O BAIRRO DOS CONTRASTES - O Embaré faz aniversário, contrastando os antigos chalés de madeira com novos arranha-céus, que estão mudando a cara do bairro
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Embaré
Nestes 135 anos de bairro, que foi fundado pelo Visconde do Embaré, a cara e parte da essência do bairro mudaram. Nos dias de hoje, a boemia dos barzinhos da região se mistura com a pacata vida de um bairro que ainda preserva suas características residenciais.
Para quem quer se divertir à noite, as opções são vastas, com bares repletos de famílias nos finais de semana e de jovens, migrantes do Boqueirão, onde ficam as faculdades. Próximo ao canal 4 fica o Bar do Jorge, o que mais reúne universitários nas noites de quinta e sexta-feira. Na Oswaldo Cochrane, próximo da parte que cabe ao Embaré da Epitácio Pessoa, fica o Bar do Toninho e, ao lado, o Baccará, nos quais os amantes do futebol se reúnem nos dias de jogos. Na Delfim Moreira, esquina com Ministro João Mendes, a Cervejaria Embaré, com seus irresistíveis bolinhos de bacalhau. Além deles, os sempre cheios Ponto Zero, Bar do 4 e o Bar da Sol são os mais novos do bairro.
Como poucos outros bairros da cidade, o Embaré mostra claramente a crescimento do setor imobiliário. Antigas casas dão lugar a grandes edifícios, a maior parte de alto padrão. É mais uma etapa de um processo iniciado há pouco mais de uma década, quando os antigos chalés de madeira foram substituídos por luxuosas sobrepostas, principalmente no quadrilátero compreendido entre as avenidas Afonso Pena, Almirante Cochrane (canal 5), Pedro Lessa e Siqueira Campos (canal 4).
Mas algumas coisas não mudam. Como o hábito dos moradores mais antigos, que vão caminhar à beira-mar ou pelas alamedas do jardim da praia, simplesmente sentar em um dos bancos, para tomar brisa, sol ou bater papo.
O que não modifica também é a alegria contagiante das crianças hospedadas na Casa da Vovó Anita, ansiosas para atravessar a avenida da praia e, finalmente, sentir os grãos de areia nas plantas dos pés e o gosto salgado da água do mar.
Impassível a todo este cenário, o Almirante Tamandaré, que, de seu busto bem em frente à artéria mais característica do bairro, avista o mar, as pessoas e o tempo passar.
Praia do Embaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Basílica do Embaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Fé de frente para o mar
Se existe um coração pulsante no bairro, sem dúvidas trata-se da
Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré, inaugurada em 1945 e que habita os sonhos da maioria das noivas santistas. Quem é que não conhece uma mocinha que grita aos quatro cantos que seu sonho é se casar na igreja do Embaré, localizada à fonte do oceano?
Construída no estilo da arquitetura neogótica, que se manifesta em arcos ogivais, vitrais e rosáceas, embora possua a efígie do padroeiro, quando o gótico exigiria representações de Cristo e Nossa Senhora. Durante sua construção o altar-mor saiu maior do que o esperado e precisou ser cortado. Ladeado por dois anjos esculpidos em madeira, o magnífico órgão conta com cerca de 3.800 tubos. A igreja originou-se de uma capela erguida em 1875, pelo Barão do Embaré. Foi entregue em 1922 aos frades franciscanos, que iniciaram a nova edificação em 1930. Inaugurada em 1945, em 1952 foi elevada à categoria de basílica pelo Papa Pio XII.
Basílica do Embaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Bairro do Embaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Lembranças de um tempo que não volta
Anos atrás, as referências eram as chácaras de japoneses que seguiam pelos terrenos da rua Frei Francisco Sampaio até a igreja do Embaré e a Vila Hayden, que hoje abrange trechos das ruas Frei Francisco Sampaio, Frei Vital, Galeão Coutinho, Oscar Sampaio e Bento de Abreu, além de um pedaço do Canal 4. Os vizinhos eram quase todos conhecidos ou parentes, e o senhor Amílcar Lamas, com seus 70 e tantos anos de vida e 61 de Embaré, conta que ainda se lembra nitidamente de quando tomava o bonde, com seus companheiros, e ficava apanhando no ar as lascas de unhas das mocinhas que aproveitavam a viagem até o Gonzaga para cortá-las.
