O TÚNEL NO TEMPO – Às vésperas de completar 30 anos, o Santa
Tereza-Voturuá é o maior reservatório de água do Hemisfério Sul em formato de túnel. Ele é responsável pelo abastecimento dos santistas (exceto no
Centro e área portuária), vicentinos e reforça o fornecimento de água em Praia Grande e Guarujá. A cada dois anos, um de seus trechos passa por
rigorosa limpeza, o que ocorre após o esvaziamento de uma câmara, e demora 24 horas. A partir daí, a limpeza é iniciada e dura em torno de 15 dias
Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria, na página A-1
São 30 anos em atividade. Mas sem transbordar
Reservatório-Túnel Santa Tereza-Voturuá é vital para a região
Leonardo Costas
Da Redação
"Este
lugar é pulmão de Santos e São Vicente". A declaração de João de Moraes Chaves Filho, técnico de saneamento da Sabesp, demonstra a importância do
Reservatório-Túnel Santa Tereza-Voturuá para a população dos dois municípios.
Inaugurada em 1981, a obra completa 30 anos na próxima quarta-feira e é responsável pelo abastecimento dos santistas (exceto no Centro e área
portuária), vicentinos e reforça o fornecimento de água em Praia Grande e Guarujá.
O que o diferencia de qualquer outro reservatório é o fato de ser imperceptível ao olho nu, já que foi construído em um túnel escavado nas rochas
dos morros do Voturuá (São Vicente) e Santa Terezinha (Santos). Até hoje, é considerado o maior reservatório de água do Hemisfério Sul em formato de
túnel.
A área tem 1.100 metros de extensão, sendo 800 deles ocupados por duas câmaras de 400 metros cada, uma para o lado de Santos e outra para o de São
Vicente. Juntas, têm capacidade de armazenamento total de 110 milhões de litros, o equivalente a 44 piscinas olímpicas.
A água que chega ao reservatório tem origem em dois pontos: a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Cubatão e o
reservatório do Saboó, sendo que este último faz o abastecimento do Centro e do Porto de Santos.
Diferentes de outras regiões, na Baixada Santista não há uma represa para fornecer o líquido. As captações são feitas em mananciais de Serra,
seguidas pelo tratamento e distribuição da água.
O início – O principal motivo para a construção do reservatório-túnel foi o Plano Diretor de Santos, que previa um crescimento populacional de 30% a cada
década, somado ao grande número de turistas que freqüentavam a Cidade no verão.
O engenheiro Elídio Alves de Souza, que há 35 anos trabalha na Sabesp, afirma que as obras foram executadas após estudo da rocha dos morros.
"Verificamos que o granito era resistente e de boa qualidade".
Ele fazia parte da equipe que executou o projeto e conta que levou um ano para abrir o túnel. "Trabalhamos em duas frentes. Em Santos, as maiores
dificuldades foram quando dinamitamos o local, próximo às áreas residenciais. Em São Vicente, a fase inicial foi em solo,
sem a rocha, fato que determinou um avanço vagaroso nos primeiros 30 metros", explica.
Quando foi inaugurado, a expectativa era que o reservatório suprisse a necessidade de Santos e São Vicente por 20 anos. "Porém, graças às obras
dos demais municípios do Litoral, foi possível estender esse prazo por muito tempo", ressalta o engenheiro.
A Região Metropolitana da Baixada Santista conta com 50 reservatórios distribuídos nas nove cidades e tem, no total,
capacidade de armazenar 1 bilhão de litros de água.
Com 32 anos de Sabesp, 24 deles dedicados ao túnel, Chaves diz que o reservatório-túnel não representa qualquer perigo para a região e que somente
uma catástrofe poderia desmenti-lo. "Acho que só um terremoto danifica isso aqui. É muito seguro", diz.
Manutenção e limpeza – Chaves é o responsável por conservar e manter a operação do sistema dentro do reservatório. "Se quebra uma válvula, tenho que abrir outra para
não prejudicar o abastecimento. Meu negócio é deixar as cidades com água".
O técnico de saneamento também cuida da limpeza das câmaras. A cada dois anos, elas passam pelo processo que envolve, em média 20 homens. "Lavamos
e desinfetamos com auxílio da vassoura e de mangueiras de alta pressão", afirma.
Para realizar o procedimento, uma das câmaras é esvaziada, o que demora 24 horas. A partir daí, a limpeza é iniciada e dura em torno de 15 dias.
Enquanto isso, a outra fica responsável pelo abastecimento das cidades.
Ciente da responsabilidade de distribuir água potável para mais de 600 mil pessoas, Chaves se diz orgulhoso de seu trabalho. "Saneamento é coisa
séria e que envolve saúde pública. É muito gratificante fazer o bem e trabalhar para que as pessoas recebam água de qualidade".
As câmaras de água têm 14 metros de altura e 12 metros de largura
Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria |