Rua Conde D'Eu: tão estreita e com seus velhos sobrados, parece parada no tempo
Um retrato da Cidade. E um perfil de sua gente
Prepare o seu coração para uma grande aventura. Uma aventura
que muita gente vive diariamente, sem em nenhum momento se dar conta disso. Essa aventura nada mais é do que caminhar pelas ruas do Centro, com
tudo que isso implica. Ou seja: escapar de carros velozes, esbarrar em ambulantes, tropeçar em móveis espalhados pela calçada ou ser literalmente
arremessado para dentro de alguma loja por alguém mais apressadinho.
Se estiver chovendo, somam-se a tudo os jatos de água lançados por carros, caretas de guarda-chuva cutucando as
costas ou quase perfurando os olhos e ainda as inconvenientes goteiras (cachoeiras) do alto das construções. Com chuva forte, quem sabe não
precisaremos de um barco para cruzar trechos da João Pessoa, da Constituição ou da São Francisco?
Pois bem. Apesar de tudo isso, vamos encarar esse Centro de frente. Caminhar observando mais esse pedaço de
Santos, seus prédios, suas praças e as construções remanescentes de outros séculos. E tentar conhecer um pouco mais as pessoas que fazem parte do
seu dia-a-dia. Andar e andar bem devagar, como no tempo em que a lentidão de movimentos não representava um pecado mortal, coisa mais do que
inadmissível.
I - Começar por onde, nesse emaranhado de ruas? Que tal
pelos lados onde nasceu Santos, ou seja, pelas imediações do Outeiro de Santa Catarina? (Não adianta torcer o nariz e dizer que não seria um bom
começo, porque tudo por ali anda muito feio e abandonado. Se é essa a realidade, adianta fugir?).
O velho outeiro já deu muito o que falar. Apesar de ser considerado um marco do renascimento de Santos, quase
acabaram com ele. Ou melhor, foi a Câmara que quase acabou com ele: os ilustres edis decidiram-se pela demolição parcial da baita pedra para abrir
uma ligação com a Rua Josefina (atual Constituição). Como se não bastasse, o prédio acastelado que João Éboli mandou construir sobre o outeiro
está caindo aos pedaços. O banheiro não existe mais e, dos seis quartos, três continuam sendo ocupados por Mílton da Silva, a mulher, três
crianças e mais a sogra, uma senhora de 64 anos. Todos foram vítimas de algum tipo de acidente devido às condições do imóvel. Alan, de 6 anos, já
caiu de uma altura de quatro metros, porque o piso de um dos quartos cedeu. Escapou por sorte, e não é à toa que Milton vive dizendo: "Isso aqui é
o fim da Cidade e não o começo".
E ali bem perto, a poucos metros do Outeiro, a Casa do Trem tenta resistir à ação do tempo. O ex-depósito de
material de guerra, construído em 1656, é tido como o mais antigo prédio de Santos. Mesmo assim, não recebe a devida atenção dos órgãos
competentes: os visitantes deparam com entulhos em uma das dependências e os cupins de deliciam com as centenas de livros e revistas doados à
Prefeitura para se fazer uma biblioteca. Isso só para citar dois exemplos.
Dá para se orgulhar de algo por aquele canto? Claro que sim. Foi ali na Rua Tiro 11 com Rua Xavier da Silveira,
mais exatamente no Bar do Careca (instalado no famoso Edifício Dias), que nasceu o Esporte Clube Pedra 90. Trabalhadores do cais e de empresas de
transporte resolveram fundá-lo em homenagem à seleção brasileira, campeã no México em 1970. De lá para cá, o futebol varzeano de Santos ganhou um
time que entra em campo sempre disposto a dar verdadeiros shows de bola.
Quando o Geraldo, o Genivaldo, o Durval, o Nélson e tantos outros freqüentadores do Bar do Careca se juntam para
falar sobre o Pedra 90, o amor a ele fica patente. E ninguém pode lhes tirar a razão, quando dizem que pela agremiação passaram grandes craques
como o Luís Carlos, o Neizinho, o Fred e o Adalbertinho. Gente boa que ajudou o clube a conquistar um dos seus mais de 150 troféus.
