Numa cidade portuária, a Alfândega
era uma referência importante; assim, uma rua que iniciasse ou terminasse junto a essas instalações tendia a ganhar o nome de Rua da Alfândega. E
isso ocorreu com duas artérias. A primeira foi a atual Rua Frei Gaspar.
Depois, com o deslocamento da Alfândega para a região da Praça da
República, a denominação Rua da Alfândega também aos poucos foi transferida para a via que começava nas imediações desse prédio, antes de ser
batizada como rua, depois Avenida Senador Feijó. A foto mostra esta futura avenida, em 1865:
Rua da Alfândega, em foto de Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 10,8 x 15,3 cm no acervo do Acervo Instituto Moreira Salles)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
Sobre esse local e as fotos feitas em 1865, escreveu o arquiteto Gino Caldatto
Barbosa, no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, em 2004:
"Em 1865, o Porto de Santos possuía nove locais
para ancoradouro de navios, assentados por meio de pontilhões de madeira e escassos trechos pavimentados de pedra, segundo demonstra o levantamento
da faixa portuária que Augusto T. Coimbra, engenheiro da Câmara Municipal, realizaria no ano seguinte (Maria Aparecida Franco Pereira, "O porto
de Santos no século XIX – Pontes e trapiches" - p. 84, in Revista Leopoldianum nº 11, Santos, 1980, p. 83-91).
"Ao final da Rua da Alfândega, havia um dos pontos importantes de parada das
embarcações a vapor, favorecido por obras de melhoramentos no cais feitas anos antes para facilitar o desembarque de passageiros e a fiscalização
aduaneira. No passado, o local fazia parte da propriedade dos jesuítas, que utilizavam o terreno, ao lado da igreja, como horta do antigo colégio,
cuja remoção e conseqüente transformação em área pública lhe conferiram resultado urbanístico de largo.
"Em agosto de 1864, a Câmara Municipal havia incluído a Rua da Alfândega na relação
das vias públicas que necessitavam de melhorias, ficando destinada a quantia de 12:566$400 réis para a pavimentação com macadame e as testadas
arrematadas com lajeado de pedra (jornal Revista Comercial, 11/out/1864, p. 3).
"As vistas realizadas por Militão processam dois planos distintos, obtidos por meio de
fotografia pormenorizada do vapor ancorado no cais de pedra em contraposição ao registro a distância, que permite reconhecimento mais abrangente do
lugar. O enquadramento parcial da imagem tirada do navio, presume-se que seja parte, de certo modo, de uma seqüência fotográfica complementar, como
a estranha composição sugere.
"Na imagem feita a distância, rua e cais são delimitados pelo edifício da Alfândega, à
direita, e possivelmente pelo sobrado do Hotel dos Viajantes, disposto à esquerda, como sugere o anúncio que o situava à Rua Setentrional, defronte
ao desembarque dos vapores, conseguindo-se das janelas desfrutar lindas vistas do porto e do movimento de navios (idem, 5/set/1865, p.3)".
A embarcação citada por Gino Caldatto, atracada no porto da Alfândega, em 1865:
Porto da Alfândega, em foto de Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 10,6 x 17,1 cm no acervo do Museu Paulista)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
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