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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SFC - 12
Guerra parou para verem futebol do Santos

Dois hinos, e o oficial é o menos conhecido...
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Leão do Mar é mais conhecida, mas o hino oficial do Santos F.C. foi criado em 1957, e ao completar o cinqüentenário continuava pouco lembrado pelos torcedores do clube alvinegro, como registram matérias publicadas pelo jornal santista A Tribuna. Esta foi publicada em um domingo, 2 de março de 1997 (página A-22):

CD com os hinos dos principais clubes do Brasil:

a marcha do Santos como se fosse a música oficial

Imagem: reprodução, publicada com a matéria

SANTOS

Torcedor desconhece o hino oficial do clube

A marchinha Leão do Mar tem a preferência da maioria, embora não seja o hino verdadeiro do Santos, criado em 57

Valéria Malzone

Da Reportagem

Você conhece o hino oficial do Santos F.C.? A Tribuna constatou, por intermédio de uma pesquisa aleatória nas ruas e avenidas da região central da Cidade, o que já se imaginava. A maioria dos santistas entrevistados não conhece o verdadeiro hino do clube alvinegro, criado em julho de 1957, pelo músico santista Carlos Henrique Paganetto Roma (ver letra no quadro I).

Quase 60% dos consultados, 59,2%, disseram que conheciam pelo menos uma parte do hino, mas na hora de cantar, repetiam trechos da marchinha Leão do Mar (confira a letra no quadro II), música composta em janeiro de 19456, pelo publicitário paulistano José Maugeri Netto.

Ainda segundo a pesquisa, 18,5% das pessoas não souberam responder por que alegaram desconhecer tanto a marchinha quanto o hino verdadeiro. Já 14,8% dos entrevistados sabem da existência do hino e da marcha, mas pensam que ambos são hinos oficiais do Santos. E os 7,5% restantes reconhecem o Leão do Mar como marchinha de época do time, mas nunca ouviram nem trechos do hino oficial.

 

"Hino oficial é de autoria de Carlos Henrique Roma, já falecido"

 

Enquete - Segundo enquete sobre qual das composições agrada mais aos torcedores, a marchinha Leão do Mar acaba sendo a referida da maioria dos entrevistados, exatamente por falta de contato e conhecimento com o conteúdo do hino verdadeiro.

"Não conheço o hino verdadeiro, só o Leão do Mar. Inclusive pensava que era o hino oficial do time da Vila Belmiro", comenta o auxiliar de exportação e importação José Rubens Gomes Santana.

A auxiliar de escritório Roberta Moacir Schmidt tem a mesma opinião de José Santana. "Nunca ouvi falar do hino verdadeiro. Acho que o Leão do Mar tem grande identificação com o público. É bem mais conhecido e tem tudo a ver com o Santos", justifica.

Seu colega de escritório, André de Souza, concorda. "Gosto muito do Leão do Mar. E todo mundo conhece pelo menos um pedacinho da letra", argumenta. O maquinista José Luiz dos Santos Costa também prefere o Leão do Mar. "Esta marchinha está na boca do povo. Já escutei o hino verdadeiro, mas gosto mais da letra da marcha", revela.

Letra maravilhosa - Já para o representante técnico Ronaldo Sérgio Cardoso Nazar, o hino é bem melhor. "O Leão do Mar é só uma marchinha, apesar de ser mais conhecido pelo torcedor. O hino, que já ouvi tocar na rádio, tem uma letra maravilhosa. Precisam regravar o hino e divulgá-lo", defende.

O administrador de empresas Clóvis Ferraz também afirma que a marchinha é coisa de época. "A letra da marchinha é bem mais fácil e repetitiva. Isso facilitou para o povão decorar", explica. "Prefiro o hino original, que é lindo. Precisam desenvolver um trabalho forte de divulgação do hino para fixar na cabeça do torcedor", completa.

Ilustração publicada com a matéria

HINO OFICIAL DO SANTOS F.C.

