Embora o padrão mundial de
horário (que dividiu o mundo em 24 fusos horários, a partir do meridiano que passa pela localidade inglesa
de Greenwich e seu observatório astronômico), tenha sido estabelecido em 1º de outubro de 1884, só aos poucos foi sendo implementado nos diversos
países. No Brasil, a lei 2.784, de 18/6/1913, definiu que isso ocorreria em 1º de janeiro de 1914. Essa lei definiu que o país teria quatro fusos,
sendo que o principal - "Greenwich menos 3 horas" - abrangeria a então capital federal, Rio de Janeiro, sendo o mesmo que regula os relógios na
moderna capital Brasília e em todo o estado de São Paulo.
O advento do padrão de horário e seus fusos - com toda
a confusão natural que se criou em torno disso - foi também destacado em Santos. Na época, o jornal santista A Tribuna mantinha no alto de
sua primeira página uma espécie de editorial diário em versos, assinado por um certo Plan - que era o pseudônimo usado
pelo jornalista Otávio Veiga. E, numa sexta-feira, o dia 2 de janeiro de 1914 (ao lado da foto de um novo
equipamento instalado no cais santista), foi esse o tema:
Imagem: reprodução parcial da primeira
página de A Tribuna em 2 de janeiro de 1914
O fuso horário
De progresso em progresso vai o mundo,
Pelos tempos marchando espaço afora:
Hoje em dia o homem deve ser profundo
Pois tal progresso só assim se escora!
Por exemplo, esse método jocundo
Que legaliza no Brasil a hora,
Para ser conhecido bem a fundo
Há de pôr louca muita gente, agora!
O leitor já não jantará às seis,
Mas às dezoito, e no teatro, ao invés
Das nove, irá às vinte e uma à voz do
bronze:
E com o cérebro a arder, doido, confuso,
É capaz de, estudando o novo fuso,
Ficar às tontas entre as dez e as onze...
Plan.
Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna em 2 de janeiro de 1914
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