Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0118.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/02/03 14:48:16
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Telefonema irradiado

Toda a Baixada Santista pôde acompanhar pelas rádios a conversa de Magali

Aconteceu mesmo, não é lenda: uma conversa telefônica particular de um casal foi transmitida por rede de rádio para toda a região, sem que esse casal soubesse do fato, até que populares e repórteres entraram em contato para saber que história era aquela. E a história desse telefonema irradiado é a contada na quarta-feira, 7 de junho de 1995, pelo jornal A Tribuna de Santos, com foto por Walter Mello e charge do cartunista Seri:

Charge do cartunista Seri

Falha da Telesp resulta em quebra de privacidade

Problema provocou o vazamento de telefonema, que foi reproduzido por emissoras de rádio. Assinante agora quer mover ação contra a Telesp

Da Editoria Local

O sigilo nas conversas telefônicas, garantido pela Constituição Federal, foi quebrado, por falha no sistema da Telesp, sexta-feira à noite, na Rua Marcílio Dias, 40, loja 40. Magali Ozimo da Silva, de 35 anos (que possui loja nesse endereço), teve sua conversa com o marido, que está em Toronto, no Canadá, transmitida por emissoras de rádio. Resultado: várias pessoas ouviram o diálogo do casal.

A escuta aconteceu por volta das 19h30, durante o programa radiofônico A Voz do Brasil, produzido pela Radiobrás e transmitido, obrigatoriamente, pelas emissoras de todo o País. Como o telefone comercial (alugado da Telesp) tinha sido ligado naquele mesmo dia, ela só ficou sabendo da invasão de privacidade porque quando falava com o marido lhe passou o número do novo aparelho e, mais tarde, recebeu uma ligação de uma pessoa que ouviu pelo rádio, quando ela deu o número do telefone.

A situação, entende a comerciante, é mais grave a partir do momento em que se trata de um telefone comum, diferente dos sem fio (que funcionam por onda de rádio, portanto, fácil de captar pelo rádio) e dos celulares.

"Conversamos aproximadamente por dez minutos. Quando desliguei, um rapaz me ligou e disse que tinha ouvido a conversa na Rádio Jovem Pan FM, prefixo 95,3. Em seguida ligou uma repórter que, por sua vez, havia escutado a minha conversa com o rapaz. Mais tarde, ligou outro homem dizendo que escutou a conversa na Serra do Mar FM (103,7). E assim foi, sucessivamente, com umas seis pessoas, até gente do pólo industrial de Cubatão".

De acordo com Magali Silva, todos os ouvintes que telefonaram se mostraram indignados com o problema. Um deles, segundo ela, gravou parte de uma das conversas e lhe entregou a fita.

Magali: "irresponsabilidade"

Foto: Walter Mello, jornal A Tribuna

Desculpas - "Fiquei sabendo apenas porque dei o número do telefone. Isso já deve ter ocorrido várias vezes, mas como não foi dito o número, ninguém telefonou para a vítima para contar".

Ontem pela manhã ela disse ter sido procurada por um técnico e uma advogada da Telesp. "Eles disseram que isso nunca havia acontecido e pediram desculpas. O problema teria sido causado pelo fato de o fio do telefone estar encostado no fio de uma emissora de rádio. Como, se a caixa do meu prédio fica de um lado da rua e o da rádio do outro?".

De acordo com Magali, já no dia em que o telefone foi instalado (sexta-feira pela manhã) algo de anormal estava acontecendo com o aparelho. "As ligações que eu recebia eram muito baixas. Liguei umas quatro vezes para o 103 e o 104, pedindo conserto, mas não fui atendida. À noite, porém, quando liguei para o meu marido, no Canadá, o som estava perfeito. Só não imaginava que a conversa fosse ser ouvida pelo rádio".

Agora, o advogado de Magali vai entrar com ação contra a Telesp, por danos morais. "Não falei nada de mais com o meu marido. Mas, como trabalho com computadores, poderia ter passado informações importantes. E mesmo que só falasse amenidades, o direito de privacidade deve ser preservado. É muita falta de responsabilidade da Telesp". A direção da Telesp, procurada ontem várias vezes, não se pronunciou.

Para radialista, caso é "impressionante"

"Impressionante!" Desta forma se expressou o coordenador da Rádio Jovem Pan, Marcelo Petito, sobre o episódio que envolveu a comerciante Magali Ozimo da Silva. Ele assegura que nos seus 18 anos trabalhando com rádio é o primeiro caso deste tipo de que tem conhecimento.

Petito explica que no horário em que aconteceu o vazamento da conversa, a retransmissora regional da programação da Jovem Pan estava desligada para liberar a entrada do sinal do satélite, que passa a programação de São Paulo. Esse satélite, de acordo com ele, conta com filtros e bloqueadores para evitar que a programação da emissora entre em outras freqüências da região.

O radialista esclarece ainda que o operador não poderia ter interferido para tentar interromper a conversa (com a redução do volume), pois o áudio também estava bloqueado.

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais