Segundo o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, até o final do Século 19 a população conhecia o Rio do Sapeiro, denominação provável devido à quantidade elevada de sapos no local. No
entanto, ás suas margens foi instalada a primeira oficina de consertos de calçados da Cidade. Assim, logo a população mudou o nome do riacho de Sapeiro para Sapateiro
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Rio Sapateiro é reencontrado em São Vicente
Lendário Riacho é descoberto por acidente durante escavações
Victor Miranda
Da Redação
Após anos sem informações oficiais, a Prefeitura
de São Vicente encontrou na última semana um dos principais vilões da Cidade. O mesmo tem recebido o tratamento adequado e, em breve, estará longe do convívio com a sociedade, gerando mais segurança para seus moradores.
Embora o parágrafo acima pareça mais apropriado para o noticiário policial, ele se refere ao Rio Sapateiro, uma espécie de lenda vicentina que,
durante décadas, foi apontado pelos governantes como o maior responsável pelas enchentes na região central do Município.
Durante as obras de pavimentação e drenagem da Avenida Capitão-mor Aguiar, técnicos da Prefeitura se depararam com o córrego, escondido sob uma das
vias mais movimentadas da Cidade.
Ressurgimento – Ao cavar o solo para providenciar a
substituição das manilhas no trecho em que a avenida se encontra com a Rua Frei Gaspar, chamou a atenção dos operários a quantidade de água que corria por ali, por um estreito sistema de drenagem que aparenta ter mais de 80 anos (ao invés de
sustentação de concreto armado, paredes de tijolinho protegiam o equipamento subterrâneo, o que indica uma antiga preocupação com as enchentes).
Não demorou muito para os mais atentos detectarem: aquele ali era o Rio Sapateiro (embora essa seja a denominação oficial, chamar de rio, aliás, é
um exagero, sendo que o termo correto é córrego). A constatação confirmou a versão dos vicentinos mais velhos, que sempre disseram que as ruas do Centro escondiam esse curso d'água.
Até mesmo um mapa de 1852, assinado pelo pintor Benedito Calixto, confirma que o traçado do córrego serpenteia
o Centro de São Vicente. O problema é que, como há apenas dois pontos em que a água é aparente – a fonte do Ipupiara e um pequeno corredor na lateral do Marco Padrão, na praia da Biquinha – sempre houve a dúvida sobre seu real traçado. Situação que
fica ainda mais incerta graças às suas várias ramificações.
Nem mesmo a nascente é conhecida, podendo ser na região próxima da Avenida Capitão-mor Aguiar (mais provável), perto da Rua Aleixo Garcia, no
Bairro Catiapoã, ou até mesmo em um terceiro lugar (veja em destaque o provável traçado do córrego).
Independentemente do ponto exato de onde surge seu traçado, o fato é que é provável que o curso esteja relacionado à Bacia do Catiapoã, que
compreende os canais das avenidas Alcides de Araújo e da Lourival Moreira do Amaral.
Culpado – Justamente por ter seu traçado exato
desconhecido e por possuir um status de lenda, em que todos acreditam que ele corre pelo Centro, mas poucos têm provas concretas, o Rio Sapateiro sempre foi relacionado às enchentes que assolaram o Município no decorrer de décadas. Não foram poucos
os governantes que, ao encarar uma enchente, acusaram a baixa vazão e o sumiço do córrego como responsáveis pela cheia.
De fato, o sufocamento do rio, somado ao estado deteriorado das manilhas utilizadas em seu curso, podem contribuir para alguns alagamentos. Tanto
que bastou o Rio Sapateiro ser detectado para que houvesse uma mudança no material utilizado na drenagem, que precisou ser mais específico e de dimensões mais largas.
"Para nós, de verdade, foi uma surpresa. Quando encontramos aquelas manilhas aterradas, não entendemos o que era. Depois é que a ficha caiu. Por
conta disso, vamos utilizar manilhas de concreto ainda mais largas, para ver se reduz o impacto causado nesse rio no decorrer dos anos", explica o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Manutenção Viária, Léo Santos.
Segundo a secretaria, as obras de drenagem e pavimentação da Avenida Capitão-mor Aguiar não vão interferir diretamente no curso do rio. A única
ação vai ser aumentar a vazão do mesmo, que será praticamente dobrada.
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria
CENTRO
Pavimentação – As obras da Avenida Capitão-mor Aguiar
tiveram início há cerca de um mês. Em princípio, os serviços serão feitos no trecho compreendido entre as ruas Frei Gaspar e Marquês de São Vicente, onde os bloquetes de concreto sextavados serão substituídos por pavimentação asfáltica. O
investimento no recapeamento do piso é de R$ 1.370.000,00.
Os recursos são originários do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade), órgão da Secretaria de Turismo do Estado.
Posteriormente, o trecho da Rua Marquês de São Vicente com destino à Avenida Capitão Luiz Pimenta também será contemplado. Ao todo, serão 680
metros de via asfaltados, que devem levar seis meses para serem concluídos. |