Na chegada do presidente Figueiredo, os cumprimentos das autoridades
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Já funciona o Terminal de Conteineres de Santos
Às 11h02, uma chave foi girada, uma sirene começou a
soar, ao mesmo tempo em que a banda da Polícia Militar passou a tocar. O portainer começou a ter sua lança colocada em posição horizontal, o
que aconteceu cinco minutos mais tarde. Então, um container foi levado pelo equipamento até o porão do navio, e depois ocorreu a operação
inversa: entrava em operação o primeiro terminal de containers do Brasil.
A cerimônia ocorreu no domingo no Porto de Santos, com a presença do presidente João
Baptista Figueiredo, do ministro Eliseu Resende, dos Transportes, do presidente da Petrobrás, Arno Markus, do governador do Estado de São Paulo,
Paulo Maluf, e outras autoridades.
O presidente chegou em seu avião à Base Aérea de Santos às 9h40, e em seguida tomou um
helicóptero militar que o conduziu ao Morro das Neves, onde embarcou no carro-motor do trem M-210 da Rede Ferroviária Federal, com quatro vagões
para passageiros, que o conduziu ao Terminal de Conteineres, inaugurando assim o ramal ferroviário que liga os terminais de Conceiçãozinha à malha
ferroviária Santos-São Paulo.
Às 10h40, Figueiredo desembarcou no Terminal de Conteineres, em companhia do ministro
dos Transportes, sendo recebido pelo presidente da Portobrás e conduzido ao palanque oficial, onde foi recebido por uma comissão composta pelo
capitão dos Portos do Estado, capitão-de-mar-e-guerra Adhemar Soutinho; pelo prefeito de Santos, Paulo Gomes Barbosa; pelo prefeito de Cubatão,
Carlos Frederico Soares Campos; pelo prefeito de São Vicente, Antonio Fernando dos Reis; pelo representante do prefeito de Praia Grande; pelos
engenheiros Mário Paranhos Rhor e Raul Cabral de Sá, diretores da Portobrás. pelo presidente da Codesp, Sérgio da Costa Matte; e pelo engenheiro
Massao Masumo, do Terminal de Conteineres.
Em seguida, inaugurou a placa comemorativa com o texto: "República Federativa do
Brasil/Ministério dos Transportes/Empresa de Portos do Brasil S/A - com a finalidade de aumentar as facilidades operacionais do Porto de Santos e
incrementar o transporte intermodal, foi inaugurado o Terminal de Conteineres, sendo presidente da República João Figueiredo, governador do Estado
de São Paulo Paulo Salim Maluf, ministro dos Transportes Eliseu Resende e presidente da Portobrás Arno Oscar Markus, 30 de agosto de 1981".
O discurso do ministro dos Transportes
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Na vanguarda - Já no palanque, o primeiro discurso foi do ministro Eliseu
Resende: "Sr. presidente: este ato de inauguração do Terminal de Conteineres do Porto de Santos, presidido por V. Exa., representa mais um
importante marco nas realizações do seu governo. É mais um grande projeto, iniciado em administrações anteriores, que V. Exa. conclui e coloca em
operação. Parte integrante do programa de modernização e reaparelhamento da infra-estrutura portuária, este terminal coloca a nação brasileira na
vanguarda dos empreendimentos do gênero na América do Sul. Neste momento, estabelecemos a igualdade de nossos portos com os terminais similares das
nações mais desenvolvidas, e constatamos a significativa presença da engenharia brasileira em obras desta envergadura. Este terminal vai estabelecer
sensível redução de perdas e avarias e aumento da produtividade nas operações de embarque e desembarque das mercadorias, no intercâmbio comercial de
nosso país com o Exterior.
"Os custos de transportes hão de ser menores, graças ao menor tempo de permanência dos
navios no porto e à diminuição no consumo de combustíveis. Mais importante ainda, no campo social, esta grandiosa obra certamente ensejará muitas e
novas oportunidades de emprego, de variado grau de especialização, não só na sua própria operação, como nas atividades complementares, desenvolvidas
pela iniciativa privada, ligadas aos serviços de transportes, despachos, locação, reparos e manutenção. A oportunidade da construção deste terminal
é incontestável, em face da tendência mundial para conteinerização das cargas. Além disso, abrem-se aqui novas possibilidades de exportação para os
produtos manufaturados brasileiros.