(Letra e música de Carlos Henrique Paganetto Roma - julho de 1957)

Sou alvinegro da Vila Belmiro

O Santos vive no meu coração

É o motivo de todo o meu riso

De minhas lágrimas e emoção

 

Sua bandeira no mastro é a história

De um passado e de um presente só de glórias

Nascer, viver e no Santos morrer

É um orgulho que nem todos podem ter

No Santos pratica-se o esporte

Com dignidade e com fervor

Seja qual for sua sorte

De vencido ou vencedor

 

Com técnica e disciplina

Dando sangue com amor

Pela bandeira que ensina

Luta com fé e com ardor

 

Roberta: não sabe o verdadeiro

 

José Rubens: "É o Leão do Mar"

 

Ronaldo: divulgar mais o oficial

 

Clóvis: "Prefiro o original"

José Luiz: "Marcha é do povo"

André "Gosto do Leão do Mar"

Fotos: Carlos Nogueira, publicadas com a matéria

MARCHA LEÃO DO MAR

(Letra e música de José Maugeri Netto e Antonio Maugeri Sobrinho -

janeiro de 1956)

Santos, santos, Gooool!

Agora quem dá bola é o Santos

O Santos é o novo campeão

Glorioso alvinegro praiano

Campeão absoluto desse ano

Santos, Santos, sempre Santos

Dentro ou fora do Alçapão

Jogue onde jogar

És o leão do mar

Salve nosso campeão

 

Boneco: som da marchinha

Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Conselho homologa música oficial em junho de 96

Da Reportagem

O hino oficial do Santos F.C., de autoria do músico Carlos Henrique Paganetto Roma (1936-1983), surgiu em julho de 1957. Apesar de existir há tanto tempo, só foi homologado como oficial do clube em 11 de junho de 1996, pelo Conselho Deliberativo do Santos, presidido por Edmond Atik.

O autor da proposta de homologação, Júlio Teixeira Nunes, um dos conselheiros mais antigos da Vila, afirma que desde 1990 insistia constantemente para a ratificação do hino no Estatuto do clube. "Comecei a correr atrás desta homologação depois que deixei o cargo de vice-presidente da Administração e Finanças do Santos, em março de 1990", recorda o conselheiro.

"Apresentei minha solicitação por escrito, pela primeira vez, em 26 de março daquele ano. Na época, o presidente do Conselho era o Mílton Teixeira. Insisti com todos os presidentes que passaram pelo cargo, mas até junho do ano passado, não havia conseguido nada", lembra.

Estatuto - De acordo com Júlio Nunes, o hino constava apenas num projeto de alteração do Estatuto do Santos. "Ninguém do clube nunca agiu para resolver o problema do hino. Quando foi reformulado o Estatuto, nos anos 60, o hino oficial não foi incluído", revela.

"A marchinha Leão do Mar, criada um pouco antes, acabou sendo gravada e comercializada por aí como se fosse o hino do clube. Mas, o hino verdadeiro sempre foi outro", reclama o conselheiro.

Este foi seu argumento principal para convencer os 179 membros do Conselho, que participaram da votação da proposta. "Consegui unanimidade para a homologação da música do Carlos Henrique", conta Nunes. Ele afirma ter conhecido o autor. "O Carlos sempre dizia que a marchinha era uma música de época. O seu hino, não. Era para sempre", recorda.

 

Os estatutos foram mudados nos anos

60

e o hino oficial não foi incluído

 

Mercado - O conselheiro não entende até hoje por que nem o Departamento Jurídico do Santos nem o Departamento de Comunicação nunca fizeram nada para resolver esse problema. "A marcha Leão do Mar está no mercado como se fosse o hino do clube e isso está errado", enfoca.

Ele não se conforma que alguém (os autores da marchinha), e não a entidade Santos F.C., esteja ganhando dinheiro com essa comercialização. "Existe um CD de hinos dos clubes de futebol e lá o Leão do Mar consta como hino do Santos. Isto é um absurdo", reclama, referindo-se ao CD da gravadora Cid Digital.

"Tem aquele boneco também, que você aperta e ele canta o hino do clube. Até naquele brinquedo o que toca é o Leão do Mar. E pior, como se fosse o hino do Santos", acrescenta Júlio Nunes, explicando sobre o mascote musical do time, fabricado pela Estrela.

Gravação - Segundo ele, que tem uma fita com uma gravação do hino oficial, "o Santos precisa divulgar e comercializar a música verdadeira do time. Já fiz cópia da fita e deixei na secretaria do clube", informa.

Júlio Nunes pretende agora conversar com o presidente do Conselho, Edmond Atik, para iniciar o processo de gravação comercial do hino verdadeiro. "Se ninguém se manifestar, eu mesmo vou agilizar isso. Provavelmente, iremos à Capital contactar produtores, músicos e gravadora para executar essa comercialização", conta o conselheiro. (VM).

