Desta central, a Sabesp supervisiona suas operações na Baixada Santista; estatal recomenda cisternas inferiores em residências sobrepostas
Foto: Cláudio Vitor Vaz, publicada com a matéria
É de dar pressão alta. Mas não nos canos
Moradores de diversos bairros queixam-se da pouca força no bombeamento para suas casas. Para a Sabesp, são situações isoladas
Da Redação
Gota por gota. Não se trata apenas de um exercício para testar a paciência. Isso o advogado Orlando Moreira dos Santos Júnior e seus vizinhos têm de sobra. O que
está em falta é pressão para a água que sai das torneiras de suas residências, na Encruzilhada.
A insistente goteira na pia da cozinha não é um problema no encanamento. Resulta da pouca força com que o líquido chega à caixa d'água na casa sobreposta na qual o advogado reside há quase dois anos. "Todo o encanamento é novo. Mas a pressão da
água (da rua) é mínima", diz.
Ele comenta que são raras as ocasiões em que o líquido chega em abundância às torneiras do bairro. "Parece que a Sabesp diminui a pressão em alguns locais por falta de água. Eu não sou o único a reclamar. Há queixas de moradores de
Aparecida, Embaré, Encruzilhada, sem contar aqueles que residem nos morros", completa.
Santos Júnior cita que, para encher seu reservatório, a água deveria vir com fluxo suficiente até a altura da cisterna, a 12 metros do chão. Contudo, segundo suas medições, esse potencial não ultrapassa quatro metros acima do solo. "Há ocasiões em
que a pressão é menor; nas torneiras, não cai uma gota".
Protocolos foram abertos na prestadora do serviço, a maioria sem resposta. "A empresa mente para a gente. Ligo para reclamar e falam que vão resolver. Meu vizinho liga um minuto depois, e a atendente diz que não há queixas".
Por pouca pressão nas torneiras, a rotina da dona de casa Henriqueta Farias mudou. Moradora do Embaré, ela conta com a atenção de amigos e parentes para ter água em casa. "Muitas vezes, vou à casa de meu filho, na Ponta da
Praia, para tomar banho".
Os transtornos não param por aí. Quando há pressão, ela armazena o líquido em baldes e tonéis. "Não é sempre que falta, mas, devido à pouca pressão, é comum sair pouquíssima água das torneiras", afirma. "Embora com as torneiras abertas, o relógio
(que marca o consumo de água) não gira".
Caso a caso – Para o superintendente regional da Sabesp, João César Queiroz Prado, a baixa pressão é uma situação isolada. "Precisamos analisar caso a caso. Pode ser tubulação antiga enferrujada, um ramal da Sabesp danificado ou até um
vazamento que não foi identificado".
Prado cita o Código Municipal de Edificações (Lei Complementar 84, de 14 de setembro de 1993), que obriga as edificações com mais de três pavimentos (térreo e outros dois andares) a terem cisternas inferiores. "Casas sobrepostas têm, geralmente,
altura em que a pressão da água não é suficiente para encher uma caixa d'água".
O superintendente nega que o problema esteja atrelado aos novos empreendimentos imobiliários. "Antes de o projeto de um novo imóvel ser aprovado na Prefeitura, é necessária uma análise técnica da Sabesp", afirma.
Nessa etapa, técnicos da companhia estudam a melhor alternativa para fazer a ligação à rede de abastecimento. Prado explica que, na última década, Santos registrou aumento de 7% em ligações de novos domicílios à rede de água. "Quantidade superior
ao crescimento da população da Cidade, nesse período", pontua.
Queixas |
"Parece que a Sabesp diminui a pressão em alguns locais por falta de água"
"Há ocasiões em que a pressão é menor; nas torneiras, não cai uma gota"
"Ligo para reclamar e falam que vão resolver. Meu vizinho liga um minuto depois, e a atendente diz que não há queixas" |
Orlando Moreira dos Santos Júnior, advogado, residente na Encruzilhada |
Avaliação prévia
"Antes de o projeto de um novo imóvel ser aprovado na Prefeitura, é necessária análise técnica da Sabesp" - João César Queiroz Prado, superintendente da Sabesp na Baixada Santista, descartando a
hipótese de que a expansão da construção civil em Santos seja causadora de problemas de baixa pressão de água em bairros da cidade
Foto: Cláudio Vitor Vaz, publicada com a matéria
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