Mais um detalhe: o nome Pedra 90 é inspirado em uma música do Nélson Rodrigues e quer dizer sinceridade, segundo conta Geraldo, o presidente.
II - Vamos deixar o pessoal do Pedra 90 revivendo grandes
vitórias e seguir em frente. Preste atenção no sobradinho da Rua Tiro 11, quase esquina com Braz Cubas (SIC: esquina com Rua Visconde de São
Leopoldo): aquele menino moreninho, encabulado e que não gosta de conversa com estranhos, passa boa parte do tempo assim, na janela, espreitando o
mundo com seu jeito triste. É mais uma entre as milhares de crianças que vivem em cubículos insalubres. E que tentam resistir, apesar de tudo.
Logo adiante, a gente depara com árvores enormes, coisa rara nessa Santos onde cada vez mais o concreto aponta
em direção ao céu. Estamos na Praça da República, onde fica a Receita Federal, e a poucos metros da famosa estação das barcas. Ah, as barcas,
sempre cheias no horário do rush, sempre deixando os trabalhadores na mão...
A praça se chama da República, mas o monumento nela existente homenageia o fundador de Santos, Braz
Cubas. Embora a obra do escultor italiano Lorenzo Masza seja considerada uma das obras-primas do Continente, está tão abandonada quanto um monte
de lixo qualquer. Dá para entender tamanha incoerência?
E é igualmente encardido e sujo que se encontra o monumento em homenagem aos fundadores da antiga Cia. Docas,
Cândido Gafrée e Eduardo Guinle, na Praça Barão do Rio Branco. Aliás, estamos diante de mais um caso onde a praça leva o nome de uma
personalidade, mas o monumento lembra outra (ou outras) que nada têm a ver. E estamos em mais uma praça esquecida, que nem recebe varrição. Um
contraste evidente com o suntuoso e envidraçado prédio do Instituto Brasileiro do Café, lá instalado.
Também merece o adjetivo suntuoso o panteão dos Andradas, com seu mármore reluzente e seu estilo
colonial, que tanto agrada aos visitantes. Visitantes que se admiram igualmente com a beleza da Igreja do Carmo, que ostenta detalhes barrocos até
mesmo no forro da nave principal. E que dizer das numerosas imagens, preciosas relíquias da arte religiosa?
III - Pausa para respiração. Andamos tanto que chegamos à
Rua XV de Novembro, digna de muitas referências especiais. Basta saber que nela fica o prédio da Bolsa do Café, um dos mais belos de Santos. A
arquitetura exterior é inspirada no Renascimento italiano e não há quem não admire a beleza de detalhes como as duas estátuas sentadas que
representam Mercúrio, o Deus do Comércio, e Ceres, a Deusa da Agricultura. E que dizer da torre de 40 metros de altura, elevada no canto da Praça
Azevedo Júnior e da Rua Frei Gaspar?
Mas o outrora movimentado Palácio do Café anda silencioso e esquecido. O atual presidente da Bolsa, José Carlos
Júnior, vem lutando pela restauração do edifício e fala até em reativar o pregão. Quem sabe com isso a Rua XV tenha de volta a vida de outros
tempos...
Enquanto isso não acontece, vamos dar uma espiada no edifício da Associação Comercial de Santos, no número 133
da mesma rua. Notem: ocupa toda a frente da última quadra da Riachuelo, até a Rua Tuiuti. Só que o bom mesmo está lá dentro: uma valiosa
biblioteca e galeria de quadros raros.
A mesma Rua XV - mais conhecida pelos jovens por ser sede do Banco do Brasil - poderia ter uma outra construção
da qual se orgulhar: no número 103, existiu a casa onde nasceu e morou o patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. Adivinhem
o que aconteceu com ela? Fácil, fácil. Veio abaixo. Em seu lugar, surgiu o prédio onde funciona o Banco do Comércio e Indústria.
