submetia ao vencido sem o consentimento da oficialidade portuguesa que ia consultar [13].

A agitada sessão terminou às 4 e 1/2 da madrugada de 19, retirando-se Madeira do Palácio do Governo cerca das 5 horas e dirigindo-se imediatamente para os quartéis dos diferentes Corpos.

Os membros da Junta continuavam em palácio, discreteando a respeito da grave situação, quando, pelas 6 horas, apareceu-lhes o capitão de engenheiros José Feliciano da Silva Costa, para comunicar-lhes que entre as avançadas das tropas rivais já se tinham trocado os primeiros tiros e que o general Madeira mandava dizer-lhes que não se responsabilizava pelas conseqüências da luta, que logo se generalizou.

Superiores em número e em armas, as tropas lusas bateram as brasileiras, no Rosário e no Campo da Pólvora, tomaram os quartéis do 1º e do 2º Regimentos de LInha e aprisionaram parte dos soldados, fugindo outra parte. Manuel Pedro de Freitas Guimarães, acompanhado de um pugilo de bravos, recolheu-se ao Forte de S. Pedro, tentando aí a organização da resistência. À tarde foi, porém, intimado, pelo comandante das forças portuguesas, a render-se, respondendo altivamente por uma negativa cabal. Pela manhã seguinte, mandou Madeira bombardear o forte, comandando o ataque o referido capitão de engenheiros José Feliciano.

Depois de uma longa, desesperada e inútil resistência, Manuel Pedro, tendo feito previamente seus corajosos soldados evacuarem a praça do lado do baluarte marítimo, na noite de 21, segundo quer o VISCONDE DE CAIRU [14], ou na manhã desse dia, conforme em seu bem documentado opúsculo assevera o professor BERNARDINO DE SOUSA [15], mandou abrir os portões às forças assaltantes, que o prenderam e mais a três oficiais e alguns cadetes fiéis que o não quiseram desamparar naquela angustiosa conjuntura.

Os brasileiros perderam, nos vários combates havidos da manhã de 19 à tarde do dia seguinte, aproximadamente 400 homens e os portugueses 30 [16]. Durante essas amargas horas de tremendas lutas, a tropa lusitana, que a cada passo e rapidamente ganhava terreno sobre seus adversários, entregou-se, como infelizmente é usual por parte da delirante soldadesca nos momentos de triunfo, à prática dos mais horríveis atentados à honra, à propriedade e à vida da população de São Salvador.

Superiora Joanna Angélica de Jesus

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Assalto ao Convento da Lapa. Assassinato da superiora. Debate a respeito. História do Convento da Lapa. Sóror Joanna Angélica

O maior desses atentados, pela sua inaudita monstruosidade, foi o assalto e violação do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, da Ordem das Irmãs Franciscanas, filiadas ao ramo concepcionista [17]. A pretexto de que, nas horas de combate, do interior do tranqüilo e sagrado refúgio, tinham partido tiros contra a força, esta, arrombando o portão lateral que dá acesso para o pátio onde se abre a porta da clausura, penetrou tumultuariamente nele.

Aos gritos da soldadesca desenfreada e aos golpes sucessivos com que pretendem arrombar a porta, surge de improviso diante deles, a veneranda madre abadessa, Joanna Angélica de Jesus, que vinha em defesa da inviolabilidade daquele asilo, tentando, por meio de exortações suasórias, convencer os assaltantes de que deviam deixar em paz as virgens consagradas ao Senhor, as quais, longe dos tumultos e agitações do mundo externo, lá dentro imploravam a Deus pelos que contra Ele pecavam todos os dias, desrespeitando seus Mandamentos em triste holocausto às ambições desvairadas e às glórias mundanais perecedouras.

Embalde falou com untuosa eloqüência a superiora da Congregação: avançaram alguns soldados para ela, tocaram-lhe o hábito com as mãos indignas, como que o profanando. Sóror Angélica repele-os, invectiva-os com indignação, cobre-os de anátemas e, aos gritos ferozes de Mata! Mata! Avança! - tomba trespassada mortalmente por uma baioneta, à porta da clausura que santamente guardava com todas as energias espirituais de seu grande coração voltado a Deus. Corre para acudi-la o capelão Daniel Nunes da Silva Lisboa, que, recebido brutalmente a coice d'armas pela soldadesca indisciplinada e urrante, cai por terra, como se estivera morto, e como tal o julgam os infames agressores [18].

