Vicente Leporace, o "Trabuco"
Foto: Histórias que o Rádio Não Contou
Vicente Leporace
A Rádio Atlântica de Santos-SP, no dia 3 de setembro de 1937, inaugurou o seu Teatro de Antena sob a direção de Armando Rosas, com
a peça de Luiz Iglesias Onde Estás, Felicidade?, apresentando no seu elenco um jovem radioator, vindo da PRB-5 Rádio Clube Hertz de Franca, interior de São Paulo, que anos mais tarde se tornaria um dos mais discutidos profissionais do rádio
brasileiro: Vicente Leporace.
Leporace fez de tudo no rádio: foi redator, locutor, programador, discotecário, radioator, apresentador de televisão (Gincana Kibon com Clarice Amaral - Canal 7 - SP), ator de cinema e
televisão, passando por diversos prefixos tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, sempre com muito sucesso e profissionalismo.
No dia 1º de abril de 1951, além de suas funções habituais (era o discotecário-chefe), Vicente Leporace lançou pela PRB-9 Rádio Record de São Paulo o Jornal da Manhã, um informativo de
meia hora que ele mesmo produzia e apresentava.
Onze anos mais tarde, resolveu, por questões salariais, transferir-se para a Rádio Bandeirantes PRH-9, onde, em 1962, lançou o Trabuco, um informativo matinal que consistia na leitura diária
das notícias veiculadas nos principais periódicos do país, seguidas de comentários e críticas sobre elas... Acima de qualquer traçado comparativo, quando Vicente Leporace empunhava o seu Trabuco, justificava qualquer comentário que exaltasse
o seu trabalho e a sinceridade dos seus propósitos...
Leporace fazia questão de deixar bem claro que assumia a inteira responsabilidade pelos conceitos e críticas que fazia, sempre mordazes, contundentes e temidas, transformando-se num autêntico
defensor dos menos favorecidos, que tinham no radialista um bravo, um lutador obstinado por um Brasil melhor, principalmente no aspecto político, social e econômico.
Quando indagado por que Trabuco, tinha prazer em esclarecer de que não se tratava apenas da alusão a uma arma de ataque e defesa, como também a uma corruptela nascida na Calábria, terra
de seus pais, que, estando dominada por tropas invasoras, seus habitantes ao trocarem informações utilizavam-se do método de boca a boca, originando o neologismo trabuque, entre boca, ou o que não podia ser dito em voz alta...
Durante o regime militar (Revolução de 1964), Leporace, por diversas vezes, apresentou o Trabuco de peito aberto, sob a mira de um fuzil ou metralhadora, que não foram suficientes para
intimidá-lo ou para provocar uma mudança no seu comportamento sempre contundente, irônico e sequioso da verdade.
Leporace foi hóspede quase permanente da Delegacia de Ordem Política e Social que, em nome da censura, o mantinha constantemente em seus famigerados porões.
Vicente Leporace, pela sua coragem e desprendimento, tem assegurado um lugar de honra entre as personalidades radiofônicas do nosso País. O Trabuco refletiu todo o seu patriotismo e o
seu amor à causa pública, que sempre defendeu dentro dos princípios morais e éticos. Durante dezesseis anos seguidos, sua voz foi ouvida pelas ondas da PRH-9 Rádio Bandeirantes de São Paulo, mantendo-se em atividade até o seu falecimento, ocorrido
no dia 16 de abril de 1978, aos 66 anos de idade.
Vicente Leporace desapareceu sem concretizar um dos grandes anseios de sua vida: o de editar em Santo Amaro-SP um jornal diário que chegou a ser constituído e registrado como O Trabuco,
mas que nunca chegou às bancas... |
Luiz Lopes Corrêa Numa bela manhã de outono do mês de abril
de 1949, surgiu não sabemos de onde, na PRG-5 Rádio Atlântica de Santos, um jovem franzino e de baixa estatura, ostentando, como complemento do seu terno alisadinho, uma vistosa e colorida
gravata borboleta, desejoso de se submeter a um teste para speaker, antiga denominação dada aos locutores de rádio.