Olhando-se ao redor, não fica difícil imaginar que outras tradicionais construções vão ter o mesmo fim. Sucumbem
sob a ação do tempo. Diante de tanta coisa que se perdeu e se perde, a gente até estranha quando entra na Tipografia Brasil e depara com a
seguinte inscrição: fundada em 1893 - telephones 2985 e 6849. Pertenceu ao conhecido campeão brasileiro de remo, Acácio de Oliveira Leite,
e hoje está aos cuidados de seu filho, Acácio Júnior.
Ele gosta de falar sobre o pai. O Ovídio Valente, que trabalhou na casa por 42 anos, também. Só que, se ficarmos
entretidos conversando com eles, não conseguiremos percorrer nem metade do Centro. Avante, pois, sem esquecer de observar, na Rua XV com
Riachuelo, um imóvel de tijolinhos rosados, estilo europeu, ornamentado com a figura da loba alimentando os gêmeos Rômulo e Remo.
IV - Nada de ficar detido diante da figura, imaginando
coisas do Império Romano. Por enquanto, vamos ficar só com as nossas tradições e ter o prazer de ver como continua bem conservada a mansão onde
viveu o coronel José Antônio Vieira de Carvalho, governador do Forte de Itapema, no Largo Senador Vergueiro. Dizem que, entre os prédios
particulares (abriga os escritórios da firma Hard Rand S/A), é o mais antigo de Santos.
Continua bonito, com suas portas enormes e grades de ferro nas pequeninas e numerosas sacadas. Em compensação,
em frente a ele, novamente as marcas de destruição: só ruínas e vestígios da velha Western Telegraph. Mais uma demolição em nome do progresso.
Seguir pelas ruas Tuiuti, José Ricardo e Travessa Comendador Neto proporciona um verdadeiro retorno ao passado.
Volta e meia a gente depara com alguma construção do século XIX, conforme anunciam as datas nas fachadas. Mas gostoso mesmo é caminhar pela Rua
Conde D'Eu, toda em curva, estreitinha como ela só em alguns pontos. Uma imagem que muito santista desconhece.
Pela Conde D'Eu, a gente acaba caindo na Rua do Comércio. Agora não dá mesmo para conter a raiva. Vejam o estado
do prédio em estilo azulejado da Rua do Comércio 92/98! As autoridades ligadas ao patrimônio histórico já cansaram de falar na restauração do belo
conjunto arquitetônico. Até agora nada fizeram e talvez quando decidirem pôr mãos à obra seja tarde demais. Não é por falta de falar e denunciar.
Antes que a raiva aumente, vamos nos contentar com o fato de que a Cia. Bandeirantes de Armazéns Gerais teve o
cuidado de manter o aspecto original (externo) do prédio de tijolinhos que ocupa, na Rua do Comércio, 71. Coisa de 1904. Para confirmar que a
construção continua como antigamente, basta observar a enorme foto logo na entrada: lá está ela, cercada pelas carroças com as quais se
transportava café para o cais.
Aproveitando-se a proximidade, que tal uma chegadinha à Praça dos Andradas? Não, não se entusiasme muito. É
preciso muita sorte, muita mesmo, para ver um dos bichos-preguiça que vivem nas centenárias árvores. Ficam escondidos e viram notícia quando
despencam do alto, se arrebentando no chão.
Nessa de ficar olhando para o alto e procurando as preguiças, cuidado para não tropeçar em nenhum lambe-lambe,
engraxate ou vendedor de bijuteria. E por falar nisso, Santos está perdendo mais um pouco da sua tradição: só restam dois dos tradicionais
fotógrafos que retrataram a praça e os visitantes que a ela acorriam nos últimos 60 anos. Sabe-se lá quanto tempo mais esses dois últimos vão
resistir. Se ninguém tomar providências, daqui a pouco tudo não passará de mais uma história sobre o passado da cidade.