Que era falso o pretexto invocado pela tropa - para invadir o convento e desrespeitar as pobres freiras que lá viviam entregues e devotadas exemplarmente ao seu culto -, é o que se evidencia dos documentos que se conhecem a respeito. Se, de fato, a superiora, violando as regras da Congregação, tivesse permitido que soldados brasileiros penetrassem naquela casa e de lá atirassem contra seus camaradas portugueses - o general Madeira não teria deixado de constatar esse importantíssimo pormenor no relatório minucioso que dos acontecimentos escreveu e mandou às Cortes de Lisboa.

Os soldados brasileiros não teriam, por certo, consentido que Sóror Angélica fosse assassinada, espancado o capelão Daniel e expostas à fúria dos invasores as indefesas irmãs que o terror trazia suspensas. Teriam eles travado honrosamente luta encarniçada contra aquela horda sinistra. Vencedores ou vencidos, mortos ou aprisionados, constariam fatalmente o seu feito e os seus nomes do relatório citado, como prova de que o ataque ao convento fora a conseqüência de uma provocação atrevida, que alucinara os militares.

Entretanto, Madeira limita-se a dizer, como se se tratara de um caso banal, que "no furor dos ataques não se podem evitar alguns acontecimentos, nem há ouvidos para a moderação: muitos dos soldados dos batalhões, e Cavalaria, desesperados mais do fogo, que das casas de muitos particulares se lhes fazia (até de um Convento de Freiras da Lapa), do que mesmo da tropa facciosa, arrombaram algumas daquelas, de que se seguiram alguns desastres".

O modo lacônico por que alude perfunctoriamente ao execrando atentado é demonstrativo de que razão alguma houvera que o justificasse. Efetivamente, se de dentro partiam tiros contra a força portuguesa, como é que, à hora da invasão, não se travou luta de parte a parte, nem lá se encontraram depois soldados ou armas quaisquer - pois que o relatório não diz uma só palavra a tal respeito?

Além disso, a Junta Governativa, apesar de fraca e inteiramente dominada e coagida pelas tropas de Madeira, determinou ao Juiz do Crime que instaurasse inquérito sobre o inqualificável atentado, e deste inquérito resultou a prova cabal de que não havia no interior do mosteiro um só soldado, terminando o magistrado por pronunciar grande número de oficiais superiores e amigos civis do governador das Armas como responsáveis pelos crimes de arrombamento e morte, mas o autoritário general não permitiu que fossem presos ou pronunciados, nem que o processo, a que respondiam, tivesse andamento [19].

Nem era possível acreditar-se que uma freira, que, por natural vocação religiosa, professara havia cerca de quarenta anos e, pela segunda vez, era honrada por escolha de suas irmãs para as altas funções de superiora - se esquecesse de seus deveres fundamentais e, violando as disposições básicas de sua Regra, admitisse a entrada de homens numa casa que lhes era expressamente interdita.

Da análise dos documentos aparecidos até hoje, e da exposição imparcial de todos os historiadores, salvo o português JOSÉ DE ARRIAGA [20], conclui-se que não se tinha refugiado no interior do convento nenhum soldado das tropas brasileiras nem agente algum do partido revolucionário e que daí tivessem atacado as forças lusitanas [21].

Achamos, por isso, bastante singular que esses mesmos imparciais historiadores, em quase sua totalidade, no-la apresentem à veneração da História como uma verdadeira heroína das lutas da Independência. Opondo-se com energia à invasão sacrílega da militança desabotinada, ela apenas defendia a castidade imácula de suas dignas Irmãs e os severos estatutos da sua ordem que vedavam imperativamente o ingresso de homens no convento.

Ela foi, portanto, a abnegada mártir da religião a que rendera seus votos desde a mocidade; mas não a intrépida heroína de uma causa política pela qual não trabalhara nunca. Foi uma vítima sacrificada durante as pugnas bélicas pela Independência: nelas, porém, não tomou parte alguma, direta ou indireta, que justifique a inclusão de seu nome, todavia glorioso, entre os dos grandes vultos que heroicamente se bateram, na tribuna profana ou no púlpito sagrado, nas colunas da imprensa ou nas linhas de combate, pela obra da redenção deste país.

