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Notícias do bonde:

29/AGO/2000

MOTORNEIROS DO BONDE RETORNAM DE TREINAMENTO NO RJ

Foi com muito entusiasmo que os dois novos motorneiros do bonde turístico, Pedro Paulo de Jesus e Ricardo de Souza Dias, funcionários da CET, retornaram a Santos, depois de seis dias de treinamento na Companhia de Transportes Coletivos do Rio de Janeiro. "Sinceramente, o bonde vai dar certo em Santos", avaliou Pedro Paulo.

Durante quase uma semana, eles puderam conhecer a forma de funcionamento dos bondes elétricos de Santa Tereza, os únicos ainda circulando no país. Foram realizados vários tipos de testes com os condutores, entre eles, a utilização dos sistemas de freios - quatro ao todo -, velocidade e domínio do veículo, inclusive nas curvas e ladeiras. Na opinião de Ricardo e Pedro Paulo, "será mais fácil conduzir o elétrico em Santos, pois além de ter um trajeto bem planejado, trata-se de uma cidade plana, com ruas largas e de poucas curvas, diferentemente do Rio de Janeiro".
 
Os funcionários da CET contaram que a população do Rio de Janeiro dá muita importância ao bonde como meio de transporte, e que para a comunidade, é prioridade no local. Também foi elogiada a receptividade por parte dos técnicos da CTC: "Eles ficavam, às vezes, até dez horas por dia para nos atender, sendo que o combinado eram seis horas", disse Ricardo.

O bonde turístico de Santos entrará em funcionamento em fins de setembro, de terça a sexta-feira, das 10 às 12 horas, e das 13 às 15 horas por agendamento, circulando normalmente das 15 às 19 horas. Aos sábados, domingos e feriados, será feito um city tour pelo centro histórico, e das 12 às 17 horas, trafegará normalmente.

Destaque - O município de Santos se destacou no XIX Congresso Internacional de Reabilitação, realizado no Rio de Janeiro de sexta-feira até hoje, por ser a terceira cidade brasileira com mais de 100 mil habitantes, fora as capitais, com melhores condições de acessibilidade para todas as pessoas, em especial os deficientes físicos e visuais, e os idosos. Os recursos oferecidos a essa população pela Prefeitura de Santos nas áreas de transporte e trânsito, foram detalhados pelo engenheiro Márcio Lara, presidente da CET-Santos, durante um dos painéis denominado "Acessibilidade e Desenho Universal".

Os outros municípios com maior condição de acessibilidade no transporte são Criciúma (SC), com 18,7% de sua frota de ônibus adaptada ao deficiente físico, e Praia Grande (SP), com 17,2% do transporte coletivo. Santos tem 15,8% da sua frota de ônibus com recursos de acesso não só ao deficiente, mas às pessoas com dificuldades de locomoção, possibilitando também maior conforto aos demais passageiros. Curitiba (PR) destaca-se com quase a totalidade da frota acessível graças ao seu sistema de estações-tubo. As demais capitais e cidades contam com menor percentual de ônibus acessíveis.

Esses resultados foram apresentados na palestra “Municípios brasileiros com acessibilidade”, proferida pela arquiteta Adriana de Almeida Prado, da Fundação Prefeito Faria Lima - Cepam. Os dados foram levantados em recente pesquisa realizada por essa instituição. O presidente do Conselho Municipal para Assuntos das Pessoas Deficientes (Comdefi-Santos), Luciano Marques de Souza, também participou do Congresso.

Políticas públicas - "Levamos nossas experiências, e Santos foi muito elogiada pelo avanço nas políticas públicas de atendimento ao deficiente", contou Márcio Lara. No quesito transporte, a cidade possui uma frota de 358 ônibus, sendo que 22 deles são equipados com elevadores hidráulicos para acesso em cadeira de rodas, e mais 17 ônibus novos que fazem o ajoelhamento, isto é, rebaixam o piso até a altura da calçada.

No transporte de Santos, os portadores de deficiência física, visual ou necessidades especiais contam com gratuidade, e os deficientes visuais têm assentos destinados a eles. Uma lei municipal garante a destinação de 5% do total de vagas no estacionamento rotativo para uso dos deficientes físicos. São 82 vagas, sendo 56 no Estacionamento Regulamentado e as restantes distribuídas pela cidade.

O órgão municipal de trânsito oferece, ainda, 136 credenciais para uso dessas vagas, que agora são concedidas diretamente às pessoas e não aos veículos, e podem ser utilizadas em vagas similares em outros municípios da Baixada. Os novos pólos geradores de tráfego também são obrigados a implantar 1% do total de vagas nos estacionamentos para veículos de deficientes.

Santos também conta com guias rebaixadas junto às faixas de travessias nas principais avenidas e locais de grande público. Além disso, há um semáforo com um dispositivo sonoro para auxílio à travessia das pessoas portadoras de deficiência visual, instalado no cruzamento da Avenida Ana Costa com a Rua Carvalho de Mendonça.

Porta-a-porta - Márcio Lara também relatou sobre o atendimento de transporte porta-a-porta realizado pelas entidades assistenciais, custeado pela Prefeitura de Santos. As pessoas com necessidades especiais são transportadas entre sua casa e a escola ou local de tratamento. Lara adiantou, durante o seminário, os novos desafios para Santos na questão da acessibilidade: implantação de novo semáforo sonoro (para deficientes visuais); painel nos pontos de ônibus com identificação das linhas em braille (idem); incorporação de novas normas técnicas para as rampas junto às faixas de travessia.

O presidente da CET santista destacou que a visão de acessibilidade nos projetos vem sendo garantida pela importante parceria com o Comdefi. Luciano de Souza confirma: "Nos últimos três anos e meio, a Prefeitura vem respeitando os portadores de deficiência como cidadãos, tornando a cidade muito mais acessível a todos".