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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIDADE FESTIVA
Banda da Polícia Militar, renovada

Matéria publicada no jornal santista A Tribuna em 16 de dezembro de 1984:


Mesmo lutando com dificuldades, a banda do 6º BPMI
vem se atualizando e renovando o repertório
Foto publicada com a matéria

A banda do 6º BPMI, renovada

Uma marcante apresentação da Banda Regimental do 6º BPMi foi realizada ontem, na Praça da Independência, a partir das 20 horas. Ali, sob a regência do sargento Adail de Oliveira Calixto, a banda fez uma retreta, em iniciativa do Clube de Diretores Lojistas do Gonzaga, como parte das comemorações da Semana da Polícia Militar, e, em seguida, recebeu do clube um troféu como reconhecimento aos serviços prestados por aquele grupo musical.

Na realidade, a Banda do 6º BPMI vem sendo, ao longo dos anos, presença constante - em alguns casos, obrigatória - em desfiles militares e escolares, competições esportivas, recepção a autoridades, procissões, inaugurações e inúmeras outras solenidades de caráter cívico, religioso ou militar.

Por esse motivo, seus integrantes são sempre alvo de manifestações de carinho e amizade, por parte da população, que reconhece seu trabalho e dedicação. Mais que isso, porém, o mestre e os integrantes da banda podem ser considerados uns lutadores. Atualmente, o grupo conta com menos de 20 músicos, que se desdobram no cumprimento das missões que lhes são atribuídas.

Extensão do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo - que inclui a Banda Sinfônica, recentemente em visita a Santos, ocasião em que deu concerto no Teatro Municipal -, a Banda do 6º BPMI procura seguir o mesmo ritmo de trabalho de suas congêneres, na Capital e Interior. De 69 a 72, foi tetracampeã do Estado em concurso realizado, e atualmente procura recuperar o antigo brilho, com seus integrantes ensaiando diariamente. Paralelamente, o sargento Adail vem renovando o repertório do grupo e dando aulas, também diárias, aos soldados que mostram interesse pela música, no intuito de suprir as deficiências de músicos.

É o próprio mestre da banda quem explica: "O número dos componentes diminuiu porque, com uma lei aprovada há algum tempo, da contagem recíproca, 50% dos integrantes do Corpo Musical, na Capital, ficaram em condições de se aposentar. Para suprir esses claros, São Paulo foi buscar, nas bandas regimentais do Interior, os elementos que lhe faltavam. Daqui levou vários músicos e, por isso, ficamos com um grupo tão pequeno".

Adail de Oliveira Calixto está na regência da Banda do 6º BPMI desde outubro. Idealista e ativo, vem renovando inteiramente não só o repertório, como a própria imagem da banda, e diz que vem encontrando bastante colaboração por parte do comandante interino da unidade, major Osmair Paulo Sachetto, "uma pessoa que gosta de música e reconhece a boa imagem que a banda passa para o público".

Mas, mesmo assim, as dificuldades continuam sendo muitas. O principal problema é a falta de instrumentos e o mau estado dos existentes, cuja vida útil está ultrapassada há muitos anos: "A Capital não nos manda novos instrumentos e os que temos não podem mais ser reparados. Resultado: a maioria dos músicos está tocando com instrumentos próprios ou emprestados da Banda Carlos Gomes, Orquestra de Oscar Guzella e Orquestra Miramar".

Com todas essas dificuldades, a banda vem se destacando. Participou do Concurso de Bandas da Polícia Militar - que reuniu todas as bandas regimentais da corporação - e conquistou o sexto lugar: "E os juízes ainda nos disseram que só não ficamos no primeiro ou segundo porque estávamos com apenas 16 músicos, e as outras bandas tinham mais de 30. Nesse dia, levamos 12 instrumentos emprestados".

A banda já pediu o apoio - em termos de doação de instrumentos - das prefeituras da região, uma vez que está sempre presente em solenidades por elas promovidas, mas até agora não recebeu respostas. Por isso, está aceitando doações. Quem tiver em casa um instrumento musical sem utilização, pode entrar em contato com o quartel do 6º BPM/I, na Avenida Coronel Joaquim Montenegro. Todas as colaborações serão bem-vindas.

A atual formação básica da banda inclui o mestre mais dois clarinetistas, um saxofonista, um bombardino, um trompetista, três pistonistas, quatro trombonistas, dois intérpretes de baixo-tubas e três percussionistas. Antigamente, esse grupo somente tocava músicas marciais. Quando convidado a participar de festas infantis, de Natal e outras semelhantes, tinha dificuldade em apresentar um repertório mais popular.

O sargento Adail resolveu modernizar esse repertório, incluindo nele seleções de músicas infantis, de novas músicas religiosas, de Natal e de ritmos da MPB. Para isso, pesquisou, estudou e fez os arranjos. "Hoje", explica, "a banda pode fazer um programa de três ou quatro horas tocando só música popular atualizada. Também o nosso repertório de marchas militares foi atualizado e, paralelamente, continuamos aptos a interpretar o repertório obrigatório, que inclui hinos nacionais de todos os países".