"O terminal se localiza em Santos, porque além deste porto vir mantendo, por
intermédio de suas instalações não especializadas, uma participação de 60% na movimentação de conteineres, em relação a todos os portos brasileiros,
este é o portão externo da mais pujante, dinâmica e consolidada região geoeconômica do País, e responde por cerca de 40% do total da receita cambial
das exportações brasileiras. Esta obra tem uma significação grandemente marcada, pois que a partir de agora instala-se um pólo afluente e efluente
da circulação de conteineres, no tráfego do longo curso. Este se constituirá num fator impulsionador da nossa navegação de cabotagem, catalizando e
acelerando o uso do sistema roll-on-roll-off ao longo da costa brasileira, e possibilitando o surgimento de linhas alimentadoras, que a este
terminal ligarão os principais portos do Sul, Norte e Nordeste, levando ou trazendo cargas conteinerizadas, destinadas à exportação ou ao consumo
interno.
"O terminal que é hoje inaugurado por V. Excia. foi construído numa área de 320 mil
metros quadrados, possui cais acostável com 510 metros de extensão, com 13 metros de profundidade, permitindo a atracação simultânea de dois navios.
Dispõe ainda de dois armazéns para consolidação das cargas, cada um com área superior a três mil metros quadrados, e de prédios de administração com
área superior a seis mil metros quadrados, onde se instalarão também firmas particulares. Possui ainda um armazém de nove mil metros quadrados, para
consolidação das cargas, bem como todas as demais instalações necessárias à operação de um complexo desta natureza, com atualizados meios de
comunicação e de controle. Está equipado com modernos guindastes de pórtico, para embarque e desembarque de conteineres, os chamados portainers,
com capacidade para içar 35 toneladas, e que permitirão movimentar em média 200 toneladas por guindaste/hora, o que corresponde a uma produtividade
no mínimo de 8 vezes a de um cais convencional.
"As operações serão realizadas com o auxílio de um sistema de processamento eletrônico
de dados, cujas programações já foram elaboradas pela Companhia Docas do Estado de São Paulo. O terminal, que será incorporado ao acervo da Codesp,
e por ela operado e administrado, contou com recursos orçamentários da Portobrás, representando um investimento anual da ordem de Cr$ 12 bilhões a
preços atuais. Projetado com capacidade para movimentar 140 mil unidades anualmente, ele significa a implantação definitiva do transporte intermodal
no Brasil, e consolida assim a integração dos sistemas rodoviário, ferroviário, e o transporte marítimo".
"Esta obra se completa com o apoio decisivo das empregas de navegação de longo curso.
O Lloyd Brasileiro, por exemplo, está convertendo para porta-conteineres cinco de seus cargueiros convencionais, o primeiro dos quais, o Itapagé,
fez sua viagem inaugural em julho passado. Essa e outras empresas privadas de navegação marítima, que operam no tráfego para os EUA e para a Europa,
deverão no período 1981/1982 colocar em tráfego um total de 19 navios porta-conteineres, estimando-se também para o próximo ano o emprego de navios
desse tipo, com capacidade para 1.200 conteineres cada um. E cabe lembrar que temos no País uma indústria naval capaz de produzir navios ainda de
maior capacidade, como o Ace Concord para 1.750 conteineres, construído por um estaleiro brasileiro, para exportação, e entregue dia 14 de
agosto.
"Está diante de nós, nesta hora, o navio Calandrini, do Lloyd Brasileiro, de
uso misto, e que inaugura as operações deste terminal. Estão merecendo especial atenção, do Ministério dos Transportes e do governo do Estado de São
Paulo, as obras do acesso rodoviário ao terminal, visando ao perfeito atendimento dos fluxos no sistema terrestre. O acesso ferroviário, numa
extensão de 18 quilômetros, que V.Excia. percorreu há pouco, já permite, através de sua bitola mista, a ligação do terminal com as malhas da Rede
Federal e da Fepasa. Creio que os componentes fundamentais das metas de V.Excia., no setor dos Transportes, estão sendo uma a uma atingidas, como
atesta a solenidade que reúne neste ato a satisfação de dar ao Brasil um terminal de conteineres com adequados acessos terrestres, e de colocar o
País em condições competitivas com as grandes nações marítimas do Mundo.
"O Ministério dos Transportes, com suas autarquias e empresas vinculadas, a Portobrás
e a Rede Ferroviária Federal, receberam nesta realização apoio decisivo do governo do Estado de São Paulo e das municipalidades da Baixada Santista.
Igualmente, é nosso dever e privilégio reconhecer o árduo trabalho das empresas e dos operários que executaram esta obra. A todos, o nosso sincero
muito obrigado. V.Excia. inicia hoje a operação do Terminal de Conteineres de Santos, e consigna aqui um marco de evolução memorável na história dos
portos brasileiros".
