Inauguração do Bonde Turístico ocorre
hoje às 15:00 horas - Leia no Encarte Especial
Seminário da Juventude tem início hoje na Zona Noroeste
Ano XII - sábado, 23 de setembro de 2000 - nº
2.817 |
Fundação lança exposição sobre o Bonde |
Aproveitando o clima de inauguração do Bonde Turístico, a Fundação Arquivo e
Memória de Santos e a Prefeitura promoverão, a partir de hoje e até 22 de outubro, a exposição Bonde, que poderá ser vista na Praça Mauá, em
frente ao Paço Municipal, de segunda a domingo, em qualquer horário.
As fotos expostas retratam os vários tipos de bonde que circularam em Santos do início do século até 1971, mostrando sua
evolução, a passagem da tração animal para a eletricidade e os itinerários pela Cidade. |
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Bonde Turístico é a nova atração do Centro Histórico
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Santos foi a segunda cidade do País a ter linha de bonde
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Grande festa marca o retorno do Bonde Turístico |
A
chegada do Bonde Turístico está prevista para as 15 horas, com queima de fogos seguida de apresentação da Banda do 2o BC. Entre os passageiros,
40 alunos das Oficinas de Teatro da Secult - vestidos com roupas da década de 40 -, e também, os cerca de 20 funcionários que trabalharam no
restauro do veículo elétrico por dez meses. Eles irão se
espalhar por toda a Praça Mauá, fazendo com que os presentes tenham a impressão de terem feito uma viagem ao passado. Ao redor da praça, somente
antigos fordinhos e outros modelos do Clube de Automóveis de Santos completarão o clima de nostalgia.
Após a bênção do bispo diocesano de Santos, D. Jacyr Braido e do frei Rozântimo,
acontece o ponto alto das comemorações, a viagem inicial. Os privilegiados serão os participantes do Projeto Vovô Sabe Tudo, três casais de
turistas, oito representantes da sociedade civil e a imprensa. Apesar de o bonde ser o protagonista da festa, outras atrações foram preparadas,
e com certeza, irão agradar crianças e adultos.
PASSEIOS - Todos terão a oportunidade de fazer este inesquecível passeio que irá
percorrer pontos históricos do Centro Velho, de graça, hoje, até às 21 horas e, amanhã, das 10 às 18 horas, com embarque e desembarque na Praça
Mauá. A linha não será operada às segundas-feiras, dia reservado para serviços de manutenção.
A partir de terça-feira, será cobrado R$ 0,50 pelo passeio convencional, que
poderá ser realizado das 15 às 17 horas. As manhãs serão exclusivas para grupos agendados.
Pontos de Parada
Parada Inglesinha – Valongo
Parada Casa Rosa – Bolsa do Café
Parada Barão – Praça Barão do Rio Branco
Parada Buck Jones – Praça Mauá
Parada Paulista – Praça Rui Barbosa
Paradas do city tour
Paço Municipal
Igreja do Rosário
Casa da Frontaria Azulejada
Santuário do Valongo
Bolsa Oficial do Café
Panteão dos Andradas
Igrejas do Carmo
Rua XV de Novembro
Trajeto
· Praça Mauá
· Rua General Câmara
· Rua do Comércio
· Largo Marquês de Monte Alegre – Estação do Valongo
· Rua José Ricardo (ramal alternativo)
· Rua Tuiuti
· Praça Barão do Rio Branco
· Rua Visconde do Rio Branco
· Rua Augusto Severo
· Rua Cidade de Toledo |
Este time foi responsável pela recuperação do veículo |
A proposta da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos de dar vida nova a um
exemplar de bonde, que estava se deteriorando defronte do Orquidário Municipal, pôde ser concretizada graças ao esforço, boa vontade,
conhecimentos técnicos, mas acima de tudo, muito amor à Cidade, de um time de primeiríssima linha. Entre engenheiros, técnicos e funcionários de
vários setores, foram quase 20 “atletas”. Alguns deles deram seus testemunhos sobre o trabalho que desenvolveram ao longo de quase um ano.
Edson dos Santos, pedreiro da CET. “É uma honra ter trabalhado na restauração do
bonde, pois colaborei para trazer o bonde elétrico de volta à Cidade”. Nunca andou de bonde e está ansioso para levar sua família a passear no
veículo.
