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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Uma associação dos empregados da Docas (2)

Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos: escola e ambulatório
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Esta matéria integra um álbum especial patrocinado pela Companhia Docas de Santos (CDS) e produzido em 1957 pelo Magazin das Nações - Editora & Publicidade Roman Ltda. (São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Los Angeles), exemplar pertencente a Fábio Ferraro Oliari, assessor do diretor-presidente da atual Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que ofereceu as imagens a Novo Milênio:
 


Edifício da sede social da Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos, situado à Rua João Otávio
Foto e legenda publicadas com a matéria

Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos

A Associação Beneficente dos Empregados da Cia. Docas de Santos foi fundada oficialmente em 9/4/1905, porém muito antes, isso em 1895, já surgira a idéia de uma sociedade que congregasse os trabalhadores da Cia. Docas de Santos, então no início das atividades.

O engenheiro dr. Alfredo Silva de Souza foi quem primeiro pensou em proporcionar aos doqueiros uma instituição que lhes desse socorro médico e bem assim às suas famílias, serviço esse que a Cia. Docas de Santos mantinha com médicos particulares, porém sem agrado por parte dos interessados, apesar de gratuito.

Surgida, sob os melhores auspícios, pois mereceu o apoio integral dos diretores da empresa portuária, antecipou-se a Associação à Previdência Social que hoje conhecemos, tendo sido mesmo fruto do trabalho das suas diretorias a instalação da Caixa de Aposentadoria e Pensões.

Desenvolveu-se a Associação, sempre sob a sombra protetora da Cia. Docas de Santos, e quando dela se afastou, por incompreensão dos seus dirigentes daquela época, pouco faltou para desaparecer.

Graças porém aos desmedidos esforços dos dedicados associados que, a partir de 1951, retomaram o leme da entidade, fazendo-a voltar ao aconchego da Empresa que é a razão da sua existência, acha-se agora num ritmo de progresso sobremodo promissor.

Transcrevemos, como preito de homenagem, a ata da fundação da Associação:

"Em 9 de abril de 1905, convocada previamente pelo pessoal da Companhia Docas de Santos, tendo à frente uma Comissão composta dos srs. Antonio de Almeida Júnior, dr. Vitor de Lamare e Júlio Barreto de Souza, no prédio nº 21 da Praça da República, com a presença de 819 empregados, reuniu-se a primeira Assembléia Geral, sob a presidência do sr. Álvaro Ramos Fontes, tendo como secretários os srs. Amado João Pedro Gay e dr. Vitor de Lamare. - Aberta a sessão, explicou o sr. presidente os fins para que fora ela convocada, fazendo, em seguida, ler em voz alta, pelo dr. Vitor de Lamare, para conhecimento de todos os presentes, as bases da organização da sociedade, sendo elas as seguintes: Artigo 1º - É fundada nesta cidade uma associação composta de empregados da Companhia Docas de Santos -; Artigo 2º - São seus fins: § 1º) Ministrar socorros médicos e farmacêuticos aos seus sócios, quando enfermos; § 2º) Socorrer pecuniariamente os seus sócios, enquanto por moléstias ou desastre, estiverem impossibilitados de trabalhar; § 3º) Fazer o funeral dos sócios que falecerem sem recursos; § 4º) Construir e manter, quando permitirem os fundos sociais, um hospital, onde serão tratados os sócios enfermos; § 5º) Enquanto a Associação não mantiver um hospital, fará recolher a algum hospital ou casas de saúde existentes nesta cidade, os enfermos que não tiverem família, ou que embora a tenham, solicitem esse socorro, correndo as despesas por conta dos cofres sociais; § 6º) Criar escolas de ensino primário, secundário e profissional, para os seus sócios e filhos; § 7º) Proteger pelos meios ao seu alcance os sócios quando presos ou processados, uma vez que a causa desse fato não seja contrária aos princípios da moral; § 8º) Criar um montepio para os sócios; Artigo 3º - Os sócios dividem-se em § 1º) efetivos e extra-numerários; Artigo 4º - Os sócios efetivos são os que pagam jóia e mensalidade; § 1º) Os sócios efetivos podem votar e ocupar qualquer cargo na Administração; § 2º) Tendo os sócios efetivos dois anos de Companhia, mesmo retirando-se dela, desde que não seja por motivos indecorosos, podem continuar a pertencer à Associação, desde que continuem a contribuir com as suas mensalidades; Artigo 5º - Sócios extra-numerários são os que contribuem mensalmente; § 1º) Os sócios extra-numerários podem votar mas não podem ocupar cargos na Administração da Associação; § 2º) Os sócios extra-numerários, deixando os serviços da Companhia, perdem os direitos de sócios; Artigo 6º - Os sócios efetivos pagarão a jóia de vinte mil réis e a mensalidade de três mil réis, tendo família, e de dois mil réis não tendo família; § 1º) A jóia será paga integralmente ou em quatro prestações, amortizáveis em um ano; § 2º) A família dos sócios é considerada sua esposa e filhos menores, mãe viúva e irmãos menores, desde que vivam sob o mesmo teto; Artigo 7º - Os sócios extra-numerários pagam as mensalidades de três mil réis tendo família e de dois mil réis não tendo família; Artigo 8º - As mensalidades começarão a vigorar logo que forem aprovadas as presentes bases; Artigo 9º - A Associação será administrada por uma comissão composta de cinco membros, até princípios de janeiro do ano vindouro, época em que serão apresentados os Estatutos fundamentais; § 1º) Esta comissão nomeará os auxiliares que ela julgar conveniente para o bom desempenho de suas funções. Lidas as referidas bases, foram elas em seguida postas em discussão, sendo unanimemente aprovadas. Após essa aprovação, o sr. presidente declarou resolvida da instalação da sociedade e que se ia proceder a escolha da sua primeira diretoria. Pedindo, então, a palavra o consócio sr. Francisco Bouças, e lhe sendo essa concedida, propôs o mesmo sr. que a primeira diretoria se compusesse de cinco consócios, os senhores dr. Ulrico Mursa, Antonio de Almeida Júnior, Júlio Barreto de Sousa, Lindolfo Formiga e José Vicente de Oliveira, o que foi, também, unanimemente aprovado. Nestas condições, instalada a Associação Beneficente dos Empregados da Companhia Docas de Santos e aclamada como foi a sua primeira diretoria, o sr. presidente, manifestando o seu maior prazer pelo fato, convidou aos dignos diretores a assumirem o exercício das suas funções, significando-lhes os seus fervorosos votos pelo progresso da Associação nascente e felicidade pessoal a todos os associados. Empossada por esta forma a Diretoria da Associação, lavrou-se para constar esta ata que é assinada pelos senhores presidente e secretários da Assembléia Geral: (a) Alvaro Ramos Fontes - (a) Amado João Pedro Gay - (a) Vitor de Lamare".

