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Aventuras de Patolo e Patilda    (6)

Hamleto Rosato (com desenhos de Dino e Lobo)

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Patolo e Patilda entraram no grupo escolar. Ela, mais calma, mais senhora de si, encaminhou-se com firmeza para a secretaria da escola. Olhava os demais alunos como se todos eles fossem seus conhecidos. Patolo, meio sem jeito, acompanhou sua irmã, abrindo desmesuradamente os olhos, como se estivesse num mundo exótico, diferente...

Voltaram ambos para o recreio, a fim de aguardar o início das aulas. Bateu um sino e, em filas, os garotos foram para as respectivas classes. Patilda ficou na fila das meninas e seu irmão, em outra, ao lado, junto a um japonezinho. Também este estava acanhado. Os dois se olharam. Nasceu logo a camaradagem.

Os garotos puseram-se a andar, acompanhando os demais. Entraram na classe. Ao lado de um grande quadro negro, Patolo avistou o mapa do Brasil. Tentou falar com o japonezinho, mas este fez-lhe sinal para conservar silêncio, pondo um dedo verticalmente na boca. Patolo compreendeu. Do outro lado, Patilda olhava para seu irmãozinho. Este, agora mais confiante, também olhava para Patilda. Queria, com o olhar, verificar se tudo estava bem. A irmã compreendeu e fez-lhe um sinal confirmando.

A professora cumprimentou todos os garotos. Falou depois sobre a necessidade do brasileiro se instruir. Pediu que todos fossem obedientes e prestassem atenção às lições. Fez a chamada. Quando chegou a vez de Patolo, este ficou mudo. Olhou para Patilda, que lhe fez sinal para responder. Perdendo o acanhamento, Patolo disse bem alto, quando a professora lhe repetiu o nome: "Presentêeee"... Todos riram. A professora também. Perceberam que Patolo falara mais alto do que o necessário, devido ao nervosismo.

A professora, terminada a chamada, encaminhou-se para a lousa e escreveu um A maiúsculo.

Patolo olhou e com seus botões achou que aquela letra parecia uma tesoura. Feito o A, de mais ou menos dez centímetros, a professora exclamou: "Aqui temos a primeira letra do alfabeto: A".

A professora prosseguiu na lição. Depois do A, feito em maiúscula, na lousa, escreveu o B, o C e o D. A garotada prestando atenção. Patolo, firme, olhava de quando em vez com o rabo dos olhos para Patilda, na outra fila de carteiras.

Chegou a hora do recreio. Em ordem, os alunos abandonaram a classe. O japonezinho, vizinho de banca de Patolo, aproximou-se deste, exclamando:

- Puxa, Patolo, quando você respondeu à chamada falou bem alto...

Patolo ouviu e retrucou: "Como é que você sabe o meu nome, se eu ainda não disse como me chamo?"

O japonezinho riu, mostrando todos os dentes e exclamou: "Pensa que eu não vejo as suas façanhas na A Tribuninha? Julga que já esqueci aquela história do gato que queria comer o pintinho? Você é muito manjado...

Nesse instante, Patilda chegava, ouvindo as últimas palavras do japonezinho. E disse logo: "Que história de manjado é essa? Não se deve falar em gíria. Será que Patolo está fazendo escola?"

Deixou a pergunta no ar e falou ao seu irmãozinho: "Patolo, você não precisa ficar assustado. Na classe, basta você prestar atenção ao que diz a professora. Vamos ver se você aprendeu a fazer o A..."

Patolo replicou logo: "Grande coisa. Um A se faz como se fosse uma tesoura, meio aberta. É sopa. Até o B é fácil. Basta fazer um pau e duas meias luas. O C é apenas uma meia lua e o D é um poste e meia lua..."

Patilda riu. O mesmo fez o japonês. Patolo, meio desconfiado, não deixou passar, exclamando: "De que é que vocês estão rindo?..."

- De nada -, disse o japonezinho.

Patolo aproveitou a ocasião e acrescentou: "Quem se ri à toa é bobo, é biruta..."

Patilda entrou novamente em ação, desviando a conversa:

- Afinal - perguntou ao japonezinho -, como é o seu nome...

- Paulo Nakaschita - respondeu o alegre japonezinho.

A palestra entre Patolo, Patilda e Paulo Nakaschita, o simpático japonezinho, prosseguia quando o sino badalou novamente. A garotada que jogava bola parou. Fez-se silêncio. Cada qual procurou a sua fila para retornar à classe. Patolo juntou-se ao japonezinho. A fila movimentou-se e os garotos procuraram as suas carteiras.

A professora olhou a classe. Conferiu a presença dos alunos e prosseguiu na lição. Fez um retrospecto do que havia ensinado. Escreveu várias letras na lousa e foi perguntando: "Você, Patolo, que letra é esta?", enquanto com uma vara apontava para o C.

Patolo respondeu certo. Não titubeou. A professora gostou e mudou para outra letra. "E esta?" Patolo viu o B barrigudinho e acertou. Com um "muito bem", a professora prosseguiu: "esta aqui?" Nova e certa resposta de Patolo. Satisfeita, a professora foi escrevendo outras letras.