Os engraxates e seus cadeirões coloridos também estão diminuindo. Também pudera: conforme contam o Manoel
Antônio, o Durcindo e o Delegado, o movimento anda fraco. Os homens hoje em dia usam sandália e tênis. O dinheiro anda curto. Para piorar,
os engraxates não dispõem de sindicato ou associação. Conforme conta o Paulo da Silva, quantos já não enfrentaram a difícil situação de ficar
doentes, sem poder pagar aluguel, filhos passando fome?
(Atenção: esses dois garotos que acabam de passar são o Pedro e o Reginaldo. Engraxates também, só que desses
que circulam o dia inteiro com a caixa nas costas, à cata de freguês. Figuras típicas do Centro. Pequeninos e já lutando pela sobrevivência).
Já que a caminhada precisa prosseguir, não se atordoe ao ver o estado do Cine-Teatro Guarani. Mais um pouco e
desmorona, apesar de documentar a ocupação urbanística e arquitetônica do Centro. É vizinho da antiga Casa de Câmara e Cadeia Velha, cuja
construção data de 1839 a 1870. Esta pelo menos foi restaurada, é sede da Casa de Cultura do Litoral e aglutina movimentos ligados a cinema,
teatro e outras artes.
Em diferentes pontos, os ambulantes
V
- Da Casa de Cultura não há como não notar a Estação Rodoviária que, com seu ir e vir de ônibus, evidencia que moramos em uma cidade no mínimo de
porte médio. E por falar nisso, como Santos fervilha (de dia, bem entendido) entre a Rua General Câmara e a Avenida São Francisco!
Vejamos: muitas casas de comércio, escritórios, lanchonetes e, de quebra, empresas grandes como A Tribuna
(no prédio que vai da General Câmara à João Pessoa funcionam o jornal, prestes a completar 90 anos de idade, duas rádios AM e uma FM) e a Caixa
Econômica Estadual.
É um corre-corre de gente para lá e para cá o dia todo, sempre com uma concentração maior por perto das lojas
Americanas e Brasileiras, ou dos chamados baratões: casas que empilham mercadorias a preços bem populares, em diversas bancas para a
mulherada mexer e remexer à vontade.
Olhem só, olhem só: o garotinho que não deve ter nem 10 anos de idade dá um empurrão na mulher e tenta tirar-lhe
a bolsa. Ela agiu mais rápido. Ele corre para a Pastelaria Sumatra, perde-se no meio daquele mundaréu de pessoas. A mulher, ainda assustada,
estremece quando alguém lhe segura o braço: nada demais, apenas uma senhora tentando vender-lhe uma caneta para ajudar uma instituição de
caridade.
Mais à frente, na mesma João Pessoa, a nossa personagem involuntária quase pisa nas bijuterias que um casal de
cabelos longos espalhou pela calçada. Estava distraída, olhando a multidão que se acotovela na esquina com a Rua Riachuelo. Adere ao grupo de
curiosos: um senhor mostra um aparelhinho maravilhoso, com o qual se faz legumes virarem florzinhas e bichinhos. Por apenas Cr$ 2
mil.
De repente, o som de um acordeão e pandeiros toma conta do ambiente: é o Exército da Salvação arrecadando
donativos. A mulher joga uns trocados. Metros adiante, se compadece com a figura do cego, chapéu estendido. Mais umas moedas. Percebe que só ficou
com o dinheiro da condução, corre para pegar o ônibus. O ponto em frente à Marisa está cheio, como sempre. Cuidado com a bolsa. O Cubatão-Fabril
já chega estufado. Sai mais ainda. Nossa personagem vai pendurada na porta, numa doce gentileza do Grupo Viação.
VI - A mulher deve ter ficado um bocado cansada. E nós
também. Então, vamos a um refrigerante no tradicional Café Carioca. Na certa encontraremos algum político por lá, mas como já passou a eleição não
há perigo dele nos abordar à cata de votos.
Da porta do Carioca, a gente vê o austero prédio do Correio e a não menos imponente construção onde funcionam a
Prefeitura e a Câmara. Olhando a escadaria e a baita porta de ferro, a gente sonha com o momento de ver passar por lá um prefeito eleito por nós.