Dominadas as forças brasileiras pelas do exército português, submeteu o general Madeira à sua autoridade arbitrária todas as corporações e funcionários de São Salvador. Ao brigadeiro Manuel Pedro, depois de cassar-lhe as patentes a que fora promovido revolucionariamente pela Junta, deportou-o, a bordo da galera São Gualter, para Lisboa, onde o encerraram no Castelo de São Julião, submetendo-o mais tarde a processo regular perante a justiça civil.

Cidade da Bahia

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Impressão causada no Rio

A notícia dos acontecimentos baianos chegou ao Rio, primeiramente, sob a forma vaga de boato, nos princípios do mês de março; e só quando partia para Minas o príncipe, é que chegaram todos os impressionantes pormenores ocorridos nos lutuosos dias de 19 a 21 daquele mês.

A população revoltou-se e comoveu-se ao mesmo tempo, aguardando o regresso de Sua Alteza para manifestar-lhe publicamente seus sentimentos de justa indignação. A 21 de maio mandou celebrar solenes obséquias, na Igreja de São Francisco de Paula, em homenagem aos heróis sacrificados à sanha feroz da legalidade portuguesa, nos combates de São Salvador. Às cerimônias, marcadas para as 8 horas da manhã, concorreu o que de mais seleto havia na sociedade carioca. D. Pedro e dona Leopoldina, trajando rigoroso luto, compareceram também. Pregou, orando com a sua habitual eloqüência, o padre-mestre frei Francisco de Sampaio, cujo sermão, impregnado da mais viva emoção pela causa da pátria humilhada e perseguida ecoou profundamente no coração da comovida e numerosa assistência. Três descargas dadas pelo Batalhão de Caçadores, sob o comando de d. Francisco de Sousa de Macedo, puseram termo à impressionante solenidade.

Entretanto, na velha província conflagrada, prosseguia sem intermitência o choque entre os dois elementos antagônicos. Em expressiva representação dirigida às Cortes, em data de 15 de abril, inúmeros habitantes declaravam-lhes francamente preferirem viver como província do Brasil unido, sob o governo do príncipe, em cujos bem conhecidos sentimentos constitucionais livremente se confiavam; e a Junta, no ofício de 27 do mesmo mês, que acompanhava a devassa a que mandara proceder sobre os crimes de fevereiro, confessava às referidas Cortes que, "afora uma facção só numerosa na classe mercantil da Cidade", a maioria da população queria prestar obediência ao regente.

A Bahia rende-se à obediência ao príncipe. O governo do Rio prepara-se para auxiliá-la

Ao mesmo tempo que assim falava para Lisboa, isto é, a 10 de maio seguinte [22], a Junta [23], a propósito de uma consulta feita, por solicitação dos deputados da Bahia em Cortes, às Câmaras Municipais, sobre a conveniência ou não de haver no Brasil uma delegação do Poder Executivo, dirigiu a José Bonifácio um ofício, no qual, além de enviar-lhe cópia da correspondência remetida ao governo da metrópole, manifestava-lhe seus desígnios, declarando-lhe textualmente: "Faz ela, entretanto, votos para que, qualquer que seja o resultado, concorra para estabelecer a desejada unidade deste reino, a fim de que, gravitando todas as províncias para um único centro de atração, tenda o mesmo reino com as mais partes da monarquia constitucional para o centro comum da confraternidade" [24].

Em vista desse categórico pronunciamento, resolveu José Bonifácio acudir sem demora, com a mais numerosa força que pudesse prontamente reunir, em defesa dos bravos patriotas baienses. Antes disso, porém, dirigiu d. Pedro uma carta ao general Madeira, referendada pelo ministro da Guerra, e datada de 15 de junho, ordenando-lhe que se embarcasse imediatamente para Portugal com a "tropa que tão impoliticamente dali foi mandada... quando não, ficareis responsável a Deus, a El-Rei, a mim, ao antigo e novo mundo, pelos deploráveis resultados e funestíssimas conseqüências de vossa desobediência".

