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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
AMS - Associação dos Médicos de Santos (6)

Este histórico foi assim publicado em 1999 no site da própria Associação dos Médicos de Santos (consulta ao site feita em 27/4/2008):

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   Associação dos Médicos de Santos - AMS
   OS ANOS DOURADOS
     O fim da guerra quente nos trouxe a guerra fria. Ainda nem tinha esse nome na verdade quando o governo Dutra mostrou que a democratização iniciada em 45 não nos levaria automaticamente à democracia. A eleição seguinte, reconduzindo Getúlio Vargas ao poder, mostrava também que seu apelo popular continuava intacto. "Bota o retrato do velhinho, bota no mesmo lugar", vingavam-se as marchinhas do rádio.

     No início dos anos 50 o otorrinolaringologista Oscar dos Santos Dias Sobrinho estava na presidência da AMS e com muita colaboração do cirurgião Marcílio Dias Ferraz , que ocupava o cargo de tesoureiro, comandou a reforma na sede, com uma grande campanha para angariar fundos. Durante algum tempo as reuniões científicas aconteceram na Santa Casa. Junto ao Jornal A Tribuna, Oscar dos Santos Dias conseguiu um espaço chamado Vida Médica, escrita inicialmente por Maurício Fang. Em setembro desse ano, era inaugurada a pedra fundamental da Refinaria de Petróleo de Cubatão, com a presença do presidente da República, Eurico Gaspar Dutra.

     Durante a gestão de Edgard Ferraz Navarro, em 1951, a Cidade presenciou um triste acidente, quando quatro crianças morreram num desabamento de terra no Monte Serrat. Em 8 de novembro a sede foi reaberta com uma reunião festiva e tendo como orador o primeiro presidente, Samuel Augusto Leão de Moura. Em uma das reuniões científicas Arthur Domingues Pinto apresenta o primeiro caso de coarctação da aorta. A grande novidade desse período foi a filiação junto à Associação Paulista de Medicina, em 27 de dezembro.

     Finalmente em 1952 o porto de Santos começa a ser aparelhado, o que era uma previsão de melhoria econômica para a Cidade. Quem estava na presidência nesse ano era o cirurgião Marcílio Dias Ferraz, que em diretorias anteriores participava ativamente da AMS. Em sua gestão foram criados os departamentos de especialidades, o que deu um grande impulso às atividades científicas na sede. Realizou, inclusive, um Simpósio sobre Coma, com projeções de filmes científicos e colaboração do Colégio Internacional de Cirurgiões.

     Em 1953 foi a vez do cirurgião e obstetra Acacio Ribeiro Valim, também escritor. Em agosto instalou o 2o. Congresso Médico Regional da Associação Paulista de Medicina. Nessa época, Santos era uma cidade getulista até a medula. Não é de estranhar, portanto, que o suicídio de Getúlio, em 1954, gerasse um amplíssimo sentimento nacionalista e o trabalhismo, com o novo conteúdo destilado pela tragédia do Catete, explodisse na forma de uma ação político-sindical, que carregava como bandeira a tocante "Carta Testamento". Santos era o palco do Fórum Sindical de Debates, com 53 sindicatos filiados, a mais poderosa organização dos trabalhadores no país, vanguarda das lutas sociais brasileiras.

     A cidade progredia, crescia embalada por maior liberdade comercial nas atividades portuárias e pela consolidação da cidade como principal balneário paulista - os prédios art deco e de influências modernistas são um testemunho perene desse período em nossas ruas e avenidas. Juscelino Kubitscheck pode ter enterrado o país em dívidas, mas exalávamos esperança por todos os poros. Santos tinha um brilho próprio inconfundível, político e cultural, no final da década de 50 - ah!, o glamour que tinha, então, a esquerda.

     Para a AMS fora um período brilhante aquele. A entidade avançara muito, aprofundando seus laços com a comunidade médica e com a cidade. Participava ativamente do desenvolvimento científico daquela "era de milagres", como não cansava de repetir O Cruzeiro, a grande revista ilustrada que Marcou aqueles anos tanto quanto a Copa do Mundo quanto a "polegada a mais" de Marta Rocha. Sir Alexander Fleming, a maior celebridade científica da época, veio receber seu título de sócio-honorário da AMS, das mãos de nosso então presidente, Edmir Boturão, em 1954.

Sir Alexander Fleming posa na AMS em companhia das esposas dos associados, durante sua visita a Santos.

 

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