A PRG-5 Rádio Atlântica de Santos se autodenominava "A Voz do Mar". Após as conversações preliminares, ficou decidido pelo então chefe dos locutores e diretor da emissora, Ernani Franco (Virgilato Franco Baccarat),
que o estranho que ali buscava uma oportunidade iria ter sua chance, mas para isso teria que mostrar suas qualidades, porque na sua opinião, o candidato parecia muito mais um "jóquei de elefante" do que locutor de rádio.
O teste transcorreu normalmente e o aspirante ao estrelato gecincano saiu-se satisfatoriamente; esta, porém, não foi a opinião do Ernani Franco.
Repentinamente, sem que ninguém tivesse percebido ou pudesse imaginar, formou-se um tumulto, nascendo uma acalorada discussão entre o postulante e o próprio Ernani, que culminou com a expulsão do moço que ali fora
em busca de trabalho, o qual, aos berros e safanões, foi jogado na rua quase que aos pontapés.
Já no meio da calçada, o estranho ainda vociferava.
- Ernani Franco, você é um grosso; você não entende bulhufas do que é ser locutor ou speaker de rádio. Você não tem cultura para poder avaliar a pronúncia estrangeira. O teu negócio é irradiar futebol.
(pausa) Você sabe com quem está falando? Eu sou o...
Naquele exato momento aproximamo-nos do estranho que, ainda transtornado, tentava se recompor dos empurrões, aprumando-se todo, cuidando do seu terninho, recolocando a colorida e vistosa gravatinha borboleta no
lugar.
- Ouça, rapaz, acho até que você não foi mal. Mas não precisava exagerar. Teste é sempre teste. E depois, aquelas improvisações em inglês... Onde é que você estava querendo chegar? Você não acha que foi um pouco
de esnobação da sua parte?
- É, companheiro. Você está com a razão. Perdi a cabeça. O pior é que eu precisava muito desse emprego. Estou sem dinheiro e numa cidade totalmente estranha para mim.
- De onde você é?
- Sou de Itajaí, Santa Catarina, e, além de não conhecer ninguém e não ter aqui nenhum parente ou amigo, estou completamente quebrado e faminto. Já é quase meio-dia e ainda nem tomei o café da manhã.
- E o seu nome? Como se chama?
- Luiz. Luiz é o meu nome.
- Bem, Luiz, primeiro vamos cuidar do seu café.
Após uma boa média com pão e manteiga, retomamos o diálogo.
- Aqui bem próximo existe outra emissora de rádio, recém-inaugurada e o dono é meu amigo. Vamos tentar um novo teste, mas veja lá como vai se portar (pausa). Nada de ansiedade ou improvisações. Deixe que
eu fale, está bem?
Em poucos minutos estávamos diante do Paulo Mansur, diretor presidente da ZYH-3 Rádio Cultura São Vicente, cujos escritórios ficavam bem no coração da cidade de
Santos.
- Paulo, o Luiz está chegando de Santa Catarina e, como você está buscando novos valores, lembrei-me de apresentá-lo antes mesmo de a qualquer outra emissora concorrente.
O Paulo Mansur, como todo bom árabe, meio desconfiado, ainda hesitou...
- Mas... Ele é bom mesmo? Tem experiência em rádio? É seu amigo?
- Paulo, Paulo, se eu não o conhecesse, se ele realmente não fosse bom, você acha que eu teria coragem de trazê-lo até aqui, sabendo o quanto você é exigente? Dê a chance que o Luiz está buscando e, tenha
certeza, nós ainda vamos ouvir falar muito a respeito desse moço, acredite!
- Está bem... Está bem... Aí sobre a mesa, há um exemplar do jornal A Tribuna de Santos. Você, Luiz, imagine-se no interior de um estúdio e leia em voz alta o noticiário internacional. E de primeira. Será
como se os telegramas estivessem chegando nesse momento. Eu quero tudo de primeira.
Nas décadas de 40, 50 e 60 (N.E.: 1940 etc.) o jornal A Tribuna de Santos, a exemplo dos grandes matutinos de circulação nacional, veiculava na
primeira página notícias internacionais, que eram recebidas diretamente dos teletipos das agências noticiosas de todo o mundo.
