Hoje que toda Santos engalanada comemora a passagem do seu centenário, exaltamos a memória dos seus dignos antepassados, revivendo as páginas históricas marcadas pelos mesmos, prestando-lhes uma sincera e tocante homenagem, com reconhecimento dos serviços prestados no decorrer dos anos que se foram. Relembramos hoje o nome de todos aqueles que com seus exemplos dignificantes tanto elevaram o nome de Santos, São Paulo e principalmente o do nosso extremado Brasil, quer no setor político ou no cenário de outras atividades.

Braz Cubas, por exemplo, ocupa hoje grande destaque nas páginas dos jornais santistas, que exaltam sua memória de fundador da cidade. Mais adiante, o padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão tem também o seu lugar marcado na história, como também os irmãos Andradas, Pego Júnior, Dino Bueno, Galeão Carvalhal, Martins Fontes, Paulo Gonçalves e outros vultos contemporâneos. Todos são hoje lembrados.

Um santista, porém, existiu que, pelos seus remarcados serviços prestados à nação, a São Paulo e a Santos, merece na data de hoje um destaque na galeria dos grandes vultos santistas: o vulto eminente de Victorino Carmillo Gonçalves, pena das mais brilhantes, espírito dos mais belos e puros. Esse grande vulto nacional, que foi um dos mais destacados propagandistas da República, honrou sobremaneira a sua terra e a sua gente! Nos dias efervescentes das jornadas republicanas, o grande Victorino Carmillo espalhou por todos os cantos da Pátria a semente da propaganda republicana, sendo eleito pelos seus companheiros de ideal o primeiro vereador republicano, ainda na vigência do Império.

Neste posto, agigantou-se, aumentando a propaganda com o seu verbo inflamado, para ser mais tarde coroado de êxito o seu ideal, com a implantação do regime republicano no Brasil em 1889. Santos muito deve a esse vulto eminente. Como homenagem aos serviços por ele prestados à pátria e a São Paulo, cultua-se na capital a sua memória, existindo até num dos seus mais populosos bairros, como é a Barra Funda, uma via pública com o nome de Victorino Carmillo.

Homenagem idêntica foi prestada ao grande brasileiro na Alta Sorocabana, onde foi dado a uma das cidades o seu nome, em que por curiosa coincidência, nos dias memoráveis de 1932, a brava mocidade santista portou-se com raro brilho e estoicismo, honrando a memória do grande santista que empresta o nome àquela cidade paulista, tão visada na jornada homérica de 9 de julho de 1932. Assim, comemorando-se hoje o centenário da elevação de Santos à categoria de cidade, é justo por todos os motivos que relembremos a memória de Victorino Carmillo Gonçalves, que em vida foi um dos grandes e prestantes cidadãos, honrando com sua cultura e tenacidade a cidade que lhe serviu de berço.

(*) Colaboração especial para A Tribuna.