O conselheiro Júlio Nunes: críticas ao Departamento Jurídico

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Em 1º de junho de 2009, o mesmo jornal publicou, na página B-5 (Esportes):

A torcida canta a marcha Leão do Mar e o hino Glória ao Santos FC

Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

HISTÓRIA

O som que sempre estremece a  Vila

Gravação do hino oficial do Santos completa 50 anos

Anderson Firmino

Da Redação

Quem assistiu a um jogo do Santos, na Vila Belmiro, sabe o tamanho da força de alguns acordes musicais. Quando o doce som de uma flauta anuncia que vai começar o Hino do Santos, a torcida do Peixe já se alvoroça. E não é para menos: o Hino Oficial do Santos (Sou Alvinegro da Vila Belmiro...), composto por Carlos Henrique Roma, cuja família tem a história misturada com a do clube (é filho de Modesto Roma, um dos maiores dirigentes santistas), composto em 1957, teve uma de suas gravações mais antigas lançada há exatos 50 anos. Ao lado da marchinha Leão do Mar, é o som que estremece Urbano Caldeira.

De acordo com pesquisa, cruzando informações de fontes como os sites da Fundação Joaquim Nabuco e do Instituto de Memória Musical Brasileira, feita pelo historiador José Ricardo Gonçalves, a gravadora Odeon lançou, em 1959, um disco 78 rotações, com interpretações do cantor Francisco Egydio. Numa das faixas, o hino do Alvinegro, cujo título oficial é Glória ao Santos FC, é cantado de forma solene. Na outra, Egydio canta outra música de exaltação, de nome O Santos Ganhou. Para o pesquisador, as gravações, obtidas junto a colecionadores, configuram verdadeiro "achado".

"Eu tinha na memória a gravação, dos meus tempos de criança, quando acompanhava um programa da Rádio Atlântica de Santos que só flava sobre o clube. A curiosidade sobre o intérprete sempre existiu, mas a partir de 2003, quando criei um site sobre música, pude ir atrás de informações mais detalhadas. Até que, em 2007, descobri endereços que possuem catálogos de quase todas as gravações feitas no País em 78 rotações e em LP", comentou Ricardinho, de 48 anos, engenheiro da Petrobrás e que morou na Cidade, no Marapé.

Porém, ele obteve duas cópias em formato MP3 das músicas do compacto e, em contato com a subsede do Santos na Capital, enviou os arquivos. O diretor José Carlos Peres lembrou que Glória ao Santos FC só foi homologado como hino oficial em 1996, pelo Conselho Deliberativo do clube, graças à propositura do conselheiro Júlio Teixeira Nunes.

E, como diz a própria canção, possuir duas músicas tão marcantes que remetem ao clube é "um orgulho que nem todos podem ter".

O INTÉRPRETE

O auge do cantor Francisco Egydio foi nas décadas de 50 e 60. Foi o primeiro a receber o Troféu Imprensa na categoria Intérprete, em 1960. Morreu em 2007, aos 80 anos

 

Clube investe em pesquisa

Criada em 2006, a subsede paulistana do Santos tomou para si uma importante bandeira: a da preservação da história do clube. Segundo o diretor José Carlos Peres, a missão tem sido cumprida com sucesso.

O Santos é o Barcelona do Brasil, um clube grande fora de uma capital. Temos uma história riquíssima, que não podemos deixar que se perca. Por isso, fazemos um trabalho de recuperação deste passado, um verdadeiro garimpo, que não é barato. Mesmo assim, é melhor gastar com a preservação do que em jogadores medianos", definiu Peres.

Ele conta que a grande fonte de material alusivo vem do bem mais precioso do Peixe: seus torcedores. "Eles mandam de tudo: vídeos, recortes de jornal, livros. O torcedor participa de forma bastante ativa, comprovando seu amor pelo clube", comentou o diretor, enquanto mostrava para A Tribuna imagens do DVD comemorativo dos 97 anos do Santos.

Boa parte deste material ajudou a composição do dossiê que pede a unificação dos títulos brasileiros das décadas de 50 e 60. Conduzido pelo jornalista Odir Cunha, o trabalho minucioso se coloca como instrumento vital para provar que o Santos, assim como outros clubes, foram campeões brasileiros entre 1959 e 1970, período em que foram disputados a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Ele será entregue ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no começo do mês.

"Pesquisamos muitos jornais da época, que declaravam os campeões nacionais. O próprio João Havelange (atual presidente de honra d Fifa e da CBD à época das competições) faz questão de lembrar isso. A CBF não terá escapatória", brincou Peres.

José Carlos Peres mostra dossiê pela unificação dos títulos brasileiros

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

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