Na mesma ocasião se dirigia também em carta à Junta da província, referendada por José Bonifácio, enviando-lhe cópia da que endereçara a Madeira e recomendando-lhe que aprontasse com urgência tudo quanto fosse necessário para o cômodo regresso da tropa e tomasse as precisas providências para não haver nenhuma reação por parte de qualquer das facções em litígio.

Com a carta régia para a Junta, seguiu um pacote com inúmeros exemplares de uma Proclamação aos Baianos, firmada pelo príncipe em data de 17, e na qual lhes dizia claramente que os seus males de agora provinham de sua impensada adesão do ano anterior às Cortes: "Vós sois cândidos e francos; a prova é vos terdes entregado nas mãos de facciosos, sectários de outros, no dia 10 de fevereiro de 1821, em que os estragos e insultos, que hoje sofreis, começaram (lancemos sobre isto um véu: todos fomos enganados). Nós já conhecemos o erro e nos emendamos; vós o conheceis agora; cumpre, para não serdes traidores à Pátria, fazer o mesmo. Vós vedes a marcha gloriosa das províncias coligadas; vós querereis tomar parte nela, mas estais aterrados pelos invasores; recobrai ânimo. Sabei que as tropas comandadas pelo infame Madeira são suscetíveis de igual terror: haja coragem e haja valor. Os honrados brasileiros preferem a morte à escravidão; vós não sois menos; também o deveis fazer para conosco, entoardes vivas à independência moderada do Brasil, ao nosso bom e amável monarca El-Rei, o sr. D. João VI, e à nossa Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Reino do Brasil".

Por este documento bastante significativo se vê que d. Pedro ainda não estava então pela independência plena, pela separação completa e definitiva; fala de uma independência moderada aos baianos, o que quer dizer autonomia administrativa dentro da união política. Assim também, para ele, as Cortes Portuguesas é como se já não existissem: para elas não pede vivas e sim para o rei e para a Assembléia Constituinte Brasileira apenas.

A Junta pôs imediatamente o Cumpra-se na carta régia e o Constitucional [25], de que era redator Francisco Gomes Brandão Montezuma [26] apoiou-a incondicionalmente em artigo sensacional.

A revolução não tardou a pronunciar-se contra a ditadura militar, sendo a primeira a dar o exemplo a Vila de São Francisco da Barra [27], seguindo-se-lhe as vilas do Recôncavo, a começar pela da Cachoeira [28]. Santo Amaro, Maragogipe, Inhambupe, Itapicuru-de-Cima foram das primeiras a alçar impávidas o estandarte das reivindicações.

Drummond chega inesperadamente à província. Sua benéfica atuação

Justamente por essa época, chegava a São Salvador, inesperadamente, o emissário dos fluminenses junto aos patriotas pernambucanos - Vasconcellos de Drummond. Este, sem falar de seus desígnios a pessoa alguma, sem mesmo escrever a respeito uma só linha a José Bonifácio, concluída que foi sua missão em Pernambuco, embarcara-se furtivamente para a Bahia, a bordo de uma escuna norte-americana, graças aos bons ofícios do cônsul dos Estados Unidos, a quem fora recomendado do RIo de Janeiro.

A alimentação nesse navio constava de carne salgada, bolacha, arroz cozido com melado, água detestável e de quando em vez uma escassa gota de aguardente; e o beliche que lhe coube era tão pequeno e imundo que o abnegado patriota precisava, ao romper de todas as manhãs, subir para o convés, a fim de sacudir do corpo os repugnantes insetos que o tinham atormentado durante a noite.

Para que ninguém suspeitasse do rumo que levava, deixou no Recife, na casa de sua cunhada, de quem fora hóspede, toda a sua bagagem, levando apenas um saco de viagem com alguma roupa e papéis.

Como partisse misteriosamente e sem se despedir nem mesmo de sua família, deram-no pouco depois por morto e assim o comunicaram para o Rio de Janeiro, onde seus parentes o choraram, vestindo pesado luto. Só José Bonifácio, embora não revelasse a ninguém seus íntimos pressentimentos, não acreditou na morte de seu incomparável amigo e dedicadíssimo cooperador.

