Imagem: reprodução parcial da matéria,
com fotos de Leandro Amaral, Alex Almeida e Alexsander Ferraz
VISITA
A tarde do presidente
Marco Santana
A preocupação era fazer com que o compromisso não
parecesse um evento de campanha eleitoral. Por trás de uma visita presidencial de pouco mais de uma hora, evidenciou-se todo o aparato de um chefe
de Estado. Policiais civis e militares, guardas portuários, militares, seguranças oficiais (um deles de moleton) e particulares, helicópteros
sobrevoando insistentemente o local, dezenas de assessores. Na entrada de onde ocorreriam os discursos, um detector de metais.
Um assessor de imprensa do Palácio do Planalto orientava cinegrafistas e fotógrafos
sobre qual trajeto o presidente faria, e onde os profissionais poderiam ficar. Outro funcionário do cerimonial definia a posição de diretores da
empresa, do prefeito, diretores da Codesp e de deputados.
A rigor, a visita do presidente Lula às obras do Terminal de Grãos de Guarujá não
oferecia novidade alguma - o empreendimento só ficará ponto em janeiro. O fato relevante, em si, era a própria presença do presidente.
Lula conheceu detalhes do projeto, cobrou interação entre os poderes municipais,
estadual e federal, criticou o rigor das legislações ambientais para viabilizar ações como a dragagem do estuário santista e perguntou a quantas
anda a construção das avenidas perimetrais. Quis saber também sobre o projeto que acaba com as moradias sobre palafitas.
Ao final, após ver o empresário Olacyr de Moraes (o Rei da Soja, idealizador do
TGG) se emocionar a ponto de não conseguir discursar, Lula despediu-se.
- Presidente, não vai falar com a gente? - interpelou um jornalista.
- Pô, mas já falei...
- Mas a gente quer falar também!
Lula riu e foi embora. |