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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Primeira Miss Brasil era de Santos

Zezé Leone, nascida em Campinas mas residente em Santos, foi a primeira Miss Brasil, eleita em 1923 no Rio de Janeiro. Zezé tinha 20 anos e no ano anterior havia sido apontada pela revista santista Flama como a mulher mais bonita da cidade. Seu falecimento, em novembro de 1965, foi registrado pelo jornal santista A Tribuna em 5 de dezembro de 1965 e seria assim recordado na coluna A Tribuna nos anos 60 de 5/12/2006 pelo jornalista Hamleto Rosato:

A Tribuna nos anos 60 – Santos, 5 de dezembro de 1965 (domingo)

Hamleto Rosato

Primeira Miss Brasil residia em Santos

Zezé Leone, a primeira Miss Brasil, faleceu em sua residência, em São Paulo, no dia 30 de novembro deste ano. Quando ganhou o título de Miss Brasil, em 1922, no primeiro concurso de beleza do País, ela residia em Santos com seus pais, na atual Avenida Senador Feijó, em uma casa que não mais existe. Contam santistas da velha guarda que a campineira radicada em Santos foi contemplada com uma infinidade de prêmios e teve seu busto esculpido em mármore e oferecido pela tripulação do navio São Paulo, que cumpria missão no Porto.


Uma das clássicas fotos da mais bela do Brasil em 1923
Foto: reprodução, publicada com a matéria

Além de ser homenageada na época com a criação do fox-trote Vênus, pelo compositor Freitinhas, Zezé tem sido destacada de outras formas, como ser nome de uma rua no bairro paulistano da Casa Verde Alta, apelido da locomotiva 370 da Estrada de Ferro Central do Brasil ou uma receita culinária que, segundo o Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo, em 15/6/2001, "pode-se dizer que é a mais leve e bela sobremesa mineira. Seu nome se deve a uma miss Brasil de tez muito rosada".

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Sexta-feira, 15 de junho de 2001

ZEZÉ LEONE

Ingredientes


Para o creme amarelo
8 gemas
8 colheres das de mesa de açúcar claro
1 colher das de sobremesa de amido de milho
1 litro de leite
1 fava de baunilha
ou uma colher das de sobremesa desta essência

Para o creme rosado
8 claras em neve
8 colheres das de mesa de açúcar
1 cálice de vinho do Porto
4 folhas de gelatina branca
4 folhas de gelatina vermelha
1/4 de litro de água

Preparo

Quebrar os ovos, separar as gemas e bater com o açúcar, até dar bolhas. Acrescentar o amido de milho, misturar e reservar. Colocar o leite para ferver com a baunilha.

Mexer bem. Ao levantar fervura, retirar uma parte do leite, misturar às gemas, dissolver e juntar ao leite que está no fogo. Deixar cozinhar levemente, mexer sempre para não talhar. Retirar do fogo, mexer de vez em quando. Deixar esfriar, reservar.

Bater as claras em neve e ir adicionando açúcar aos poucos. Depois de bem batido, acrescentar o vinho. Esquentar a água em banho-maria, derreter as folhas de gelatina e adicionar às claras.

Bater por mais cinco minutos, usar uma colher para colocar pequenas porções em taças ou em compoteira de boca larga. Por último, derramar o creme sobre a espuma rosada.

Pode-se decorar com ameixas-pretas sem caroço. E pode-se dizer que é a mais leve e bela sobremesa mineira. Seu nome se deve a uma miss Brasil de tez muito rosada.

Miss Brasil

O primeiro concurso Miss Brasil foi realizado em 1922, como parte das comemorações pelo Centenário da Independência. A santista Zezé Leone venceu a disputa, mas precisou esperar um ano para tomar posse de seu cetro e de sua coroa. Depois disso, o evento só passou a ser organizado com regularidade em 1954. Martha Rocha abocanhou o posto naquele ano e, mais tarde, acabou em segundo lugar no Miss Universo. Ela perdeu o trono para a norte-americana Myrian Stevenson por causa de dois centímetros a mais no quadril.

Em 1955, o grupo de Assis Chateaubriand, Diários e Emissoras Associados, assumiu a promoção do concurso. Esta é considerada sua fase áurea e perdurou até a falência do conglomerado em 1980.