São grandes beneméritos da Associação os diretores da Companhia Docas de Santos: dr. Alberto Faria, coronel Antonio Cândido Gomes, Cândido Gaffrée, Eduardo P. Guinle, dr. Emilio da Gama Lobo d'Eça, dr. Guilherme Benjamim Weinschenck, dr. Gabriel Ozorio de Almeida, dr. José Xavier Carvalho de Mendonça, dr. Oscar Weinschenck e dr. Ulrico de Souza Mursa, já falecidos, e os atuais, srs. dr. Guilherme Guinle, dr. Otávio Pedro dos Santos, dr. Guilherme B. Weinschenck e dr. Ismael Coelho de Souza.

Constam também como grandes beneméritos, dr. Vitor de Lamare, sr. Cesar Dantas Bacelar, dr. Antonio Alves Freire e dr. José de Menezes Berenguer. Desde a sua fundação, vem a Associação mantendo serviço de Ambulatório e Farmácia, instalados em sede própria, à Rua João Otávio, 46/60. Em 1906, criou um Grupo Escolar, também localizado em edifício especialmente construído para esse fim, à Rua Campos Melo, 130.

O valor do seu patrimônio contabilizado é de Cr$ 18.000.000,00.

Em 1924, a Cia. Docas de Santos doou à Associação três armazéns de gêneros, hoje mantidos pela Associação com grande proveito para o associado, pois o seu resultado a entidade reverte ao próprio associado e seus beneficiários.

Faculta a Associação atualmente aos seus associados e respectivas famílias, que atinge a cerca de 30.000 pessoas, o seguinte:

Olaria - Sítio Sta. Terezinha
Farmácia
Auxílio Maternidade
Auxílio Enfermidade
Hospital (Clínica médica)
Dentista
Dentista (escola)
Aplicações elétricas
Seção de armarinho
Armazéns de abastecimento
Crediários
Ambulatório (injeções e curativos)
Escolas (primária e C. e Costura)
Bolsas de estudos
Escola (Assistência médica)
Desconto em contas do hospital

Acham-se em funcionamento as seguintes Clínicas:
Pequena cirurgia - 1 médico
Puericultura e pediatria - 1 médico
Ginecologia e pré-natal - 1 médico
Oftalmo-Oto-Rino-Laringologia - 1 médico
Clínica Médica Geral - 6 médicos
Clínica Hospitalar - 1 médico

Atual diretoria
Presidente - Adriano Dias
Vice-presidente - Carlos Guilherme Pfaff
1º secretário - Alfredo Corrêa da Rocha
2º secretário - Edson Gonçalves dos Santos
1º tesoureiro - dr. Alfredo de Paula Freitas
2º tesoureiro - Adjalma do Nascimento
Diretor da Instrução - Luiz Joaquim Dias
Diretor Beneficente - José dos Santos Corrêa
Diretor Abastecimento - José Ferreira Cantareiro

Suplentes - João Gomes Vieira Júnior, Osvaldo Wander Haagen, Pedro dos Santos, João Belido, Carlos Corrêa Gudes, Salvador Luiz Vilcho, José Gonçalves, José de Oliveira

Conselho Fiscal:
Ativos - dr. Milton Gama Pinto, dr. Américo Peterline, José Diógenes da Costa.
Suplentes - Avelino Rodrigues, Manoel Martins, Arnaldo Pires Domingues.

Conselho Deliberativo:

Mandato por 6 anos: Candido Camargo, Antenor da Silva Moraes, Clemente Gomes, Alvaro Prieto, Paulo Ferreira Lima

Mandato por 4 anos: Antonio Pedroso, Antonio Bispo dos Santos, Ari Rego Dias, Nelson Sanches, Waldomar Pires da Costa

Mandato por 2 anos: Evaristo Batista Gonçalves, Romão Antonio Batan, Armando de Jesus Fonseca, Elias Carvalho da Silva, José Faustino, Antonio Machado.


Em 1906, criou um Grupo Escolar, também localizado em edifício especialmente construído para esse fim, à Rua Campos Melo, 130
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