O mestre - O sargento Adail de Oliveira Calixto tocava pistão desde os 13 anos, acompanhava um circo que percorria o Brasil. Mas queria estabilidade e aprofundar-se no estudo da música; por isso, aos 20 anos, ingressou na Banda da Guarda Civil, em São Paulo. Pôde, então, estudar em conservatórios, aperfeiçoando-se no trompete com os melhores professores do País, como Dino Pedini, Jairo Leão e Clóvis Mamede.

Em 70, com a fusão da Guarda Civil e Força Pública, que resultou na Polícia Militar, Adail foi para a PM como 2º sargento e ingressou na Banda Sinfônica da Corporação, onde foi solista de trompete por vários anos. Promovido a 1º sargento, foi classificado em Santos, onde ficou como solista de trompete da Banda Regimental do 6º BPM/I. Depois foi promovido a contra-mestre e, agora, é o mestre da banda.

É também maestro da Banda Carlos Gomes e dá aulas de instrumentos de sopro no Conservatório Musical Carlos Gomes. Já recebeu dois Robalo de Ouro como melhor maestro da Baixada.

Entusiasmado com seu trabalho, Adail diz que ele e seus músicos da banda do 6º BPM/I nunca esquecem que são policiais militares. Freqüentemente, são requisitados para trabalhar no policiamento em campos de futebol, na praia, em épocas de eleição e sempre que há necessidade. Em média, a banda faz 15 apresentações por mês, mas não tem tocado na Concha Acústica - a exemplo da Banda Carlos Gomes - porque tem que pagar uma taxa para o Escritório de Arrecadação de Direitos Autorais - ECAD. "A Seduc não paga essa taxa, as bandas é que têm que fazer isso. E é uma taxa cara, o que impossibilita as nossas apresentações. Infelizmente, é esse o panorama da arte no Brasil.

Mas isso não impede que o trabalho continue. A banda, além de participações em desfiles e procissões e apresentações, também tem feito retretas, mostrando repertório bastante variado. "Temos vários músicos soldados que estão trabalhando no policiamento. Eles gostariam de pertencer à banda, mas isso é impossível porque o efetivo no policiamento é pequeno, e eles são necessários nesse trabalho. A solução é esperar que o efetivo do batalhão seja ampliado, para então podermos trazê-los para a banda. Mas, enquanto isso, continuamos firmes no trabalho, por amor à música e à PM".


A Banda Sinfônica da Polícia Militar apresentou programa incomum
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As policiais femininas chegam ao Coral da PM

Ana Maria Pereira Sachetto

Por enquanto, elas apenas conquistaram espaço no coro, tradicionalmente masculino, e que já se rendeu à presença da mulher. Agora, espera-se que elas também consigam seu lugar na banda sinfônica, quem sabe até levando os instrumentos de cordas para a banda, transformando-a em uma orquestra.

Elas são as policiais femininas, que no recente concerto da Banda Sinfônica da Polícia Militar, da Capital, no Teatro Municipal de Santos, surpreenderam a platéia, no final, ao entrar com o coro, para cantar a Seleção de Músicas Natalinas e a Canção da Polícia Militar. A surpresa justifica-se, uma vez que nas apresentações que anualmente a Banda Sinfônica tem feito em Santos - sempre como parte das comemorações da Semana da PM - é tradicional a exclusiva presença masculina, tanto na banda, como no coro.

E se um coral masculino é raro, nos dias de hoje, e funciona muito bem em determinadas músicas, é inegável que o acréscimo das vozes femininas empresta-lhe outra característica e permite-lhe maior versatilidade. Foi o que aconteceu com o Coral da PM. Após alguns anos da criação do batalhão da Polícia Feminina, suas integrantes finalmente conquistam lugar no Corpo Musical da Polícia Militar, possibilitando esperar-se que essa presença seja ampliada, comprovando o talento musical do elemento feminino.

De modo geral, a Banda Sinfônica da PM apresentou um bonito programa, com peças que não se limitaram a marchas ou dobrados, mas comprovaram o preparo de seus músicos. Ao lado das tradicionais seleções populares - incluídas com o objetivo de atrair mais o público pouco acostumado ao clássico- mostrou peças eruditas, algumas de difícil execução - como a sinfonia da ópera Tannhauser, de Wagner - em um programa pouco comum, que incluiu um Divertimento para Tuba, de Catozzi, com o solista Gilberto Plínio.

O maestro capitão João Antão Fernandes assumiu a regência da Banda Sinfônica este ano, demonstrando muito entusiasmo e vontade de acertar. Ele consegue bons momentos de sua sinfônica, que em determinadas passagens, entretanto, ainda precisa controlar mais o volume do som, permitindo que sobressaiam trechos musicais e instrumentos solistas.

Mas de Mozart a Strauss, de Carlos Gomes às músicas populares, a Banda Sinfônica da PM foi muito aplaudida. Um momento para se comprovar que o talento musical floresce sempre e que a música tem lugar em qualquer atividade humana, mesmo naquelas que exigem do homem mais rigidez e firmeza.