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SANTOS DE ANTIGAMENTE
Santos festejava descoberta do Brasil em 3 de maio

A polêmica é quase tão antiga quanto a própria descoberta do Brasil em 1500. Não cabe analisar aqui se foi uma ato casual ou planejado, a questão é outra: a data exata em que Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral da Bahia e tomou posse do Brasil para a Coroa Portuguesa. A famosa carta de Pero Vaz de Caminha ficou séculos perdida em Lisboa, e por isso foi preciso o historiador português Gaspar Correa (1492-c.1561) estudar o assunto e determinar uma data. Como foi dado o nome de Santa Cruz à nova terra, ele deduziu que estava sendo seguido um costume naval luso de escolher para as novas localidades um nome relacionado com a festa religiosa do dia de sua descoberta, no caso o Dia de Santa Cruz, 3 de maio - foi assim com o batismo de São Vicente/SP e o de (São Sebastião do) Rio de Janeiro, por exemplo. Assim, desde cerca de 1550 a data de referência para a chegada de Cabral a terras brasileiras passou a ser o dia 3 de maio.

Obra de Aires de Casal reproduziu a Carta de Caminha de forma impressa pela primeira vez

Com a vinda em 1808 da família real portuguesa para o Brasil, o padre Manuel Aires de Casal (1754-1821) descobriu entre os papéis trazidos da metrópole o original da carta de Caminha, onde constava a data de 22 de abril de 1500, publicando-a em 1817, no Rio de Janeiro, em sua Corografia Brazilica ou Relação Historico-Geografica do Reino do Brazil (que se tornou a primeira obra a transcrever, impressa, aquela famosa carta de 1500), estabelecendo-se então as comemorações em 22 de abril.

O Patriarca da Independência, o santista José Bonifácio de Andrada e Silva, possivelmente desconheceu essa obra, pois propôs o dia 3 de maio de 1823 como data de abertura da Assembleia Constituinte, com o objetivo de homenagear o dia do Descobrimento. Aliás, o episódio da Descoberta não fazia parte do calendário de feriados do Império.

Com o advento da República em 1889, foi no ano seguinte instituída por decreto a data de 3 de maio como feriado relacionado ao Descobrimento, embora a Imprensa já então trabalhasse com a data de 22 de abril. O fato causou muita polêmica, sendo relacionado às teses positivistas de Auguste Comte, até que fosse divulgada a verdadeira razão da escolha. O Brasil foi descoberto na vigência do calendário juliano, mas em 1592 foi instituído o calendário gregoriano, que suprimiu dez dias, e mais um bissexto a cada ano secular divisível por 400 (no caso, o ano de 1600). Esses 11 dias eram a diferença entre 22 de abril e 3 de maio à época (no ano 2000 foi suprimido mais um bissexto, elevando a diferença entre os calendários a 12 dias).

Foto cedida a Novo Milênio pelo professor Francisco Vazquez Carballa

Evento em Santos, no Instituto Dona Escolástica Rosa, no final da década de 1920, teve a presença de grupo de crianças com a flâmula citando o 3 de maio e a Cruz da Ordem de Cristo, relacionadas à Descoberta do Brasil

Detalhe de foto cedida a Novo Milênio pelo professor Francisco Vazquez Carballa

O Brasil adotou a data de 3 de maio, até que em 1930 um decreto do presidente Getúlio Vargas extinguisse o feriado desse dia, retornando à data de 22 de abril - já não considerada como feriado, a pretexto de reduzir o número anual de dias parados, sem trabalho. Em Santos não foi diferente, como registrou o jornal paulistano Folha da Manhã em sua edição de 4 de maio de 1929, página 7 (acervo Folha, acesso em 29/3/2020 - ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagens: reproduções parciais da página 7 da Folha da Manhã de 4/5/1829

Três de Maio

Comemorações da data do descobrimento do Brasil

[...]

Em Santos

SANTOS, 3 - Hoje, feriado nacional, estiveram fechadas as casas comerciais e as repartições públicas, estaduais, municipais e federais. Amanheceu a cidade com as fachadas dos principais edifícios embandeiradas, embandeirando-se também os navios surtos no porto.

O Grêmio "José Bonifácio" realizou uma sessão comemorativa lítero-musical, fazendo executar um interessante programa, sendo a comissão organizadora composta do sr. Carlos Cuquejo Rodrigues e da senhorita Maria Isabel de Barros Pires.

No Rio [...]

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