Exportação e justiça social - Defendendo a necessidade do aumento das
exportações, como forma de criar empregos e resolver os problemas sociais, o governador Paulo Maluf falou em seguida:
"Excelentíssimo senhor presidente da República Federativa do Brasil, João Figueiredo,
a quem São Paulo agradece o privilégio de num curto espaço de nove dias recebê-lo por duas vezes (...). O ato de hoje, excelentíssimo senhor
presidente, tem uma notoriedade fundamental, em face de inúmeros fatores. Em primeiro lugar, verificamos que o Brasil, através dos governos da
Revolução, sem solução de continuidade, imprimiu continuidade administrativa para as grandes obras, que representam justiça social e solução
econômica. Esta é uma delas, excelentíssimo senhor presidente, uma obra de grande vulto e que eu posso testemunhar, que nos seus pouco mais de dois
anos de governo, foi tocada com grande dinamismo pelo excelentíssimo ministro dos Transportes Eliseu Resende.
"Em segundo lugar, um outro fator da mais alta importância, senhor presidente, é que
hoje o mundo está ligado umbilicalmente, não se pode desconhecer que a economia é um verdadeiro vaso comunicante; portanto, se esse Terminal de
Conteineres na verdade proporciona uma oportunidade para ampliar as nossas exportações, melhorando a nossa balança comercial, e imprimindo
estabilidade à nossa balança de pagamentos, trazendo tecnologia, levando produtos brasileiros que representam divisas importantes para o nosso
desenvolvimento econômico, não devemos esquecer, senhor presidente, que hoje a exportação é um fator fundamental de justiça social para ampliar o
nosso mercado de trabalho e eliminar eventual desemprego.
"Sabe V. Excia. que o mercado interno é conhecido, é equivalente ao nosso Produto
Interno Bruto. Mas esse pode ser ampliado, com mais velocidade de desenvolvimento, se tivermos uma agressividade comercial e política externa, e
fazendo com que a exportação seja na verdade uma das grandes alavancas de manutenção do emprego dos nossos trabalhadores, além da ampliação do
mercado de trabalho. São Paulo portanto congratula-se com V. Excia., senhor presidente, com o senhor ministro dos Transportes e com o senhor
presidente da Portobrás. São Paulo se orgulha realmente de ver este porto, que é o maior porto da América Latina, e que representa quase metade das
exportações e importações brasileiras. São Paulo se orgulha de ver, no habitante da Baixada Santista, aquele doqueiro, aquele estivador, aquele
portuário, e aquele trabalhador, que há séculos e séculos, vêm construindo não só a grandeza deste pedaço do território brasileiro, mas vêm ajudando
a construir a grandeza do Brasil. Seja bem-vindo, senhor presidente. Congratulo-me, em nome de São Paulo, com esta monumental obra que V. Excia.
entrega à economia brasileira".
Momento em que a chave é acionada, ligando o portainer
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Entrando em funcionamento - Após os discursos, o presidente Figueiredo foi
convidado a acionar a chave que colocou em operação o portainer. O conteiner de 20 pés MOLU 2304760, que já estava no terminal para os testes
de funcionamento, foi então transportado do cais para o navio, e vice-versa, inaugurando oficialmente as operações no terminal, ao som de sirenes e
da Banda da Polícia Militar.
Encerrando a cerimônia, Figueiredo recebeu do mestre de obras, Roque Benedito
Teixeira, uma placa de prata alusiva à visita, com o texto: "Ao presidente João Figueiredo, amigo maior do trabalhador brasileiro, a homenagem dos
operários da Ecisa, que construíram o Terminal de Conteineres do Porto de Santos. Guarujá, 30 de agosto de 1981".
Seguiu-se um coquetel para os convidados, no interior do armazém de inspeção do
terminal, e pouco depois o presidente retirou-se, rumando para a Base Aérea, seguindo em seu avião para a capital paulista.
Entre os participantes da cerimônia, foram também destacados o ministro-chefe da Casa
Militar da Presidência da República, Danilo Venturini; os deputados federais Athié Jorge Coury, Antônio Erasmo Dias e João Paulo Arruda; o deputado
estadual Renato Cordeiro; o almirante Milton Ribeiro de Carvalho, presidente da Comissão Naval em São Paulo; e os representantes das Prefeituras e
Câmaras Municipais de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande. Presentes também o presidente da Câmara Brasileira de Conteineres,
Fernando Nunes Cunha; os representantes das principais agências de navegação santista, o presidente da Associação Comercial de Santos e diretor de
Finanças da Codesp, Antônio Manoel de Carvalho, os demais diretores da Codesp e outras autoridades.
Ponte de inspeção de conteineres no Tecon santista, no final da década de 1980
Foto: Arquivo Novo Milênio
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