Ao desembarcar no porto de São Salvador foi alvo, sobretudo, da vigilância dos caixeiros lusos que, por vontade própria conjugada com ordens dos patrões, iam sempre visitar as embarcações que chegavam. Intimou-o um sargento a acompanhá-lo até o palácio da Junta. Já corriam boatos de que era ele agente secreto de d. Pedro, capturado pela esquadra.

Daí, e a pedido seu, foi acompanhado pelo mesmo sargento até o quartel-general de Madeira que, seu amigo desde Santa Catarina, o recebeu com as mais expressivas demonstrações de confiança. Disse-lhe que seguia com destino a Lisboa e o general convidou-o a aposentar-se em sua casa até que houvesse navio para aquele porto, o que ele recusou, invocando, com inteligência, razões justificativas de sua recusa, expressa aliás com toda a urbanidade, mas prometeu-lhe jantar diariamente em sua companhia, promessa que cumpriu exemplarmente.

A amizade e a confiança depositadas por Madeira no seu jovem conviva desvaneceram completamente as suspeitas dos reinóis, e pôde Drummond realizar com calma a operação que o levara até a Bahia: conhecer o efetivo completo das forças portuguesas aí estacionadas, em terra e mar; a capacidade de cada navio da respectiva esquadra; a quantidade aproximada das munições de guerra e boca, toda uma série enfim de informações seguras sobre o estado real da situação baiana, quer na capital, quer no Recôncavo, onde a revolução se alastrava rapidamente em labaredas comunicativas [29].

À frente da resistência ali organizada estava a Junta da Cachoeira, que se intitulava Junta Interina Conciliatória e de Defesa. Reunida a 5 de julho, resolveu oficiar a d. Pedro, narrando-lhe a marcha dos acontecimentos, e solicitando-lhe socorros: "Ajude-nos, Senhor, que somos súditos devotados de Vossa Alteza Real" [30].

Quando, porém, este ofício chegou ao Rio, já tinham partido para a Bahia as primeiras forças destinadas a auxiliar a cívica reação iniciada por seus valorosos filhos, porque José Bonifácio, "incansável em ocorrer e acudir a tudo", já tinha providenciado para que o Recôncavo recebesse prontamente socorros em tropas, em víveres, em dinheiro, em tudo quanto fosse mister para sustentar-se galhardamente na luta [31].

O numerário faltava ao Tesouro do Rio, mas o governo contraiu um empréstimo de 400 contos, para o fim especial de coadjuvar a briosa resistência da província heróica. Também os gratos baianos jamais olvidaram os serviços que nessas horas de extrema angústia e de incertezas lhes prestou o braço varonil do paulista emérito; e timbraram em demonstrar-lhe sua intransigente e simpática fidelidade, sobretudo quando a mão do despotismo, acionada por amável sorriso de mulher, o exulava da Pátria juvenil que ele fundara.

Entretanto, Madeira tratava de aparelhar-se melhor para as lutas cruentas que se avizinhavam. Sua tropa, desde 27 de março, achava-se reforçada com um contingente de 206 homens do Regimento de Infantaria 15, que seguia para Portugal, mas, à requisição de Madeira, desembarcara na Bahia por ter aí arribado, por escassez de provisões [32], a 18, o navio São José Americano, a bordo do qual viajava, acompanhando a Divisão Auxiliadora expulsa do Rio.

Convocou o general todas as milícias, chamou ao serviço das armas todos os portugueses em idade capaz, melhorou o estado das fortificações, quer marítimas como terrestres, abasteceu de mantimentos a praça, e reorganizou sua esquadrilha, composta das corvetas Dez de Fevereiro, Regeneração, Restauração e Conceição Oliveira (posteriormente Constituição), dos brigues Audaz e Promptidão e da sumaca Conceição [33], além de cinco barcas canhoneiras [34].

Enquanto à Junta da Cachoeira não chegavam os recursos enviados pelo Rio em seu socorro, e não podia entrar em combate com as forças portuguesas, a de São Salvador continuava oprimida pela ditadura do governador militar, de modo que não podia agir de acordo com sua consciência e de conformidade com as aspirações de seus conterrâneos.