Em rádio, a terminologia "de primeira" significa que o texto deve ser apresentado ao microfone sem nenhuma leitura prévia ou ensaio. É o chamado vôo cego. Manchetes, textos foguetes (textos curtos) eram as
características do Luiz (havíamos presenciado seu teste na Rádio Atlântica); além de possuir uma bela voz, ele tinha uma excelente pronúncia para nomes estrangeiros e dava a dimensão exata que cada notícia impusesse.
Foi um verdadeiro banho.
Ao final daquele teste improvisado pelo Paulo Mansur, o Luiz foi contratado por oitocentos mil-réis por mês e, de quebra, levou um "vale-adiantamento" para que pudesse se instalar numa pensão em São Vicente,
iniciando sua vitoriosa trajetória nos meios radiofônicos fora de Santa Catarina e que não terminaria ali, na "célula mater" da nacionalidade brasileira.
Alguns anos mais tarde, em 1956, agora na capital de São Paulo, após uma passagem pela PRB-9 Rádio Record, transferiu-se para a PRE-4 Rádio Cultura de São Paulo, emissora integrante da Organização Victor Costa.
Naquela época, predominavam os programas dedicados aos hits da música popular norte-americana, que levava nítida vantagem sobre os demais gêneros. Era a famosa fase das big-bands que, no rádio, teve
em Lúcio Rangel e Paulo Santos seus maiores expoentes pelos prefixos cariocas, cabendo um destaque especial a Luiz Jatobá que, diretamente dos Estados Unidos da América, transmitia pela PRF-4 Rádio Jornal do Brasil, dentro do programa Big
Broadcasting Matinal da Exposição, os últimos sucessos musicais daquele país; na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, Haroldo Barbosa produzia e apresentava A Hora dos Amigos do Jazz.
Em São Paulo, Renato Macedo e Moacyr Expedito Moarrê Vaz Guimarães dividiam as apresentações do Ecos da Broadway pelas ondas da PRG-9 Rádio Excelsior; no mesmo prefixo, José Cândido Cavalcanti produzia e
apresentava o seu inesquecível Swing Show, Homero Macedo pela PRA-6 Rádio Gazeta brindava-nos todas as tardes com Ritmos de Tio Sam; Roberto Corte Real impunha-se com seu Amigos da América pela PRE-7 Rádio América. Na PRA-5
Rádio São Paulo, Broadway Melody e na PRE-4 Rádio Cultura, J. Alvise Assumpção produzia e apresentava o Século XX e o Midnight. É exatamente sobre este último que iremos contar.
O Midnight era levado ao ar todas as noites a partir da zero hora, em ondas médias e curtas, pela Rádio Cultura de São Paulo. Um público fiel aguardava todas as madrugadas aquele verdadeiro desfile dos
grandes mitos da música popular norte-americana, apresentado pela voz inconfundível do Alvise Assumpção.
No meio da década de 50, o Alvise, já um pouco cansado dos microfones, decidiu que ficaria só com a parte artística, onde acumulava as funções de diretor de broadcasting, designando que o Midnight
passasse a ser apresentado pelo locutor do horário, que não era outro senão o nosso Luiz Lopes.
Naquela oportunidade, o Luiz já era um motoqueiro assumido.
A Rádio Cultura de São Paulo ficava na Avenida São João, quase esquina da Avenida Duque de Caxias; um dos grandes orgulhos do nosso herói era comparecer aos seus horários de trabalho exibindo sempre uma portentosa
máquina incrementada, dentro dos padrões que a maioria dos motoqueiros concebe.
Osmar Campos Filho, diretor geral da emissora, um mineiro que primava pela elegância, dono de um guarda-roupa que faria inveja a qualquer lord inglês, apreciava tudo que fosse belo, principalmente as
mulheres, que diariamente enfeitavam seu gabinete de trabalho, independentemente da cor, raça, credo religioso ou condição social; a única restrição imposta pelo Osmar é que fossem bonitas e do sexo feminino.
