Em 20 de julho de 1941 instalava-se em Santos o 1º Congresso
Eucarístico Diocesano, realizado na praia do Gonzaga, ao redor da Fonte
Luminosa Nove de Julho. O evento continuou nos dias seguintes, com procissões, conferências, missas pontifícias, e na apoteose o transporte
processional da imagem de Nossa Senhora Aparecida até o pavilhão oficial do congresso. Na época, d. Paulo de Tarso Campos era bispo de Santos.
Ainda na terça-feira, dia 22/7/1941, o jornal santista O Diário
(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda) registrou (última página - ortografia atualizada nesta transcrição):
Imagem: reprodução parcial da matéria publicada em O Diário de 22/7/1941
Com grande brilhantismo e elevado espírito de fé, Santos assistiu à solene abertura do
Congresso Eucarístico Diocesano
Como decorreu a missa cantada na Catedral, com a assistência pontifical,
marcando a inauguração da grandiosa festa católica - A imponente recepção às imagens de N. S. da Aparecida, reconduzidas à Igreja Matriz da cidade
As conferências realizadas ontem em diversos locais - Palestras marcadas para
hoje
Se, ante os preparativos
intensos e acompanhados com interesse pelo povo santista em geral, pairasse alguma dúvida sobre o brilhantismo de que se revestiria o início do
Congresso Eucarístico Diocesano, tal possível incerteza foi certamente banida do espírito de quantos assistiram às imponentes cerimônias religiosas
que marcaram, com excepcional brilhantismo, a inauguração do grandioso congresso.
Não só o povo em geral, como também as associações religiosas, o clero regular e
secular, as congregações marianas, as instituições de caridade estiveram presentes à solene missa cantada, celebrada anteontem na Catedral, com a
assistência pontifical. O elevado espírito de fé com que o povo católico de Santos acompanhou todos os atos iniciais bem demonstra o grande êxito
que o Congresso marcará em nossa cidade.
Tanto os organizadores, como seus auxiliares, estão de parabéns e mais ainda o público
santista, que revelou toda a sua alevantada fé na Igreja Católica Apostólica Romana.
A solene missa de abertura do Congresso - O ato inaugural do Congresso
Eucarístico, conforme programa já do conhecimento público, foi a solene missa cantada, na matriz de Santos, com a
assistência de d. Paulo de Tarso Campos, bispo diocesano.
O grande templo da Praça José Bonifácio já antes das 9
horas se achava repleto. Todas as dependências estavam ocupadas. À entrada, duas grandes bandeiras, a brasileira e a do bispado, se achavam
entrelaçadas, sustentando o grande distintivo do Congresso. m cada lado do altar-mor, os mesmos símbolos ornamentavam as duas grandes colunas,
enquanto nas demais dísticos diversos saudavam os bispos das cidades do interior do Estado e que deverão visitar-nos.
Formando a guarda do altar, achavam-se perto de 20 alunos do
Ginásio Santista, em seu vistoso uniforme branco, com alamares. A Catedral, enfim, apresentava-se fartamente iluminada e ornamentada com flores
naturais.
À porta da Catedral encontrava-se o clero regular que deveria receber d. Paulo de
Tarso Campos. E a banda do Corpo de Bombeiros, que abrilhantou os festejos, anunciou, com marcha batida, a achegada de s.
exa. revma., o bispo diocesano, que se fazia acompanhar pelos 18 pajens de honra do Congresso, que ostentavam vistosa roupagem.
D. Paulo de Tarso Campos, que se achava revestido de sobrepeliz, recebeu a bênção à
porta do templo, dirigindo-se depois para o trono pontifical, prestando assim assistência à Santa Missa, cujas explicações foram dadas pelo cônego
dr. Manoel Corrêa de Macedo, lente de Teologia do Seminário Central de São Paulo e locutor das solenidades do Congresso, que, no púlpito, munido de
um microfone, esclarecia a todos, através dos alto-falantes colocados em todos os cantos do templo.