O SBT acabou sendo o sucessor na organização e transmissão do pleito até 1989. Após este período, ele deixou de ser veiculado pela televisão e perdeu o prestígio. O nome Miss Brasil nunca pôde ser registrado, já que contém uma palavra em inglês (miss) e o nome do país. É por isso que existem diversos concursos que fazem uso do título.

(Fonte: Guia dos Curiosos)

Miss a todo vapor

Em meio a vagões depenados, máquinas enferrujadas e restos de trilhos, a garagem de Santos Dumont da Rede Ferroviária Federal guarda uma preciosidade: uma locomotiva a vapor dos anos 20. Doada pelo Rei Alberto I ao Brasil em 1922, por ocasião do primeiro centenário da Independência, a locomotiva foi batizada de Zezé Leone. Uma simpática homenagem à primeira Miss Brasil, eleita um ano depois de a locomotiva chegar ao país.

Até um ano e meio atrás, Zezé Leone servia de trave para as peladas disputadas no terreno em frente à garagem da Rede Ferroviária Federal. Alunos e professores do Centro de Formação Profissional do Senai recolheram as peças mais preciosas - como o sinal de bronze - antes que fossem roubados. A mobilização popular também garantiu um abrigo melhor para a beldade das locomotivas. Ela foi levada para o galpão da Rede. Para surpresa de seus admiradores, Zezé, mais de 80 anos de idade, mantém as engrenagens enxutíssimas.

''Quando fomos empurrar, ela rodou normalmente'', conta o comerciante José Magno dos Santos, de 62 anos. ''Mas ela não pode ficar longe dos olhos das pessoas. Temos que arrumar um jeito de fazer a Zezé funcionar''.

(Trecho de matéria publicada no Jornal do Brasil em 20/5/2001)

José Francisco de Freitas, o Freitinhas, foi compositor e instrumentista. Nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1897 e faleceu em 13 de fevereiro de 1956. Estudou piano e teve aulas iniciais de composição com Francisco Braga, compondo sua primeira música aos oito anos, a valsa Treze de Setembro. Em 1912 publicou a valsa Tarde e, dois anos depois, Amor que engana, despertando atenção como autor.

A partir de 1918 começou a escrever partituras para revistas e burletas do teatro musicado, compondo para a revista Zé dos Pacotes, de Miguel Santos, que marcou sua estreia no gênero. Aos 21 anos começou a atuar também como pianista, tocando na Casa Carlos Wehrs.

Em 1923 já havia editado nessa casa 64 composições. No mesmo ano obteve seu primeiro grande sucesso, com o fox-trot Vênus, dedicado a Zezé Leone, vencedora de concurso nacional de beleza. Três anos depois, lançou-se como compositor de músicas para o Carnaval, com a marcha Zizinha (com Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses), lançada na burleta de Freire Júnior Ai, Zizinha. Obteve sucesso também com outras músicas, grandemente influenciadas pelo charleston, entre as quais Eu vi. Por essa época, animava bailes, regendo uma pequena orquestra, no estilo jazz band, com um repertório que incluía suas composições carnavalescas. Para divulgá-las, mandava imprimir folhetos com a letra e a partitura, que distribuía gratuitamente.

Em 1927, sua marcha Dondoca obteve sucesso tão grande que seus editores, a Casa Carlos Wehrs, lhe deram uma medalha de ouro. A marcha foi lançada pela atriz Margarida Max na revista Sol nascente, de Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses e Alfredo Pujol.

Dois anos depois, apesar do sucesso de Dorinha Meu Amor, sua popularidade começou a declinar pelo surgimento de nova geração de compositores carnavalescos. No Carnaval de 1933 ainda obteve prêmio da prefeitura carioca com Não faço questão de cor, desaparecendo do cenário carnavalesco e limitando-se a novas apresentações em revistas de teatro.

Obras: Dorinha, meu amor, marcha, 1929; Eu vi, marcha, 1926; Vênus, fox-trot, 1923; Zizinha (com Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses), marcha, 1926.

(Fonte: Cifrantiga. Grifo de Novo Milênio)

Em 21 de abril de 2012, o jornal santista A Tribuna publicou, na página A-6:


Imagem: reprodução da página com a matéria

Uma miss santista
Maria José Leone, ou Zezé Leone, foi a vencedora do primeiro concurso nacional de beleza. Em 1923!