Drummond, que já tinha obtido todos os esclarecimentos de que necessitava quanto à situação militar, econômica e política da província e aguardava apenas oportunidade para regressar ao Rio, impaciente por entregar a José Bonifácio os importantes dados obtidos, entendeu de aconselhar à Junta coagida que, ou declarasse francamente ao povo que todas as ordens por ela expedida o eram contra sua própria vontade, ou se demitisse de suas funções, fazendo recair sobre o comandante das Armas a responsabilidade das conseqüências que acaso sobreviessem; ou, se lhe faltava a coragem para tomar qualquer dessas atitudes formais, emigrasse imediatamente para o Recôncavo, onde a reação estava organizada.

Como, à exceção do padre José Cardoso, os outros, após quatro dias de inúteis confabulações, nada resolvessem, Drummond declarou-lhes que ia publicar no Constitucional um artigo, convidando a Junta a dissolver-se, o que efetivamente fez, não obstante as reiteradas súplicas do presidente e do secretário dela, que eram os mais aterrorizados de seus membros.

Essa publicação causou grande abalo na opinião pública e entre a oficialidade portuguesa. O Constitucional foi empastelado, o seu redator Corte Real, que ficara substituindo Montezuma, já então reunido aos revolucionários do Recôncavo, apressou-se a fazer o mesmo e Drummond partiu de volta para o Rio, a bordo do brigue inglês Tartar, graças ao ofício-circular do encarregado dos Negócios da Grã-Bretanha, sir Chamberlain, que o recomendara à eficaz proteção dos agentes consulares e dos comandantes e oficiais dos navios daquela nação.

Antes de embarcar , tentara ele convencer Madeira de que sua resistência em nada aproveitaria a Portugal, que sairia afinal vencido da campanha, e, por intermédio da Generala e depois pessoalmente, ofereceu-lhe, em nome do governo do Rio, a elevada propina de 100 contos de réis para que, com todos os seus soldados, se fizesse de vela para Lisboa.

Madeira não se indignou com a proposta, pois era isso uma prova da confiança ilimitada que na sua lealdade seu jovem amigo depositava, mas recusou-a altiva e peremptoriamente, sem todavia trair a confidência com que fora honrado e que agradeceu a Drummond, a quem terminou declarando que não se iludia quanto ao desfecho da luta na qual haveria de sucumbir fatalmente, pendesse para que lado fosse a vitória, porque o pai e o filho, forçados a sustentar contra vontade essa contenda, chama-lo-iam a severas contas no fim. Mas estava disposto a cumprir o seu dever de militar até o extremo e não desertaria do perigo à custa de sua honra.

General Labatut

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A esquadrilha brasileira

A 14 de julho zarpara do Rio a esquadrilha brasileira comandada pelo chefe de divisão Rodrigo Delamare. Compunha-se da fragata União, das corvetas Maria da Glória e Liberal e do brigue Reino Unido, e destinava-se a bloquear o porto da Bahia. A seu bordo seguiam o general Pedro Labatut, comandante-chefe das forças atacantes, 34 oficiais, 260 praças, 6 canhões de campanha, armas bastantes e grande quantidade de munição.

Labatut, oficial francês que servira nos exércitos de Napoleão, distinguindo-se na guerra contra a Espanha, servira depois à causa da libertação da Colômbia, de onde fora expulso por desinteligências com Bolívar. Passando-se depois para a Guiana Francesa, e de lá para o Rio, foi admitido em nosso Exército, com o posto de brigadeiro. Desembarcou a 21 de agosto em Maceió, por não poder fazê-lo em ponto algum da costa da Bahia, cujos mares a esquadra de cruzeiros lusitanos percorria sem cessar. Em Maceió lançou uma Proclamação aos Baianos, seguindo após para o Recife, por terra, em busca de reforços; aí chegou a 27 e, recebendo as forças comandadas pelo major José de Barros Falcão de Lacerda, com elas voltou às Alagoas, de onde, à frente de toda a tropa, marchou até a Bahia.

***

[...]


NOTAS:

[1] Já dissemos anteriormente que este decreto foi publicado com data de 1º de outubro.