A esta altura, o leitor estará se questionando e com certa razão: o que é que tem a elegância e a fixação do Osmar por mulheres com a motocicleta do Luiz e o programa Midnight?
A priori nada, não fosse o fato de o excelente locutor ter subornado o operador de áudio do horário para gravar o programa em fita magnética, sem o conhecimento do J. Alvise Assumpção e muito menos do Osmar
Campos Filho.
Várias semanas se passaram e tudo corria às mil maravilhas.
O Midnight era apresentado em tape magnético e, simultaneamente, no mesmo horário, o Luiz, de charuto na boca, com um sobretudo escuro, daqueles pesadões, luvas pretas, chapéu (ainda não havia capacetes) e
óculos à prova de vento, demonstrava todas as suas habilidades motociclísticas, realizando proezas as mais ousadas, fazendo inveja ao famoso Capitão Tony, que se exibia no Parque do Ibirapuera no globo da morte.
As acrobacias do Luiz aconteciam entre as avenidas Duque de Caxias e Ipiranga e sua passarela era a avenida São João, onde os termômetros acusavam uma temperatura de 6 a 9 graus, já que naquela época o inverno era
rigoroso, com sua clássica e tradicional garoa cismarenta a completar o cenário das madrugadas paulistanas.
O fleumático e britânico Osmar Campos Filho havia importado dos Estados Unidos o último modelo dos carros lançados no mercado (a indústria automobilística brasileira ainda não havia sido implantada), um Chevrolet
Freet Line, zero quilômetro, reluzindo um verde-metálico diferente, pneus faixa-branca, ar condicionado, rádio (de válvulas), linhas aerodinâmicas, oferecendo conforto e segurança ao seu feliz proprietário, que a exemplo do Luiz, chamava a atenção
de todos aqueles que o vissem circulando em frente ao Palácio do Rádio, sempre com uma linda mulher a bordo, ali mesmo na avenida São João, disputando o espaço com os tradicionais "bondes-camarão" que por ali trafegavam.
Uma certa madrugada, o Osmar, como sempre muito bem acompanhado, ao volante do seu vistoso carrão, ainda não muito identificado com todos aqueles botões e pedais (o veículo era hidramático), numa manobra infeliz,
no cruzamento da praça Júlio Mesquita, próximo ao antigo Hotel Lord, atropelou um motociclista que vinha ziguezagueando em sentido contrário.
Estava formada a confusão. Gritos, corre-corre e finalmente a rádio-patrulha para a indispensável ocorrência policial.
De um lado, o Osmar xingando contra a imprudência do condutor da motocicleta que, segundo ele, vinha na contramão e que não era outro senão o Luiz Lopes Corrêa, que, com escoriações de pouca monta, tentava
justificar sua incômoda presença naquelas circunstâncias, com charuto, luvas, sobretudo, chapéu etc. No memo daquela discussão, o rádio do Freet Line do Osmar, sintonizado na freqüência da PRE-4, continuava transmitindo placidamente o
Midnight pela voz do Luiz, sem que tivesse havido qualquer autorização para que aquele programa fosse levado ao "ar" em forma de gravação em fita magnética ou acetato.
Será que os leitores avaliaram a extensão das discussões? Das conseqüências? Da reação do Osmar Campos Filho ao constatar que a frente do seu Chevrolet, novinho, cheirando a tinta, estava inteirinha amassada?
E a motocicleta do Luiz Lopes Corrêa, que também era importada, parecia mais um oito, toda retorcida e inerte no meio da avenida, à espera de socorro mecânico.
O resultado de tudo isso nós vivenciamos, mas vamos deixar por conta de cada um, a criação do final desse pitoresco episódio, levando em consideração que os fatos existiram e os personagens são reais, enfatizando
apenas que nada disso teria acontecido se, há 47 anos, um jovem franzino e baixinho, que mais parecia um "jóquei de elefante" e buscava avidamente ingressar no rádio paulista, não fosse colocado na rua pelo Ernani Franco, aos berros e safanões,
quase que aos pontapés, porque falava fluentemente o inglês e possuía uma boa cultura geral, tão necessária aos profissionais dessa área.