Suzana Fonseca
Da Redação

"A graciosa senhorita Zézé Leone continua a ser alvo de extraordinárias manifestações de apreço e sympathia. De quase todos os pontos do paiz, a vencedora do concurso nacional de belleza feminina tem recebido innúmeras felicitações. Os pedidos de autographos, photographias e de entrevistas têm sido sem conta, de fórma que a jovem pouco tempo tem tido para repousar, nesses últimos dias".

Assim começava uma importante matéria da edição do dia 7 de abril de 1923 de A Tribuna, há 90 anos. Zézé Leone, como era grafado o nome de Maria José Leone, ganhara quatro dias antes o primeiro concurso nacional de beleza do País, uma espécie de precursor do Miss Brasil.

O concurso fora organizado pelo jornal A Noite e a Revista da Semana, ambos do Rio de Janeiro. A revista santista Flamma havia sido a responsável pela etapa municipal, na qual Zezé conquistara o título de "a mais bela de Santos".

A "mulher mais bonita do Brasil", ou a "rainha da formosura", como era também conhecida, tinha 20 anos quando se tornou exemplo de beleza nacional. Nascida em Campinas, em 1º de dezembro de 1902, era filha de Francisco Vanni Leone e Perpétua Duarte Leone e há 15 anos morava em Santos com a família.

Em 4 de abril, dia seguinte à divulgação do resultado do concurso, realizado no Rio de Janeiro, A Tribuna noticiava "
Santos possue o mais lindo rosto de mulher".

A abertura da matéria dá uma ideia da importância do título para a Cidade: "
Registramos hoje, com satisfação, que facilmente será comprehendida por todos os conterraneos, a grata nova de que no certamen geral hontem effectuado na Capital Federal, para adjucar o título de 'mais bella mulher do Brasil', no grande concurso nacional (...), foi classificada em primeiro lugar, entre as eleitas das diversas cidades do Brasil, distincta senhorita santista Zézé Leone (...)".

Pesquisa - A história da primeira mulher a conquistar um título de beleza nacional consumiu cerca de três meses de pesquisas do jornalista e escritor Sérgio Willians.

No site do projeto Memória Santista (www.memoriasantista.com.br), o jornalista conta toda a trajetória de Zezé, desde o nascimento até sua morte, causada por um acidente vascular cerebral, no dia em que completava 63 anos.

"Eu conhecia o fato, sabia que Santos teve a primeira miss do Brasil. Só em 1929 esse concurso passou a se chamar Miss Brasil", relata Willians. "Vi a história da Zezé e achei que daria uma boa história".

Depois de muito pesquisar sobre a vida da rainha da formosura, o jornalista foi a São Paulo conversar com a sobrinha dela, Vilma Lúcia Barbosa Corrêa, de 84 anos, filha de Leonor Lobo Vianna, que era irmã de Zezé.

O papo com o jornalista durou mais de três horas, segundo Vilma. "Fomos almoçar e conversamos bastante. Mostrei para ele as fotos dela. Eu sou muito antiga, mas minha memória está boa".

A fama - Zezé Leone inspirou um cine-documentário em 35 mm – Sua majestade, a mais Bella –, exibido em salas de cinema de São Paulo. A jovem foi protagonista da produção de 72 minutos, fez propagandas do Biotônico Fontoura e ainda virou nome de locomotiva da Central do Brasil, de marcha de Carnaval e de doce.

À frente - Depois de vencer o concurso de mulher mais bela do País, conforme apurou Willians em suas pesquisas, Zezé passou a ser cortejada pelos mais cobiçados solteiros de Santos.

Mas quem ganhou o coração da jovem foi o advogado Lincoln Feliciano da Silva, que mais tarde seria nomeado prefeito de Santos, em 31 de agosto de 1945 (o mandato estendeu-se a 30 de outubro do mesmo ano).

O casamento ocorreu no dia 8 de maio de 1924. Contudo, na década de 30, o casal se divorciou e Zezé mudou-se para São Paulo, onde conheceu o advogado Marcos Ribeiro dos Santos. A rainha da formosura se casou novamente e, anos depois, mais uma vez, divorciou-se.

No dia em que faleceu, Zezé estava na casa da irmã, Leonor, com quem morava na época. "É bonito que saia a história dela", afirma Vilma. "Como não teve filhos, o que ela tinha, deixou para mim".


Depois de vencer o concurso de mulher mais bela do País, Zezé começou a ser cortejada pelos solteirões mais cobiçados de Santos
Fotos: arquivo da família, publicadas com a matéria

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