Como presbítero assistente do trono, serviu o cônego Antonio de Castro Maier, tendo
como primeiro e segundo diáconos assistentes os padres Modesto Bestué e Agenor Maria dos Santos, respectivamente.
Foi celebrante da Santa Missa mons. Luiz Gonzaga Rizzo, vigário geral do bispado e
presidente da Com. Executiva do Congresso, tendo como diácono o padre Gonzaga dos Santos Pereira e sub-diácono o padre Benedito Vicente dos Santos,
secretário do bispado. As cerimônias foram dirigidas, no sólio, pelo cônego João Evangelista e no altar, pelo cônego dr. Carlos Marcondes Nitsch.
Como cerimoniário, atuou o pe. Alfredo Pereira Sampaio, secretário geral do Congresso, estando o coro dos irmãos maristas sob a direção do padre
Lino dos Passos, sendo executada a missa "De Angelis".
À elevação da Hóstia, a banda do Corpo de Bombeiros executou o Hino Nacional.
Ao final do ato religioso, cuja cerimônia foi imponente, foi anunciado por mons. Rizzo
a concessão a todos os assistentes da indulgência de 50 dias.
Além do dr. Antônio Gomide Ribeiro dos Santos, prefeito
municipal da cidade, estiveram presentes o prof. Pedro Crescenti, diretor do Instituto "D. Escolástica Rosa", presidentes
de irmandades, ordens, Congregações e associações religiosas.
Quando D. Paulo se retirava da Catedral, o povo, aglomerado à porta, rompeu em vivas
ao bispo diocesano, ao Congresso Eucarístico, a N. S. da Aparecida e ao Brasil.
Flagrante apanhado no momento em que d. Paulo de Tarso Campos chegava ao altar da Catedral,
vendo-se também os alunos do Ginásio Santista que formaram a guarda do altar
Foto e legenda publicadas em O Diário
de 22/7/1941
O solene retorno, à Catedral, das imagens de N. S. da Aparecida - À noite, a
Praça José Bonifácio viveu momentos de intensa vibração de fé e de alegria cristã. Foi procedido ao solene retorno das imagens de N. S. da Aparecida
que, durante 3 meses, estiveram em visita às paróquias de Cubatão, S. Vicente e
Guarujá, além de Santos.
Essas imagens estavam recolhidas às paróquias de Santo Antonio
do Valongo, Imaculado Coração de Maria e Vila Macuco.
Era incalculável a multidão que se encontrava em frente à Catedral, bem como numeroso
o público que acompanhou as imagens até a Praça José Bonifácio, em procissão.
Foi um espetáculo de imponência extraordinária a recepção prestada às imagens. N. S.
da Aparecida recebeu, anteontem à noite, verdadeira consagração do povo santista, que se incorporou à procissão das velas, em homenagem à grande
padroeira do Brasil.
Todas as irmandades, associações religiosas, congregações marianas, paroquianos das de
Vila Macuco, Valongo, Coração de Maria, São José e N. S. do Terço, da Pompéia, Ponta da Praia e Embaré estiveram
presentes.
A solene procissão entrou na Praça José Bonifácio pela Rua São Francisco, tendo
abrilhantado o grande ato de fé as bandas marciais do Instituto D. Escolástica Rosa, do Ginásio Santista e do Corpo de Bombeiros.
O povo, à aproximação das imagens da porta da Catedral, abafou os cânticos religiosos,
prorrompendo em vivas a N. S. da Aparecida, ao Congresso e ao Brasil, num verdadeiro transporte de demonstração católica.
De não menor imponência se revestiu o recolhimento das imagens à Catedral, terminando
assim o primeiro dia do Congresso Eucarístico Diocesano.
Momento em que a Missa Pontifical tinha
início, vendo-se à frente do bispo diocesano os pajens de honra do Congresso, que formaram ala
Foto e legenda publicadas em O Diário
de 22/7/1941
As conferências pronunciadas ontem - Foram iniciadas ontem as conferências
destinadas às diversas classes de Santos, e em diferentes lugares. Essas palestras continuarão hoje e amanhã de acordo com o programa geral já
traçado e do conhecimento do público.