[2] PROFESSOR-DOUTOR BERNARDINO DE SOUSA - Joanna Angélica, págs. 2 e 3, nota nº 2. Este erudito investigador baiense ratifica o duplo erro de VARNHAGEN, que, na sua História da Independência (pág. 361), reduz a 6 o número de membros da Junta, que era de 7, suprimindo o nome do presidente Francisco Vicente Vianna e investindo nestas funções o dr. Francisco Carneiro de Campos, que ocupava o cargo de secretário.

[3] VARNHAGEN - Obr. cit., págs. 361 e 362. ROCHA POMBO (obr. cit., vol. 7º. pág. 651) pensa que, no seu ofício, a Junta usou de expressões corteses e afetuosas para com d. Pedro, conquanto não lhe reconhecesse ainda formalmente a autoridade. Parece-nos, entretanto, que o trecho citado por VARNHAGEN, e que transcrevemos acima, demonstra o contrário.

[4] VARNHAGEN (obr. cit., pág. 362) fala em regimento e não em batalhão; mas VASCONCELLOS DE DRUMMOND (obr. cit., pág. 37) refere-se a batalhão. O professor BERNARDINO DE SOUSA (opúsculo citado, pág. 3) também se refere a batalhão, mas não diz de que arma.

[5] Obra citada, págs. 37 e 38.

[6] BERNARDINO DE SOUSA - Opúsculo cit., pág. 4.

[7] Obr. cit., pág. 36 1.

[8] Idem, pág. 33.

[9] Idem, pág. 3, nota 2.

[10] BERNARDINO DE SOUSA - Obr. cit., pág.s 4 a 6. OLIVEIRA LIMA - Obr. cit., pág. 221.

[11] BERNARDINO DE SOUSA - Opúsculo citado, pág. 6.

[12] VARNHAGEN - Obr. cit., pág. 363.

[13] OLIVEIRA LIMA - Obr. cit., pág. 221.

[14] OLIVEIRA LIMA - Obr. cit., pág. 222.

[15] Páginas 7 e 8.

[16] SORIANO - História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal - tomo II, parte I. Este historiador português só se refere aos combates do dia 19, como se a 20 a luta armada se não tivesse prolongado até a tarde.

[17] Este convento foi fundado em 7 de dezembro de 1744, no Arcebispado do Primaz do Brasil, d. José Botelho de Matos, clérigo secular, sagrado na Basílica Patriarcal de Lisboa a 5 de fevereiro de 1741. Desgostoso com a política de Pombal contra a Companhia de Jesus e com a lei de 3 de setembro de 1759 que a baniu de Portugal e domínios, d. José Botelho passou ao Cabido o governo da Diocese e retirou-se para a Freguesia de Nossa Senhora da Penha de Itagagipe, onde faleceu a 22 de novembro de 1761. O convento da Lapa foi construído por iniciativa e a expensas de João de Miranda Ribeiro e Manuel Antunes de Lima, auxiliados por outros fervorosos católicos. Era de 20 o número de freiras e de 12 o de servas.

A abadessa de 1822, sóror Angélica, era baiana, nascida na própria cidade do Salvador, a 11 de setembro de 1762, do legítimo casamento de José Tavares de Almeida e Catharina Maria da Silva, que lhe deram esmerada educação. Entrou para o convento em maio de 1782 e a 18 de maio do ano seguinte fez a sua profissão. De 1815 até 1817 exerceu as funções de abadessa, cargo que veio novamente a ocupar em 1821, sendo colhida pela morte nas trágicas circunstâncias narradas no texto, aos 60 anos, 2 meses e 9 dias.

A poetisa baiana Amélia Rodrigues comemorou com este sentido soneto o primeiro centenário de seu trespasse:

A Abadessa da Lapa

A soldadesca infrene, alucinada,

Sedenta de ouro, horrível de furor,

Como um tufão de ódio e de terror,

Corre pela cidade consternada.

 

E rouba, e mata, e vai desenfreada

Contra as portas da casa do Senhor,

Onde viceja da pureza a flor

pelos anjos do céu custodiada...

 

Voa a madeira aos golpes da alavanca

Da turba vil... mas à segunda porta

Uma figura surge, doce e branca...

 

É sóror Joana, que a passagem corta!

"Mate-se a freira!" E logo a entrada franca

Faz=se por cima da abadessa morta!...

