SÃO VICENTE - Prefeitura está recebendo doações. Santos também montou posto de arrecadação
Vítimas de incêndio podem ir para imóveis do CDHU
Conjunto habitacional, com 198 moradias, fica no Bairro Samaritá. No domingo, 166 famílias da Vila Margarida tiveram casas destruídas pelo fogo
Vista aérea mostra cenário de destruição da área conhecida como Fazendinha Geral, na Vila Margarida, ontem. Região atingida pelo fogo tem extensão de 4
mil metros quadrados
Foto: Tuffy Elias e Diego Rendeiro/especial para A Tribuna, publicada com a matéria, na pág. A-1
VILA MARGARIDA - As perdas materiais são totais e até ontem a Defesa Civil tinha cadastrado 166 famílias desabrigadas pelo fogo
Vítimas fazem o rescaldo de suas vidas
Valéria Malzone
Da Redação
Desolação, choque e tristeza. Estas emoções estavam estampadas na manhã de ontem nas faces dos moradores da comunidade que
vivia na chamada Fazendinha Geral, no Bairro Vila Margarida. Uma área de palafitas amontoadas em São Vicente, que pegou fogo na noite do último domingo.
No rescaldo do incêndio - que desabrigou 166 famílias - amigos, parentes e moradores tentavam recuperar qualquer coisa, desde documentos, até roupas, utensílios ou mesmo móveis.
Apesar dos riscos, alguns - principalmente crianças e adolescentes - mergulhavam os pés na lama dos canais imundos do local, vasculhando madeiras incineradas, ferros retorcidos e
equipamentos domésticos derretidos.
Fiscalização - Toda a ação foi monitorada pela Prefeitura, que levou funcionários, caminhões e guindastes para ajudar na limpeza do espaço. Não há registro de feridos por
queimaduras e nem de mortos.
"Algumas pessoas pisaram em pregos espalhados pelo chão e naqueles de sobras de madeiramento", explicou o diretor da Defesa Civil de São Vicente, Alberto Junqueira.
Segundo ele, 12 pessoas estavam com estes ferimentos, entre o horário do acidente (por volta das 19h30 de domingo) e o final da manhã de ontem. Todas foram socorridas por unidades do
Samu, na Emef Lúcio Martins Rodrigues (Rua Odair Miller Marques, 434, Vila Margarida), escola que foi improvisada como abrigo para as vítimas do incêndio.
"Também uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde ficará aqui (na Emef) à disposição dos desabrigados", confirmou Junqueira. De domingo para ontem (segunda), 64 pessoas dormiram na
escola, segundo a Prefeitura. Lá, ocorreu durante todo o dia o cadastramento das famílias desabrigadas. Até o final da tarde de ontem, havia registro de 166 famílias.
A Administração Municipal não soube especificar quantas crianças, deste total, foram cadastradas. "No domingo, quem estava aqui recebeu jantar e hoje (ontem) pela manhã, tomou café",
emendou o diretor da Defesa Civil.
Apesar do alto índice de cadastrados, pouca gente permanecia na escola-abrigo. "A maioria está preferindo ir para a casa de parentes", observou Junqueira, que não soube quantificar estas
pessoas.
PERSONAGENS
Lusinete Castro Lourenço era outra vítima que ontem pela manhã vasculhava escombros no meio da área do incêndio. "Morava há três meses aqui com duas filhas grávidas, dos seis que tenho",
lamentou a mulher, desesperada. "Agora não faço a menor idéia do que vai acontecer, porque só me sobrou a roupa do corpo, assim como das minhas filhas". Seu barraco também foi totalmente destruído pelas chamas. |
Édson dos Santos é ajudante geral e foi uma das vítimas do incêndio do último domingo. "Hoje (ontem), voltei aqui para ver se dava para salvar alguma coisa. Mas, não tem mais
nada a fazer", lamentou o morador, que vivia em um barraco com a mulher e dois filhos menores. "Estão falando em 160 famílias e, na realidade, aqui tinha uns 500 barracos que queimaram. Só quero ver o que vai acontecer com toda essa gente". |
A visão aérea dá a dimensão do tamanho da área consumida pelo fogo que, por sorte, deixou apenas danos materiais e não fez vítima na Fazendinha Geral
Foto: Tuffy Elias e Diego Rendeiro/especial para A Tribuna, publicada com a matéria, na pág. A-9
VILA MARGARIDA - Empresa do Governo do Estado responde amanhã se vítimas do incêndio irão para conjunto habitacional
CDHU pode receber desabrigados
Valéria Malzone
Da Redação
As famílias desabrigadas pelas chamas poderão ocupar o Conjunto Habitacional São Vicente-I, da CDHU, que fica no Bairro Samaritá. A informação é da Secretaria de Comunicação Social da
Prefeitura.
Entretanto, esta é só uma possibilidade, já que a CDHU ficou de responder amanhã sobre a viabilidade jurídica. O conjunto possui 198 moradias que já precisam de reparos e acabamentos.