E se estamos na Praça Mauá, vale lembrar que ela foi construída tendo como modelo os jardins de Versalhes.
Inclusive a ninfa naiada - estátua decorativa junto ao ponto do ônibus 42 - é reprodução de uma idêntica, francesa. Mas será que é o abandono de
tudo à volta que não deixa a gente se sentir num autêntico jardim de Paris?
Por falar em abandono, vejam o estado da Praça Rui Barbosa. Tudo ali fora projetado de modo a homenagear
Bartolomeu de Gusmão, o padre voador (não liguem para a incoerência: na Praça Rui Barbosa, não há um busto do dito cujo). Só que o monumento anda
sujo como ele só e nem existem mais os postes de iluminação com balõezinhos pendurados.
Para não ficarmos amargurados demais diante de tanta negligência, na certa nos fará bem uma chegadinha na Igreja
do Rosário. Data de 1757, foi matriz e teve a honra de ser catedral da Diocese de 1938 a 1939. Na saída, não esquecer de dar uma olhada no prédio
onde funciona o Banco de Minas Gerais: é estilo alemão (já abrigou a Galeria Alemã), coisa rara em Santos.
Nada de outro refrigerante no Paulista. Muito menos de um chopinho no Nicanor. Trate de ficar atento. Que
quantas construções interessantes escondidas atrás das placas e letreiros das lojas! As da Riachuelo com Dom Pedro e Dom Pedro com General Câmara
servem como bons exemplos, mas não tente olhá-las melhor do meio das ruas; os motoristas, sempre apressados, não entendem essas coisas.
E antes de reclamar do cansaço, não podemos deixar de ir até a Rua Amador Bueno, sempre congestionada. Não
adianta se irritar com as lojas que instalam móveis em plena calçada e nem com as águas malcheirosas que rolam pelas sarjetas. Se a gente falar
qualquer coisa, mandam ir reclamar para o bispo. Uma falta de respeito...
Pois é. E as calçadas são tão estreitas que mal se pode parar para escolher um cinto ou uma carteira com o
ambulante Rafael, olhar as fotografias expostas nas vitrinas dos tradicionais fotos (sempre há bugiganga numa das lojas que deixam tudo
pendurado no teto ou nas laterais, do lado de fora). Muito menos observar a beleza arquitetônica do Centro Português, aquele do famoso Rancho
Folclórico Verde-Gaio.
Na impossibilidade de se fazer essas coisas, vamos buscar a sombra das árvores da Praça José Bonifácio. O
monumento nela instalado homenageia adivinhem quem? Não, não é o José Bonifácio, porque nessas praças de Santos tudo anda trocado. Lá está o
Mausoléu do Soldado Santista de 1932, obra-prima de Del Debbio. Como todo o restante da praça, encontra-se sujo, sujo. Brilhante mesmo só a perna
do soldado que as crianças costumam fazer de escorregador.
A Catedral dispensa comentários, tão cheia de coisas bonitas para se contemplar. O templo obedece ao estilo
gótico: apenas a cúpula é renascentista. Vale a pena se deter para observar os detalhes externos e, no interior, os vitrais, rosetões e imagens.
Ao lado fica o não menos importante Teatro Coliseu, que por muito pouco não foi demolido. Agora o Condephaat
anunciou sua desapropriação. Esperemos a reforma!
VII - Ei, mas espera aí! São quase 19 horas e a gente ainda
está andando pelo Centro. Não deu tempo de visitar nenhum consulado, comprar peixes ou pintinhos nas casas de aves da João Pessoa e nem olhar as
novidades na Importadora Braz Cubas, tão tradicional.
Onde foi parar aquele mundo de gente e de carros? O silêncio tomou conta do Centro: agora ele pertence aos
bêbados, às prostitutas, às famílias dos porões. Pertence a essa gente amargurada. Gente como nós.
Este é o estado do casarão assobradado sobre o Outeiro de Santa Catarina;
em pouco tempo, não restará mais nada
|