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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Baleia pode apontar o local da primeira vila (2)

Mesmo após a denúncia, descaso continuou: acervo foi transferido sem cuidado, ocorrendo danos importantes
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Uma ossada de baleia, encontrada em 1989 enterrada em São Vicente, longe da praia, pode indicar até onde o mar avançava na época de sua morte, e com isso ajudar os historiadores a esclarecer pontos obscuros da história vicentina, como a exata localização da primeira vila de São Vicente. Porém, 16 anos depois, a cidade ainda não tinha decidido o que fazer com os ossos, e pretendia doá-los a outra cidade. Providências judiciais e a contrariedade do público evitaram a doação, mas não que os ossos fossem transferidos para outro local sem os necessários cuidados, ocorrendo danos ao acervo.

Novo Milênio está realizando uma enquete, para conhecer a sua opinião sobre o assunto, a partir de 26/6/2006:

Você concorda com a forma como foram removidos dos ossos da baleia vicentina para o Centro Náutico de São Vicente?
Não, a Prefeitura não teve cuidado, quebrou ossos e deixou-os em local onde podem ser roubados
Não, a Prefeitura é depositária do acervo cultural, e não está cuidando dele como deveria
Sim, lugar de baleia é em centro náutico, tudo a ver!
Tanto faz, são apenas ossos velhos...


Esta notícia é do jornal santista A Tribuna, em 13/6/2006:

Terça-Feira, 13 de Junho de 2006, 09:44
Crânio de baleia é levado para Centro Náutico
Da Sucursal

Os ossos do crânio da baleia azul que eram mantidos por determinação judicial no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV) foram levados para o Centro Náutico, na Esplanada dos Barreiros. Até ontem, no entanto, o autor da ação popular movida no sentido de manter o fóssil na Cidade, Lourenço Secco Júnior, desconhecia o paradeiro da ossada, encontrada em setembro de 1989, no Itararé, e guardada no instituto desde 1992. Sua permanência na Cidade acabou na Justiça, no ano passado, depois que foi sugerida uma doação para o Instituto de Pesca de Santos.

Conforme a Prefeitura, os ossos foram transportados para o Centro Náutico em abril. "Está sendo preparada a sua restauração para posterior exposição", informou a Administração Municipal, por meio de sua Assessoria de Imprensa.

No último mês de dezembro, o juiz da 2ª Vara Cível de São Vicente, Leandro de Paula Martins Constant, concedeu liminar e determinou que o fóssil ficasse no local onde se encontrava, atendendo ao pedido do munícipe, que moveu a ação popular para garantir a permanência dos ossos na Cidade. O magistrado chegou a fixar multa diária de R$ 2 mil em caso de desobediência.

Na ocasião, o titular da 2ª Vara Cível justificou a decisão afirmando que a ossada deveria permanecer em São Vicente até que se fizesse "prova sobre o efetivo valor local da ossada", em detrimento do valor regional ou nacional.

A ação popular, movida pelo advogado Lourenço Secco Júnior, foi impetrada depois que o autor tomou conhecimento de um ofício enviado pelo vice-presidente em exercício do IHGSV, Antonio Teleginski, ao então secretário de Turismo e Cultura da Cidade, Pedro Gouvêa, no último dia 10 de novembro.

Sem saber - Ontem, o advogado afirmou que desconhecia o paradeiro da ossada. De acordo com o autor da ação popular, durante a visita ao IHGSV, os guardas municipais que estavam de plantão não souberam explicar quando a ossada teria sido levada, tampouco quem a teria retirado de lá.

"A ordem do juiz está sendo desrespeitada, ninguém sabe onde está (o fóssil) e em que condições", reclamou o advogado.

Em conversa com o prefeito Tércio Garcia no início de 2006, o historiador Waldir Rueda teria pedido que a ossada fosse removida do quintal do Instituto Histórico e Geográfico para um recinto fechado e que preservasse o material que estava há cerca de dez anos exposto ao relento.

Em nota oficial, a Prefeitura informa que: "O prefeito providenciou, então, a remoção da ossada, incluindo partes já separadas do crânio que estavam no quintal, para um recinto fechado e coberto no Centro Náutico, equipamento público frequentado diariamente por dezenas de estudantes da Rede Municipal de Ensino que lá praticam esportes aquáticos".

"Além de ter colocado a ossada sobre uma plataforma que permite sua melhor visualização, a Prefeitura já mandou fazer cobertura transparente de policarbonato para sua melhor exibição ao público", completa a nota da Assessoria de Imprensa da Prefeitura.

Memória - No documento enviado no dia 10 de novembro de 2005 ao então secretário municipal de Turismo, Pedro Gouvêa, o vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), Antonio Teleginski, escreveu: "Consultamo-lo quanto à conveniência desse fóssil ser transferido à Prefeitura, para que seja colocado em praça pública (coberto), com um histórico analítico e temporal. Se houver desinteresse da municipalidade, ofereceremos o crânio aos museus especializados de Santos". A resposta assinada pelo secretário de Turismo e Cultura no dia 17 do mesmo mês foi a seguinte: "Informamos que lamentavelmente não temos espaço para acolher o fóssil. Outrossim, concordamos com a doação do mesmo a museus especializados de Santos".

Estas imagens foram feitas pelo historiador Waldir Rueda, no Centro Náutico, mostrando inclusive os danos ocorridos durante o transporte do acervo - que ocorreu sem consentimento judicial e sem a sua concordância, como informou a Novo Milênio. Ele também observa que não há qualquer controle no local para evitar o desaparecimento de partes do acervo:


Local no IHGSV onde estavam depositados os ossos, agora transferidos ao Centro Náutico


Estado atual dos ossos de baleia vicentinos

Detalhes do estado dos ossos e dos danos havidos no transporte


No Centro Náutico, em meio a aparelhos de ginástica e sem vigilância, o novo local provisório do acervo arqueológico vicentino