Estas casas são destinadas, originalmente, a outra leva de famílias carentes cadastradas da Vila Margarida.
Na tarde de ontem, o prefeito Tércio Garcia esteve reunido com uma comissão de moradores, vítimas do incêndio, e esta possibilidade foi bem recebida pelas partes.
Os moradores entrariam no conjunto, porém teriam que trabalhar na reforma das casas, em uma espécie de mutirão. Isso tudo, se a CDHU der uma resposta positiva para a solução do problema.
Já os moradores cadastrados originalmente para o conjunto, que recebem da Prefeitura um vale-aluguel, aguardariam mais seis meses para a conclusão da construção de outro conjunto
habitacional, no Parque Bitaru, erguido com dinheiro do PAC do Governo Federal.
Solidariedade - O prefeito, que na manhã de ontem visitou o local dos escombros, valorizou a solidariedade das pessoas no acidente. "Se os moradores não tivessem agido, tudo poderia ter
sido pior ainda".
Tércio garantiu que as famílias que não tiverem parentes ou não quiserem ir para os abrigos da Cidade (são dois no Centro) poderão ficar na escola Lúcio Martins Rodrigues.
"Estamos agora em época de férias escolares (o retorno é em fevereiro) e lá tem infra-estrutura para os desabrigados cadastrados", disse Tércio.
Na noite de domingo para segunda (ontem), quatro salas de aula foram disponibilizadas para que as famílias pudessem dormir em colchões cedidos pela Secretaria Municipal de Esportes.
Outras salas foram usadas para alojamento e redistribuição de materiais e objetos.
O conjunto feito pela CDHU tem 198 casas, mas que precisam ser reformadas. os imóveis podem ser o novo endereço das vítimas do incêndio
Foto: Irandy Ribas, publicada publicada com a matéria, na página A-10
Investigação não terminou
A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros mantêm peritos investigando a causa ou as possíveis causas do incêndio do último domingo. Segundo o diretor da Defesa Civil do Município, Alberto
Junqueira, há especulações sobre três hipóteses.
"Uma, seria um foco iniciado por uma briga doméstica de um casal; outra, sobre curto-circuito de ligações clandestinas de eletricidade (famoso gato) e, uma terceira versão, sobre
acidente com fogos de artifício, devido ao jogo decisivo do Campeonato Brasileiro de ontem", disse Junqueira.
O incêndio, iniciado por volta das 19h30, tomou rapidamente grandes proporções também porque ventava muito naquele momento. Sete viaturas do Corpo de Bombeiros e mais de 30 homens foram
utilizados no combate às chamas. Moradores solidários também ajudaram na luta contra o fogo.
Doações - Os desabrigados precisam de materiais de higiene pessoal, de absorventes femininos a pasta dental, toalhas de banho, roupas de cama, alimentos de todos os gêneros, água
e mantimentos.
"Estamos concentrando tudo na sede do Fundo Social de Solidariedade de São Vicente (Rua Benedito Calisto, 205, Boa Vista) e também no Fundo Social de Solidariedade de Santos (Avenida
Conselheiro Nébias, 162)", explicou ontem a secretária de Cidadania e Ação Social de São Vicente e presidente do Fundo Social da Cidade, Márcia Papa Garcia. Os telefones das entidades são: 3467-9118 (FSS de São Vicete) e 3222-8050 (FSS de Santos).
A Prefeitura, em seu site oficial (www.saovicente.sp.gov.br), também disponibilizou uma lista de postos de arrecadação para as vítimas. Os materiais recolhidos são catalogados, separados
e distribuídos para as famílias desabrigadas. A Administração Municipal também agilizará, por meio do Poupatempo Móvel, a retirada de novos documentos dos desabrigados (VM).
Desabrigados reviraram os escombros em busca de algo pessoal
Foto: Fernanda Luz, publicada publicada com a matéria, na página A-10
ONDE DOAR
Sede do Jepom - Avenida Manoel de Abreu, 584 - Cidade Náutica
Poliesportivo Jepom -Avenida Martins Fontes, 735 - Catiapoã.
Prefeitura Municipal de São Vicente - Rua Frei Gaspar, 384 -
Centro.
Fundo Social de Solidariedade - Rua Benedito Calixto, 250 - Boa
Vista.
Escola Técnica Circuito - Rua Frei Gaspar, 2450 - Parque São
Vicente.
Praça Coronel Lopes.
Praça Barão do Rio Branco.
Praça Tom Jobim.
Ponto de Informações Turísticas Itararé.
Ponto de Informações Turísticas Gonzaguinha
Supermercado Pirâmide - loja 1 - Rua Cornélio Pires.
Supermercado Pirâmide - loja 2 - Rua Franklin Casen de Moura.
Supermercado Casa Luanda - Avenida Antônio Emerich, 347.
Supermercado Ao Fiel Barateiro - Quinze de Novembro, 537.
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