As de ontem foram pronunciadas nos seguintes lugares:
Para as senhoras: às 16 hs., no Colégio Stela Maris, pelo cônego Manoel C. de Macedo;
Colégio São Jorge, pelo cônego Luís Fernandes de Abreu; na Casa de N. Senhora, na igreja da Aparecida, na igreja de São Vicente, na igreja de Fátima
e na Bocaina.
Para as moças: às 17,30 horas - no Colégio Stela Maris, pelo cônego Carlos Marcondes
Nitsch; na igreja da Pompéia, pelo cônego Antonio de Castro Meier; na igreja de S. Vicente, pelo cônego dr. Manoel C. de Macedo e em diversos
colégios.
Para as domésticas - às 14 horas - na igreja do Embaré, pelo frei Manoel de Serenhano
e na igreja da Pompéia, pelo padre Noé Pereira.
Para os moços - às 20 horas - no Santuário do Coração de Jesus, na matriz do Coração
de Maria e nas igrejas do Valongo, Macuco e de São Vicente.
Para os homens - às 21 horas - na Catedral, pelo padre Antonio de Almeida Morais
Júnior; na igreja da Pompéia, pelo cônego Luís Fernandes de Abreu, na igreja de São Vicente, pelo cônego dr. Manoel C. de Macedo; na sede dos
Vicentinos, à Avenida Rodrigues Alves, pelo padre João de Azevedo; e nas igrejas da Aparecida, de Fátima, do Cubatão, da Fabril do Guarujá e na
Bocaina.
Expressivo aspecto apanhado dentro do
templo, calculando-se por esta fotografia a extraordinária afluência de povo à inauguração do Congresso Eucarístico
Foto e legenda publicadas em O Diário
de 22/7/1941
As palestras de hoje - As palestras de hoje terão lugar nos mesmos locais e horas para as
diversas classes, modificando-se entretanto os temas em que os mesmos conferencistas se farão ouvir.
Também no dia 23, ou seja, amanhã, continuarão esses ciclos de palestras e estudos sobre a
religião.
Dia 24 - Dos enfermos - Procissão de N. S. da Aparecida e entronização no pavilhão do Gonzaga
- Dia 24 será dedicado aos enfermos - Haverá comunhão geral em todos os hospitais e nas residências particulares dos enfermos, verificando-se
visitas do clero e dos membros da Comissão Executiva do Congresso.
Às 9 horas, na Catedral, será celebrada missa por d. Paulo de Tarso Campos, por intenção de todos
os enfermos da cidade, dando-se em seguida a exposição, em "laus perene", do Santíssimo, na igreja matriz da cidade.
Às 19,30 horas haverá a procissão de N. S. da Aparecida que sairá da igreja do Coração de Maria, em
direção ao Pavilhão instalado no Gonzaga, tomando-se por itinerário a Avenida Ana Costa. Nesse desfile tomarão parte somente as Congregações
Marianas, o Ginásio Santista e as Cruzadas Eucarísticas.
Às 20,30 horas, no Pavilhão do Congresso, dar-se-á a solene entronização da imagem de N. S. da
Aparecida, tendo então início a primeira sessão magna do Congresso, no Pavilhão oficial.
Dia da Infância - 25 de julho - Convocação geral - Para o dia da infância, sexta-feira, às
7,30 horas, são convocadas todas as crianças de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão.
Na grande comunhão geral tomarão parte todas as crianças que já fizeram a primeira comunhão, alunos
das primeira e segunda séries dos ginásios, alunos dos grupos escolares, estaduais e municipais, escolas particulares, catecismos de igrejas e
capelas, institutos, orfanatos, asilos e associações infantis em geral.
Conforme publicamos, a Junta Executiva do Congresso Eucarístico obteve, para esse dia, feriado
escolar. |