RESTAURAÇÃO DO BONDE CAMARÃO
Até o final do ano, a CET espera entregar ao público o bonde camarão totalmente restaurado. Ele
circulará fazendo o mesmo trajeto do bondinho com reboque que circula no Centro Histórico. Há um projeto para estender o percurso até o Outeiro de
Santa Catarina, passando em frente às igrejas da Ordem Terceira e Adoração Perpétua de Nossa Senhora do Carmo, Alfândega, Praça da República,
Monumento de Brás Cubas.
O bondinho camarão está sendo restaurado pelos funcionários da CET desde janeiro de
2001, há mais ou menos seis meses. Antes disso, o veículo estava na creche municipal Candinha Ribeiro de Mendonça que fica junto à sede da
Companhia. Nos dois últimos meses, a reforma tomou um impulso maior.
A recuperação está sendo feita seguindo o lay-out original do bonde, por fotos e
mesmo pela observação do veículo: examinando atentamente os técnicos descobrem detalhes originais. "Cada furo, cada marca na madeira indica que ali
algum componente estava instalado", diz o engenheiro Rogério. Foi assim que se descobriu a configuração interna, a localização dos bancos.
O bondinho possui eixo simples (truck de 4 rodas). O motor vem do Rio de Janeiro. Foi
feita uma permuta com a CTC – Companhia de Transportes Coletivos, empresa do Rio de Janeiro. Ele já está sendo recuperado. Os motores auxiliares
estão sendo orçados pela Companhia para serem comprados. Algumas peças estão sendo recuperadas e outras são inteiramente confeccionadas na CET.
As partes de marcenaria, funilaria, elétrica e mecânica estão sendo recuperadas na
CET. Só algumas peças que exigem mão de obra especializada são recuperadas fora da Companhia, como por exemplo, o motor, que será restaurado por um
firma especializada. O sistema de freio será confeccionado copiando o do bonde aberto do Centro Histórico. Na segunda-feira, dia de
manutenção do bondinho do Centro Histórico, os funcionários da CET desmontam e retiram a peça a ser copiada, trazem correndo até as oficinas
CET, copiam, fazem o molde da referida peça e voltam ao abrigo do bondinho para remontá-la, pois o veículo deve estar pronto para circular no dia
seguinte.
A estrutura é toda da última reforma de 1970 e está em excelentes condições. Todo o
madeiramento original vai ser aproveitado. Até a parte interna do teto. A parte externa do teto foi feita de fibra de vidro e recoberto por uma
tinta impermeabilizante para evitar infiltrações. Os bancos serão todos novos, seguindo o modelo do único banco que sobrou. As janelas já estão
todas prontas. Foram feitas uma a uma, manualmente. Os vidros e os cabos elétricos já foram comprados e estão nas nossas oficinas. Uma das válvulas
de porta foi encontrada na sucata e vai ser reaproveitada. A parte externa será nova.
As rodas foram fabricadas nos anos 30. São de fabricação inglesa.
A CET confeccionou várias peças possibilitando uma grande economia; peças de ferro fundido,
do freio, o considerável. Foram recuperados: os banquinhos do motorneiro, a buzina, pantógrafo.
O engenheiro Rogério diz que o bonde é todo adaptado. "É como montar um quebra-cabeça. São
muitos detalhes, muitas pecinhas. É como construir um novo bonde. Eu gostaria de valorizar o trabalho do nosso pessoal".
Esse bonde foi reformado pela última vez em 1970, poucos meses antes da retirada dos bondes
do transporte público de Santos, em 1971. Acredita-se que, naquela época, ele tenha circulado por apenas seis meses. Alguns componentes estavam
lacrados, mostrando que eram novos. O diretor responsável pela obra é Eduardo Di Gregorio. |