E o Instituto Histórico de sua terra natal, por deliberação tomada em assembléia de 4 de dezembro de 1921, mandou colocar placas em comemoração do abominoso fato na porta lateral do convento, arrombada pelos soldados; na porta da clausura, onde a monja foi sacrificada e na cela onde residia (BERNARDINO DE SOUSA - Obr. cit., págs. 30, 31, 32, 35, 37 e 40; dr. MANUEL DE ALVARENGA - Obr. cit., pág. 29).

[18] PEREIRA DA SILVA - (obr. cit., vol. 5º, pág. 274) chama-lhe capelão octogenário; A. D'ESCRAGNOLLE TAUNAY (obr. cit., pág. 165) chama-lhe velho capelão, e assim também OLIVEIRA LIMA (obr. cit., pág. 222); ACCIOLI (obr. cit., vol. 2º, pág. 58) diz dele: "idoso e respeitável capelão". Entretanto o padre Daniel contava apenas 55 anos, pois faleceu a 14 de junho de 1838 com 71 anos, segundo a certidão respectiva publicada por BERNARDINO DE SOUSA (Obr. cit., pág. 27).

[19] PEREIRA DA SILVA - Obr. cit., vol. 6º, págs. 29 a 30.

[20] História da Revolução Portuguesa de 1820, vol. 3º, pág. 701.

[21] O sr. A. D'ESCRAGNOLLE TAUNAY (obr. cit., pág. 164), embora sem base documental alguma, acha muito provável, entretanto, que esse fato, que reputa muito natural, se tivesse dado em meio da extensa e violenta refrega. É opinião fundada numa simples hipótese - e nada mais.

[22] E não a 8, como escreve enganadamente VARNHAGEN (Obr. cit., pág. 365).

[23] Da quase sempre confusa redação de VARNHAGEN, parece que foi o presidente da Junta, de per si, e não a Junta, coletivamente, que escreveu a José Bonifácio. O ofício está assinado por Francisco Vicente Vianna (presidente) e Francisco Carneiro de Campos (secretário), Manuel Ignácio da Cunha e Menezes, José Cardoso Pereira de Mello e António da Silva e Telles.

[24] PEREIRA DA SILVA - Obr. cit., vol. 6º, pág. 257.

[25] SACRAMENTO BLAKE diz que se chamou primeiramente Diário Constitucional (Obr. cit., vol. 2º, pág. 452).

[26] Depois de proclamada a Independência, passou a chamar-se Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, e foi mais tarde agraciado com o título de visconde de Jequetinhonha. Nasceu na capital da Bahia a 23 de março de 1794, do legítimo casamento de Manuel Gomes Brandão Montezuma com dona Narcisa Teresa de Jesus Barreto. Bacharelou-se no Curso Jurídico da Universidade de Coimbra, foi senador, conselheiro de Estado e ocupou vários cargos de relevância política e administrativa. Começou a estudar para frade no convento de franciscanos de sua província; antes de professar, de lá saiu, para seguir a carreira militar, sofrendo a esse respeito forte oposição de seus pais. Partiu então para Coimbra, no intuito de estudar Medicina, cujo curso seguiu até o terceiro ano, resolvendo depois bacharelar-se em leis. Além de redator de vários periódicos políticos, publicou diversas Memórias e cultivou a poesia, embora não assiduamente (SACRAMENTO BLAKE - Obr. e vol. cits., págs. 452 a 455).

[27] Segundo o VISCONDE DE CAIRU, citado por OLIVEIRA LIMA (Obr. cit., pág. 225, nota 1).

[28] Segundo VARNHAGEN (obr. cit., pág. 367 e nota 16) Cachoeira pronunciou-se quatro dias antes da Câmara de S. Francisco.

[29] VASCONCELLOS DE DRUMMOND - Obr. cit., págs. 19, 28 a 31 e 40.

[30] VARNHAGEN - Obr . cit., pág. 367.

[31] VASCONCELLOS DE DRUMMOND - Obr. cit., pág. 32.

[32] OLIVEIRA LIMA - Obr. cit., pág. 229.

[33] Nota 22 de RIO BRANCO à pág. 369 da Hist. da Indep., de VARNHAGEN.

[34] VARNHAGEN - Obr. cit., pág. 369.

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