Alberto Aparecido Gonçalves, eletricista da CET. “Foi gratificante ajudar a
restaurar toda a estrutura do bonde, porque tinha que deixar exatamente como era o bonde de antigamente”. José Luiz, eletricista da CET. “Foi
difícil conciliar a parte elétrica (que é nova) com o restante do bonde (que foi restaurado). A eletricidade é o coração do bonde”.
Alexandre Marciliano, carpinteiro, CSTC. Encontrou, há um ano, as peças do
veículo bastante danificadas. “Estou orgulhoso em ter trabalhado na recuperação do bonde”. Chegou a virar o dia trabalhando no veículo.
Yvanny A. C. dos Santos e Reginaldo Carvalho de Andrade, ambos mecânicos da CET:
“O mais importante de tudo é refazer o bonde, do jeito que era antes, usando equipamentos que foram minuciosamente revitalizados”.
Antônio Bonfim, funileiro e soldador há 18 anos da CSTC: o único, de todos os
funcionários que trabalharam no bonde, a já ter viajado nos antigos bondes de Santos. “Como tantas pessoas, também estou ansioso para andar
novamente e usufruir de uma beleza que ajudei a fazer”.
Marcos Rogério G. do Nascimento, engenheiro-elétrico da CET: “O bonde passou a
ser quase como um filho, aquele que a gente acompanha o desenvolvimento dia-a-dia. Hoje meu filho está aí, bonito, reluzente e funcionando!” |
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Antigos funcionários da SMTC vão atuar na linha |
Eles
se dizem ansiosos e, ao mesmo tempo, emocionados, pela rara oportunidade de estarem junto daquilo que conheceram tão intimamente: o bonde.
Selecionados entre 12 antigos motorneiros e condutores de bondes que se inscreveram no Projeto Vovô Sabe Tudo, da Secretaria de Ação Comunitária
e Cidadania (Seac), Adhemar Erico do Nascimento, 64 anos; Aderbal de Godoy, 70 anos, e José Soares Fontes, 73 anos, vão atuar como instrutores
do bonde turístico. Os três passaram por intenso
treinamento, feito pela Secretaria de Esportes e Turismo (Setur), Seac e CET, e vão receber um salário mínimo mensal de ajuda de custo da
Prefeitura. Adhemar foi condutor de bonde de 1959 até 64 e trabalhou em todas as linhas, mas gostava mais da 19, que fazia o trajeto do cais. “O
percurso era mais longo, portanto fazíamos menos viagens e era menos cansativo”, conta.
Na SMTC, Aderbal foi motorneiro da linha 10 por 16 anos, até 1970. “Estou muito
feliz, depois de 30 anos, voltar a subir num bonde de verdade para contar a sua própria história”, confessa. José Soares Fontes, 73 anos,
trabalhou como motorneiro, de 1959 até 1971, na linha 13, que fazia o trajeto Ponta da Praia/São Vicente. Depois que acabou o serviço de bondes,
e para não perder o costume de dirigir, foi ser manobrista na garagem de ônibus do Jabaquara, até se aposentar em 1983.
PREÇOS
Linha Convencional R$ 0,50
City Tour R$ 3,00 |
Pedro e Ricardo são os condutores |
Pedro
Paulo de Jesus, 44 anos, será um dos dois motorneiros a conduzir o Bonde Turístico. Ele é motorista da CET-Santos, onde entrou por concurso
público, desde janeiro de 99 e há meses vinha dirigindo o ônibus do Cine-Trânsito do Programa de Educação para o Trânsito. Foi motorista de
ônibus da CSTC quando a empresa ainda operava o transporte coletivo.
Ricardo de Souza Dias, de 32 anos, também é motorista concursado da CET onde trabalha há mais de cinco anos. O que eles vão
fazer a partir de hoje, jamais imaginaram que fariam um dia, conforme seus próprios testemunhos: ambos serão os motorneiros do Bonde Turístico
que irá circular pelo Centro Histórico de Santos.
Pedro Paulo e Ricardo foram selecionados entre os mais de 40 motoristas da CET
para conduzir o veículo elétrico. Eles estiveram por uma semana no Rio de Janeiro, onde cumpriram mais de oito diárias de treinamento na
Companhia de Transportes Coletivos (CTC). Estão craques e seguros, já realizaram vários testes no bonde santista e prontos a prestar o melhor
serviço à população daqui e aos turistas.