Luiz Lopes Corrêa, moço correto e competente, manteve-se na Organização Victor Costa até a sua encampação pela Rede Globo de Rádio e Televisão, atuando ao longo desses anos todos, com o mesmo entusiasmo e um raro
brilho com que sempre engrandeceu os prefixos aos quais emprestou o seu valioso concurso!
Atualmente (N.E.: o texto é de 1997, e sua sobrinha-neta Mariana Corrêa informou ter ele falecido em 16/10/1999), o Luiz Lopes Corrêa, com sua indefectível gravatinha borboleta, é um
dos apresentadores do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), atuando no noticioso Aqui Agora, onde apresenta os principais acontecimentos internacionais do dia, e sempre de primeira.
Luiz Lopes Corrêa, na televisão SBT
Foto: Histórias que o Rádio Não Contou
|
Oswaldo Molles Oswaldo Molles nasceu
em Santos em 1913 e, ao completar o seu décimo-quinto aniversário, percebeu que já era tempo de começar a ganhar a vida e escolheu a redação de um jornal como seu primeiro emprego. Fez-se repórter do Diário Nacional, na capital paulista,
transferindo-se a seguir para o São Paulo Jornal, onde lhe deram o lugar de cronista.
Estudou idiomas e química; continuou seus estudos na Bahia e, aos 19 anos de idade, era o secretário do Estado da Bahia, que teve de deixar por ter tomado parte no Congresso dos
Homens sem Deus, enquanto se realizava outro Congresso Eucarístico. Com isso, Molles resolveu voltar a São Paulo, ingressando no Correio Paulistano como redator, exercendo ali todos os cargos, inclusive o de secretário interino.
Foi então que o rádio surgiu no seu caminho e mal sabia ele que nesse setor lhe estariam reservadas as maiores vitórias. Foi um dos contratados de J. Antônio D'Ávila e Dermeval Costa
Lima, atuando na Rádio Tupi de São Paulo desde a sua inauguração, como único redator de programas.
Da Tupi PRG-2, foi para a Rádio Record PRB-9, onde esteve cerca de dez anos, produzindo programas de todos os tipos. Fez o Teatro do Povo, com as maiores peças do teatro
universal, escrevendo ainda rotativa para as Folhas de São Paulo. Sua consagração veio com suas criações populares, onde Molles descrevia os tipos da cidade de São Paulo, utilizando pela primeira vez no rádio a gíria da Barra Funda e
o espírito dos italianos na sua famosa Conversa no Ponto, com os personagens Noé e Pernafina.
Lançou Universidade Record, O Crime Não Compensa, Processos da História, A Grande Melodia, Retrato de Minha Terra, Histórias das Malocas, São Paulo Nossa Cidade, Alameda do Sorriso, A
Vida Através do Parabrisa e História da Literatura Brasileira, entre outros...
Em São Paulo Nossa Cidade e História das Malocas, Oswaldo Molles contou com interpretações memoráveis de Maria Amélia, José Rubens e Adoniran Barbosa (João Rubinato) que
interpretava o inesquecível Charutinho. Já a sua produção História da Literatura Brasileira acreditamos tenha sido sua maior realização radiofônica: levou quase 12 anos para ser apresentada, pela ausência de patrocinadores, que, como
todos sabem, é o primeiro item exigido para qualquer iniciativa dessa natureza.
Shakespeare dizia que "há mais mistérios entre o céu e a Terra do que possa imaginar nossa vã filosofia"; é verdade. Por exemplo, atravesso bem aqui, diante do leitor, um desses
mistérios. Oswaldo Molles, quando resolveu deixar este mundo, o fez por suas próprias mãos, e, por mais que busquemos, não encontramos uma razão que justifique seu ato. Sua contribuição aos meios radiofônicos garantirão sua imortalidade, já que sua
obra permanecerá em lugar de honra, nessa enorme galeria dos desbravadores da nossa radiodifusão. Molles, A história saberá fazer justiça. |