Fotos: blogue Notícias de Colares
Enquanto em
outros países ele desaparece, em Sintra (Portugal) o bonde ressurge, atendendo à vocação turística desse transporte. A notícia foi assim publicada
por Vitalino Cara D'Anjo e Susana Amor no blogue português
Notícias de Colares em 14 de agosto de 2009:
O Eléctrico Chegou à Praia das Maçãs
Finalmente ao fim de mais de um ano de interrupção, o Eléctrico
chegou à Praia das Maçãs.
Depois de uma longa paragem por várias
derrocadas no percurso Ribeira/Colares e avarias nas catenárias, foi com alguma satisfação que assistimos à chegada do nosso eléctrico à praia.
O bonde número 3 de Sintra, construído
em 1903
Foto: "Rebel
with a Nikon", em Wikipedia, em 23/4/2005
Registra a Wikipedia (acesso
em 22/1/2012, mantida a grafia lusa):
Elétricos de Sintra - O eléctrico de
Sintra é uma ferrovia turística sazonal de bitola estreita (1000 mm) e tracção eléctrica por trólei que liga a vila de Sintra à Praia das Maçãs,
Portugal, ao longo de um trajecto de pouco menos de 13 km, com oito paragens, passando por Colares e perto da Praia Grande. É operado pela Câmara
Municipal de Sintra, oferecendo o seu serviço durante a época balnear.
O bonde número 1 aberto de Sintra, a
caminho da Praia das Maçãs, em Colares
Foto: "Trams
aux Fils", em 25/6/2010
Planeamento e expansão (1886-1953) - Após várias tentativas goradas no período 1886-1898, em novembro de 1898 a Câmara Municipal de Sintra
concedeu a Nunes de Carvalho e Emídio Pinheiro Borges uma concessão 99 anos para construir e explorar uma ligação ferroviária entre Sintra e a Praia
das Maçãs. A Companhia do Caminho de Ferro de Cintra à Praia das Maçãs foi constituída em Julho de 1900 e em 1904 passou a denominar-se Companhia
Cintra ao Oceano. Esta viria a falir e a ser substituída em 1914 pela Companhia Sintra-Atlântico, dirigida por Camilo Farinhas até 1946.
Em finais de 1901, a Companhia pediu autorização para efectuar uma alteração no traçado previsto; nesta altura, já se tinham iniciado os trabalhos,
com o objectivo de inaugurar o troço até Colares ainda no Verão de 1902. Iniciou-se a construção da linha na zona da Estefânia em Agosto de 1902 e o
material circulante foi encomendado à J. G. Brill Company (Estados Unidos): Apesar de inicialmente se prever tracção a vapor, a frota inicial foi
constituída por sete carros eléctricos, complementados por seis atrelados. A inauguração do primeiro troço (Sintra (Vila Velha) - Colares: 8900 m)
deu-se a 31 de Março de 1904, seguindo-se a 10 de Julho do mesmo ano o restante trajecto (Colares - Praia das Maçãs: 3785 m). Mais tarde, a 31 de
Janeiro de 1930, inaugurou-se o prolongamento Praia das Maçãs - Azenhas do Mar (1915 m).
O bonde número 6 de Sintra, estacionado
em Colares
Foto: "Raf24",
em Wikipedia, em 1/9/2007
Decadência e encerramento (1953-1975) - A partir de 1953 o serviço passa a sazonal-estival; nunca mais viria a efectuar-se fora da época
balnear.
Em 1955 encerra-se o troço Praia das Maçãs - Azenhas do Mar e em 1958 o troço Sintra (Vila Velha) - Sintra (Estação), devido a obras de alargamento
na Volta do Duche.
Assiste-se simultaneamente nesta época a uma grande afluência de passageiros e a pressões diversas favorecendo o tráfego automóvel (tanto individual
como colectivo), frutos certamente do aumento absoluto da prática balnear na região, por motivos sociais, económicos e demográficos.
Em Agosto de 1967, a empresa Sintra-Atlântico é comprada pelo grupo de camionagem Eduardo Jorge, que mantém o investimento ao mínimo. A circulação
ocorre pela última vez em 1974 e em de Julho de 1975 é autorizada a substituição dos eléctricos por autocarros.
O bonde número 7 de Sintra, construído
em 1903, na Rua da Cochicha
Foto: "Trams
aux Fils", em Wikipedia, em 25/6/2010
Renascimento (>1980)
A 15 de Maio de 1980, foi oficialmente reiniciada a circulação no troço Banzão - Praia das Maçãs. Entre 1996 iniciou-se a recuperação do troço
Ribeira de Sintra - Praia das Maçãs, inaugurado a 30 de Outubro de 1997. A 4 de Junho de 2004 (cem anos depois da inauguração) repôs-se a circulação
no troço Ribeira de Sintra - Sintra (Estefânia).
Frota - A frota conta com 9 unidades —
6 motorizadas e 3 de reboque, 5 fechadas (com janelas, e acesso interior por coxia central) e 4 de carroçaria aberta (bancos corridos e acesso
lateral por estribos):
N.º |
mot.? |
tipo |
Obs. |
1 |
sim |
aberto
|
|
1 |
sim |
fechado |
antigo elétrico
da Carris n.º 615, recuperado e convertido para bitola métrica, ao qual foi atribuído inexplicavelmente o já existente n.º 1 |
3 |
sim |
fechado |
parte da frota
original de construção Brill |
4 |
sim |
fechado |
antigo elétrico
da Carris, recuperado e convertido para bitola métrica |
6 |
sim |
fechado |
parte da frota
original de construção Brill |
7 |
sim |
aberto |
parte da frota
original de construção Brill |
9 |
não |
fechado |
|
10 |
não |
fechado |
|
11 |
não |
aberto |
motorização
planeada |
O bonde número 7 de Sintra, construído
em 1903
Foto: "Trams
aux Fils", em 25/6/2010
Vale
explicar que Colares é uma freguesia situada no concelho de Sintra, situada na zona sudoeste do município de Sintra, que faz parte da
região metropolitana de Lisboa, a capital portuguesa. Com 33,07 km², Colares tinha 7.472 habitantes em
2001, quase quatro vezes mais que a população registrada em 1801 (1903 habitantes). Já era conhecida no ano 1255 e possui monumentos arqueológicos e
históricos.
A viagem pelos trilhos do mundo continua. Próxima parada:
Genebra, na Suíça... |