Um bairro que, apesar do contínuo aumento no número de prédios e da maioria das casas de alvenaria ter virado sobreposta ainda conserva traços do seu inicio, como as travessas da Castro Alves e o último resquício da Vila Hayden, uma placa na esquina da Siqueira Campos com a Frei Galvão.
Amílcar, conhecido como Bica por toda a vizinhança daquela época, e seus companheiros da Docas, mora na Travessa B, casa 4, e diz, que apesar de ir para lá e para cá na sua bicicleta, como na época em que era menino, não gosta muito de relembrar o passado. "Isso aí é querer sofrer duas vezes, minha filha". Mas, se tivesse que destacar uma mudança é no perfil da vizinhança. "Agora é tudo alugado, ficaram poucas pessoas do passado por aqui", conta.
Nos anos 1950, Bica conheceu uma vizinha, que morava a duas quadras, e se apaixonou. Casado com ela há 50 anos, disse que todo este tempo estiveram cercados por seus parentes. "Meus pais viviam ali na Castro Alves, minha primeira residência no bairro do Embaré. Hoje, quem mora por ali é uma de minhas filhas. Minha sogra morava na minha travessa, mas no número 11, e minha cunhada no 9. Depois que minha sogra morreu, quem ficou morando na casa foi meu sobrinho. Então, ficamos todos próximos. Até pouco tempo atrás, domingo sim, no outro também, minha casa ficava cheia na hora do almoço", diz Bica.
Amilcar Lamas
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Último resquício da Vila Hayden
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Busto do Almirante Tamandaré
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
12/09/2010
Cotidiano
Uma verdadeira casa de bonecas
Quem passa pelo bangalô azul e amarelo que fica na rua São José não resiste a arriscar uma espiadinha no que parece ser uma casa de bonecas gigante. E é mesmo. Dentro, uma infinidade de bonecas de pano para deixar muitas crianças e adultos de boca aberta.
O espaço é novo, mas a idéia de fazer estas bonecas surgiu há 15 anos, quando a filha mais velha da publicitária Maria José Lage pediu o brinquedo. Como sabia costurar, ela juntou retalhos que deram vida a uma pequena boneca. Nem é preciso dizer que foi um sucesso. Uma peça puxa a outra, e hoje a empresária responde pela confecção de dezenas de bonecas por mês e pela direção da Maricotinhas.
As bonecas são feitas de algodão com enchimento anti-alérgico. O rosto é pintado à mão e os cabelos feitos de lã ou fibra natural. Todos os modelos são criados e confeccionados pela própria Maria José. "São bonecas para carregar, dar de presente, para os bebês brincarem. Aos poucos, elas pegam o cheiro da criança. Além disso, mulheres já adultas adoram este tipo de lembrança. Uma das peças, o Santo Antônio de pano, já substitui o buquê na hora de a noiva jogar para as convidadas. E ele vai cheio de simpatias, só para garantir", afirma.
Na Maricotinhas também existe uma infinidade de lembranças de maternidade, varal para janelas, terços de fuxicos, botões forrados para customizar roupas. Peças que estão rodando o mundo inteiro através das mãos dos clientes que escolheram uma maneira original e carinhosa de presentear. Endereço: Rua São José, 179 - Tel. 3231.3432
Uma das "Maricotinhas"
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
A "casa de bonecas" da Rua São José
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Uma das "Maricotinhas"
Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria
Vídeo do Jornal da Orla sobre as "Maricotinhas"
Clique >>aqui<< ou na imagem para obter o vídeo em formato MP4, com 5,14 MB, 1'57",
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