EMOÇÃO - Antes nunca haviam subido num bonde, e mesmo depois do treinamento, é
grande a expectativa e a emoção para Ricardo e Pedro Paulo, que trajarão uniformes idênticos aos da época dos bondes. “É um desafio e uma grande
responsabilidade, estou ansioso para começar”, confessou Pedro Paulo. Ricardo se diz “honrado” e quer executar um bom trabalho com o público que
vai utilizar o bonde. |
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O bonde de Santos e suas histórias |
Tudo começou em 1864 com a iniciativa do italiano Luigi Massoja
que introduziu em Santos os carros urbanos puxados a tração animal (segunda no País, depois do Rio de Janeiro), com a criação de uma sociedade
denominada Serviço Regular de Gôndolas. Seis anos depois, por meio de lei provincial, foi dada concessão por 50 anos para que Domingos Moutinho,
cidadão abastado da Cidade, explorasse o serviço de transporte, surgindo a Companhia de Melhoramentos da Cidade de Santos. |
A linha inaugural, que ia do Centro até a Barra no Boqueirão, começou a circular
em 9 de outubro de 1871, um ano antes de um bonde circular na capital do Estado de São Paulo. Em 1904 o serviço foi absorvido pela The City of
Santos Improvements Company, já concessionária dos serviços de luz, força e gás na cidade de Santos.
A Cia. City deu novo impulso ao transporte, que até então era desenvolvido por tração
animal ou vapor e inaugurou no dia 28 de abril de 1909 o serviço eletrificado de bonde. Na época a empresa contava com 18 veículos abertos para
passageiros, três de carga fechados e outros seis de carga abertos, com dois motores de 35 HP cada e bitola de 1,36m.
A partir de 1919, com a guerra e os proibitivos preços internacionais para compra
de novos veículos, a Cia. City se aparelha para produzir seus próprios carros. |
Companhia City, a primeira fábrica do Brasil |
Em
1919, a garagem da Vila Mathias foi pioneira na construção de veículos de pequeno porte, sendo que doze anos depois já fabricava carros com 12
bancos para até 60 pessoas. Em 1º setembro de 1944 a empresa Expresso Brasileiro Viação Ltda firma contrato com a Prefeitura para a exploração
de linhas que concorriam com o serviço de bondes, levando ao desinteresse da Cia. City, que alegava redução de renda pela pouca procura por
parte do público. Em 21 de dezembro de 1951 é formado o
Serviço Municipal de Transportes Coletivos – S.M.T.C., que absorve as linhas e todo o acervo de veículos, imóveis e outros da Cia. City e passa
a operar o serviço em Santos. Em 1956 muitos dos bondes abertos passam a ser fechados, nas próprias garagens da empresa, visando evitar evasão
de receita e pela coloração alaranjada que eram pintados recebem o apelido de camarão. A partir de 1964 começa a discussão pela desativação do
serviço.
DESATIVAÇÃO - A dificuldade de se manter os veículos, as facilidades do
transporte a diesel, que conferia maior mobilidade ao serviço, o baixo custo do petróleo e a pressão exercida pelas empresas de ônibus levam o
bonde à condenação final.
Em 69 os bondes abertos pequenos são retirados de circulação, permanecendo em uso
apenas os abertos ou fechados grandes. Além daqueles argumentos, outros foram utilizados para a derrocada do serviço, como a construção das
rodovias BR-101 e dos Imigrantes, que segundo os políticos da época, trariam um volume de veículos elevado para os padrões da Cidade.
O bonde atravancava as ruas e atrapalhava o tráfego de veículos, por isso
deveriam sair de circulação, o que acaba ocorrendo no dia 28 de fevereiro de 1971. Pela última vez, o veículo prefixo 258, que servia a linha
42, foi recolhido à garagem. |
Ano XII - sábado, 23 de setembro de 2000 - nº
2.817 |
Esta é uma reprodução da versão eletrônica do
Diário Oficial de Santos, que incluiu um caderno especial sobre a inauguração do circuito
turístico de bonde na cidade. |