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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Uruguaio pintou a história vicentina

Carlos Fabra nasceu no Uruguai e morreu em Praia Grande, sem que os conterrâneos lembrassem ter sido ele o autor dos principais quadros evocativos de cenas da história de São Vicente. O assunto foi tratado em 15 de janeiro de 2005,  nesta matéria do jornal santista A Tribuna:


Maria Auxiliadora não se conforma com o esquecimento
a que o marido foi relegado ainda em vida
Foto: Adalberto Marques, publicada com a matéria

HISTÓRIA
Família de artista quer ajuda para publicar pesquisa inédita

Fabra pintou a história da fundação de São Vicente

Pedro Cunha
Da Sucursal

Esquecido em uma casa na periferia de Praia Grande, Carlos Fabra, autor da maior sequência de pinturas sobre a história da Fundação da Vila de São Vicente, faleceu no dia 10 de junho do ano passado, aos 67 anos. Desde então, a família do artista uruguaio tenta publicar um livro inédito, sobre o primeiro século da Cellula Mater, por dois motivos imperativos: valorizar a memória do pesquisador, e sair da miséria.

Com mais de 500 páginas, o material é fruto de um amplo estudo realizado por Fabra nos dois últimos anos de vida, quando um câncer no estômago já o consumia dia após dia. Antes de morrer, o pesquisador revelou à família que o livro precisava ser publicado, pois seria revelador.

"Não tenho condição de guardar adequadamente este material em casa e temo que a pesquisa acabe se perdendo com o tempo. O livro está pronto e só precisa de uma revisão", lamenta a esposa do artista, Maria Auxiliadora Fabra, que mora com os dois filhos em Ribeirópolis, próximo à Curva do S, em Praia Grande.

Na introdução da pesquisa, Fabra esclarece que o livro reúne informações de diversos estudos sobre São Vicente, já publicados, mas que permanecem fragmentados. O conhecimento do artista sobre a Cidade é mais do que notório.
Além de ter pintado uma série de 37 quadros retratando a formação da Primeira Vila, batizada de Memorial da História Vicentina, Fabra participou de importantes publicações sobre São Vicente. Dentre elas, destacam-se a Poliantéia, com informações sobre o Município e o trabalho Gohayó, inicialmente encartado em A Tribuna e, em seguida, reunido em forma de livro.

Maremoto - Após acompanhar uma morte silenciosa e sem nenhum reconhecimento público - só um político teria comparecido ao enterro -, a família do artista ficou revoltada ao ver os quadros de Fabra expostos em rede nacional nos últimos dois domingos, quando o programa Fantástico, da Rede Globo, utilizou uma de suas pinturas para contar a história do maremoto que destruiu a primeira vila.

"Quando vi o quadro no Fantástico, fiquei feliz ao perceber que o trabalho de meu pai é importante. Mas, ao mesmo tempo, não consigo entender porque esqueceram dele antes e depois da morte", diz o filho mais velho, Ricardo, de 18 anos.

Mesmo sem ter assistido ao programa, a irmã, Michele, de 17 anos, concorda com a injustiça sofrida pelo seu genitor. "Fabra nasceu no Uruguai, mas amava São Vicente. E o povo vicentino também o amava, pois sempre mostrou-se solidário, nos momentos de necessidade que passou. Espero que este reconhecimento ainda exista", ressalta Maria Auxiliadora, recordando o episódio em que o marido decidiu colocar o Memorial da História Vicentina, a série de quadros, à venda para chamar a atenção da sociedade.

De acordo com ela, em fevereiro de 2001, Fabra percebeu que estava com sérios problemas de saúde e ficou preocupado com o futuro da família. "Por uma questão política, ele perdeu o emprego na Secretaria de Cultura e nós estávamos com muitas dificuldades financeiras. Por isso, resolveu anunciar que venderia os quadros".

Convocação popular para um ato público, na então Vila de São Vicente, por Carlos Fabra
Imagem divulgada na Internet pela página Web oficial da Prefeitura Municipal de São Vicente

Município adquiriu as obras

Ao saber da disposição de Carlos Fabra de vender o Memorial da História Vicentina, a série de quadros, o prefeito Márcio França adquiriu a obra histórica para o Município, por cerca de R$ 30 mil, por meio de uma parceria com um empresário. "Com o dinheiro, compramos esta casa e guardamos o restante, para nos mantermos. Mas logo os problemas voltaram".

Enquanto as pinturas de Fabra ganharam destaque no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), seu autor caminhou para uma situação cada vez mais grave. "Bastante doente, ele não tinha sequer uma alimentação adequada. Até para transportá-lo para o hospital, nos momentos de crise, foi complicado. Para piorar, não conseguimos um lugar para fazer a quimioterapia", conta Maria.

Ela faz questão de salientar que o presidente do IHGSV, Fernando Martins Lichti, foi uma das poucas pessoas que ajudaram o marido até o último instante, abrindo espaço para Fabra ensinar história e arte no instituto. "Ele formou uma geração de pintores, escultores e pesquisadores".

Com orgulho, Maria mostra a Medalha de Grande Mérito Cultural que Fabra recebeu do IHGSV, um mês antes de falecer. Na residência, ela ainda guarda algumas pinturas e esculturas do marido, incluindo o único quadro que ele fez sobre Praia Grande, em 1995, mostrando a pesca de arrastão com parelha de bois.

"Não recebe nenhuma pensão. Como ele era uruguaio, teve problemas para reunir a documentação e não conseguiu se aposentar. Estamos desamparados", diz. Se alguém estiver interessado em conhecer o material escrito por Fabra, pode entrar em contato pelo telefone 3477-2885. O Memorial da História Vicentina pode ser visto no IHGSV, que fica na Rua Frei Gaspar, 280, no Centro de São Vicente.

Reunião da Primeira Câmara das Américas, por Carlos Fabra
Imagem divulgada na Internet pela página Web oficial da Prefeitura Municipal de São Vicente

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