Dr. Bruza: para muitos, um missionário
O lugar perde seu velho médico. E lamenta muito
Há sete meses, Bertioga perdeu um antigo morador. um homem
considerado simples, bom e amigo. Mais que um morador comum, Durval Bruza era médico de Bertioga há mais de 30 anos, e nunca pensou em abandonar
aquela criançada perdida nas matas e praias. Com certeza, nenhuma criança de lá escapou ao seu exame de especialista.
Ficou conhecido também por resolver tudo na hora, sem burocracia, "arregaçando as mangas". Quantas vezes não
providenciou ele próprio o conserto do velho telhado do Centro de Saúde? Um Centro de Saúde que ele lutou muito para ver instalado em Bertioga.
Mais do que um pediatra, sempre foi tido pela população como um verdadeiro missionário. E, nesses anos todos de
trabalho, sempre contou com o apoio da esposa, Maria Rita, a Marita, não menos popular e querida. Imaginem: ela vem trabalhando esses anos
todos sem receber um tostão. É voluntária, mas em nenhum momento usa esse argumento para se vangloriar.
Elkias, dona Maria e seu Mário sentem falta da tranqüilidade perdida
Forte do século XVI, a principal atração
Ninguém pode dizer que a beleza natural representa pouco.
Mas, tirando-se isso, Bertioga dispõe de poucas atrações para oferecer aos visitantes. As principais delas são o Forte São João e o Museu João
Ramalho, situados em frente ao canal, em plena areia da praia.
Quem chega ao Distrito logo tem sua atenção despertada por aquela construção austera, cercada não só por areias
brancas, mas por uma imensa área verde, onde se destacam centenárias árvores frutíferas. Não bastasse a beleza do milenar forte, em suas
dependências funciona o Museu João Ramalho, que possui um acervo superior a 120 peças antigas, diretamente ligadas à história de Bertioga e da
região.
Tudo se encontra na mais perfeita ordem, para orgulho do zelador Antônio Francisco Barbosa. Ele está lá há mais
de 20 anos e gosta de ver aquilo cheio de gente. Gente que, como ele, se interessa por coisas passadas e reconhece o valor de tudo aquilo.
"Meu nome já está em Roma", afirma, sem conseguir esconder o ar de satisfação. Também pudera; quem quer saber a
história do Forte São João e da própria Bertioga, basta perguntar a seu Antônio. E é isso que fizeram os jornalistas italianos, daí ele
dizer que seu nome já foi parar em Roma.
"Eu conheço um pouquinho", comenta em tom modesto, e passa a relatar em detalhes vários fatos ligados à passagem
de Anchieta, Hans Staden e dos irmãos Braga por Bertioga. Dá uma verdadeira aula.
Entre o atendimento a um ou outro turista, seu Antônio roça mato, varre, carrega aterro e procura deixar
impecável a área onde se localiza o forte. Vez ou outra contrata um ajudante, mas não pode fazer isso com freqüência porque o patrimônio é mantido
sem nenhuma ajuda oficial. A única renda provém da cobrança de uma taxa quase irrisória de ingresso.
Não é à toa que seu Antônio fica contente quando a imprensa se dispõe a divulgar o forte e o museu. Sem
visitantes não há arrecadação de fundos e, sem eles, como fazer a manutenção? Os santistas são os que menos aparecem por lá, e para eles vai um
recado especial: o Museu João Ramalho permanece aberto de terça-feira a domingo, das 9 às 11 e das 13 às 17 horas.
Enquanto o Forte de São João, cuja construção data de 1547, passou por reformas que garantiram a sua
preservação, igual sorte não tiveram a ermida de Santo Antônio do Guaibê e o Forte de São Felipe, ambos localizados na Ilha de Santo Amaro, mas
eminentemente ligados à história de Bertioga.
Da ermida de Santo Antônio do Guaibê, onde Nóbrega e Anchieta rezaram missas para os indígenas, restam apenas
uma cruz de madeira e imensos paredões com cerca de 80 centímetros de largura. Se não for providenciada uma restauração urgente, em pouco tempo
nada mais existirá no lugar.
Um pouco mais de história está se perdendo também com a deterioração crescente do Forte de São Felipe,
construído no século XVI. Ele fica na chamada Ponta da Armação e foi cenário de lutas homéricas. Com o tempo, acabou transformado em armação de
baleias e, apesar de ser considerado o mais belo e indestrutível marco da arquitetura militar portuguesa do século XVI, permanece esquecido. Vá
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