Sem áreas de lazer, as crianças brincam nas ruas
Brasil, o time que é um orgulho
Se tem algo que não falta em Areia Branca são clubes e seus
respectivos times de futebol. Os moradores dividem a preferência entre nada menos que cinco: Brasil, Botafogo, Bandeirantes, Areia Branca e São
José. Entre eles, o mais tradicional é o Brasil, organizado em 1952 (e oficializado a 5 de fevereiro de 1953) por um grupo de rapazes cansados de
não terem o que fazer nos fins de semana.
Nos dias úteis, o pessoal dava duro no trabalho. Aos domingos, tinha que ir buscar diversão em outros bairros,
porque a Areia Branca não oferecia nada. Vai daí que o Lauro Mandira pensou em fundar um clube, no que foi apoiado por Claudiomiro da Silva, Renan
Ribeiro, Giovan Teles Carneiro e Luís Maria Simões. Não sonhavam alto: pretendiam apenas realizar bailes, quermesses e, logicamente, estruturar um
time de futebol. Quem não jogasse torcia e assim haveria divertimento para todos.
E a idéia logo ficou perto da concretização, pois apareceu um turco vendendo camisas olímpicas. Os rapazes,
animados que estavam, não deixaram por menos: compraram dois jogos de camisas.
A recompensa pelo investimento inicial não tardou, porque pouco tempo depois o Brasil disputou sua primeira
partida, contra o Rubiácea, do Morro de São Bento, e venceu por 2 a 1. Os gols foram marcados por Geraldo e Ademar, dois dos melhores craques da
equipe. E se há um jogo que os antigos não esquecem é aquele de 1955, contra o Cruzada Paulista, em São Paulo. O Brasil ganhou por 3 a 1, e
quebrou a invencibilidade de 50 jogos do adversário.
Mas a vitória maior, não se pode negar, é manter um clube pobre por tantos anos. Dificuldades não faltaram
nesses 30 anos, e as coisas só não foram piores porque o Brasil tem sede própria, construída em terreno cedido por Luiz La Scala Júnior (eleito
prefeito de Santos em 1961, não assumiu porque morreu dias antes em acidente de automóvel).
O futebol prossegue com força total, porque garra para isso nunca faltou. Dos quadros do Brasil já saiu
muita gente boa, embora ninguém tenha optado pelo futebol profissional. Sabe como é: os rapazes trabalham, muitas vezes garantem o sustento da
família e preferem não trocar o certo pelo incerto.
Lances inteligentes e bonitos nunca faltam nas partidas que o Brasil disputa. Ultimamente, Hélio, Erivelto e
Moisés têm deixado a torcida de boca aberta com as jogadas próprias de quem entende muito do assunto. Com a ajuda deles, a agremiação vem se
saindo muito bem no campeonato promovido pela Liga Santista de Futebol Amador: está invicta há mais de 30 partidas e é a única da Zona Noroeste
que se classificou para a 2ª fase. Sem dúvida, esse Brasil dá mais alegria à torcida do que um certo Brasil que esteve na Europa recentemente... |