Patolo sentou-se e olhou para Patilda. Esta sorriu, aplaudindo seu irmãozinho. Estava satisfeita. Observou que Patolo prestara atenção à aula.

A voz da professora, porém, fez Patolo e Patilda voltarem-se para ela. A lição ia prosseguir. Após dizer que estava satisfeita com os alunos, a professora continuou apresentando outras letras do alfabeto.

Paulo Nakaschita, o japonezinho, sussurrou para Patolo: "Aí batuta, gostei de ver. Você está afiado".

A professora percebeu. Delicadamente, chamou a atenção, dirigindo-se para toda a classe: "Vocês viram? Prestando atenção vocês aprenderão logo. O Brasil precisa de homens instruídos. O que vocês estão fazendo aqui é justamente a base para uma sólida cultura. Assim, espero que, em aula, vocês prestem o máximo de atenção. No recreio, então, vocês podem conversar..."

O japonezinho sentiu que a indireta era para ele mesmo. Aprumou-se e fez-se todo ouvido para o que a professora dizia.

A aula durou mais uma hora e meia. A garotada, prestando atenção, aproveitou bem as lições que a professora deu. Quando bateu o sino, os garotos juntaram os cadernos e livros, enquanto a professora fazia recomendações para os trabalhos que deveriam ser feitos em casa.

À saída da escola, Patilda juntou-se ao Patolo, que caminhava ao lado de Paulo Nakaschita.

- Que tal? - perguntou Patilda ao simpático japonezinho -. Gostou?

- Formidável, não?! - respondeu Paulo -. A professora é muito inteligente. Muito camarada, mas enérgica. Lembra-se quando ela falou que nós devíamos prestar atenção? Aquilo era comigo. Eu estava falando baixinho com o Patolo...

- Fez ela muito bem - replicou Patilda -, na aula não se conversa...

Enquanto conversavam, os garotos iam andando. Ao chegarem a um determinado ponto, onde havia uma árvore copada, viram o Jabuca. Este abriu um largo sorriso.

Patolo fez a apresentação: "Jabuca, este aqui é o Chita..."

O japonezinho cortou logo: "Que Chita é este, senhor Patolo? Meu nome é Paulo Nakaschita. Chita é a macaca da história do Tarzan..."

Patilda, sempre viva e atenta, esclareceu: "Paulo, o que o Patolo fez foi apenas arranjar um diminutivo para você"...

Paulo Nakaschita, também muito esperto, não perdeu a oportunidade e emendou: "Se é para isso, porque não me chamou de Paulinho?"...

- Ótimo - disse Patolo -, você será o Paulinho. Ouviu, Jabuca? Paulinho, este é o Jabuca...

- Já sei, falou Paulinho, você deve ser torcedor do Jabaquara, por isso é o Jabuca...

- Nada disso -, respondeu Jabuca. Este meu apelido foi dado por Patolo porque eu ofereci jabuticabas a ele e à Patilda. Mas o que eu sou mesmo é Santos F. Clube. Sou Pelé até na cor, não está vendo?

E soltou uma sonora gargalhada.

A conversa prosseguiu. É que a sombra da bela árvore estava gostosa. Soprava um vento suave e fresco, vindo do mar...

A conversa entre os quatro garotos - Patolo, Patilda, Jabuca e Paulo - prosseguiu animada. Trocaram impressões do primeiro dia de aula. O assunto central, entretanto, era a professora. Jabuca, que freqüentava outro colégio, foi esclarecendo: "Eta professora bonita, a minha. Bonita e fala suave..."

Patilda, mais perspicaz, cortou a conversa para esclarecer:

- Jabuca, o que você entende por suave quer dizer: falar com modos, com educação, não é isso?...

Jabuca arregalou os olhos e perguntou: "Ué, como é que você sabe que ela fala assim?...

- É claro, Jabuca - continuou Patilda -, se ela é professora deve saber falar. É evidente que o primeiro dia de aula ela procura impor confiança aos alunos. Assim, ela não poderá usar outra maneira senão essa: falar como se estivessem todos em família, como se todos fossem velhos amigos...

- Sabe de uma coisa - voltou Jabuca -, você também é um bocado inteligente. Conhece tudo. Não é à toa que o Patolo perto de você só dá foréca...

Patilda riu e procurou mudar o assunto: "Vamos pensar no domingo de Páscoa. Vamos comemorar essa data todos reunidos. Eu, Patolo, Paulo e você. Almoçaremos juntos e depois entraremos no ovo de Páscoa, está certo?"

Todos gostaram da idéia. Despediram-se e prometeram reunirem-se em casa de Patolo. Patolo e Patilda chegaram em casa. O divertido patinho foi deixando os livros em cima da mesa e mudando de roupa. Estava ansioso para brincar. Patilda observou a impaciência de seu irmão. Não perdeu a oportunidade e foi dizendo:

- Patolo, deixe de ser desleixado. Guarde tudo direitinho. Ponha os livros na estante. Tem tempo para brincar. É bom fazer um pequeno lanche e depois, sim, pode sair. Vamos começar as coisas em ordem. É de ordem que o Brasil precisa...