A Société Génerale de Transports Maritimes à Vapeur (SGTM) foi fundada em Marselha (França) em 18 de março de 1865, com um capital de 20 milhões de francos. Sua constituição
tinha por objetivo imediato a execução de um contrato de transporte marítimo (a duração prevista desse contrato era de 13 anos) com a Companhia de Minas de Mokta e Hadid. Estavam previstos nesse
contrato o transporte anual de 120 mil toneladas de minério de ferro entre os portos de Bone (Argélia) e Marselha, Sete e Bouc, todos os três em território francês. Uma vez desembarcado em solo do Hexágono, o minério de ferro seria transportado por
ferrovia até as grandes usinas metalúrgicas do Sul e do centro da França.
A armadora francesa não chegou a completar um século de existência, pois ingressou no segundo período pós-guerra com somente dois dos vários transatlânticos que possuía em operação em agosto de 1939, no eclodir da
Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo em que se estabelecia a ligação Bone-Marselha em 1866, a direção geral da SGTM dirigia suas vistas para horizontes mais vastos.
Partindo do princípio de que, não existindo então nenhuma ligação de linha marítima regular entre portos do Mediterrâneo e a costa Leste da América do Sul (duas armadoras pioneiras, uma francesa, outra italiana,
haviam falido precedentemente), era chegada a hora da criação de uma rota Marselha-Rio de Janeiro-Buenos Aires.
Foram assim adquiridos, em segunda mão, quatro vapores, de dimensões médias para a época, todos de construção inglesa, aos quais foram dados os nomes de outras quatro regiões francesas: Bourgogne, Poitou,
Savoie e Picardie.
Em julho de 1871, o La France realiza sua viagem inaugural entre Marselha e Buenos Aires, batendo o recorde de travessia oceânica, com uma média de velocidade superior a 12 nós.
Durante dez anos a partir dessa data, o La France não teve rivais na rota entre o Mediterrâneo e a Bacia do Prata, só sendo superado em velocidade e tonelagem com o lançamento, pela própria SGTM, do par
Navarre e Bearn em 1881 e 1882, respectivamente.
Após a renúncia, por parte da China, à soberania dos territórios da Indochina em abril de 1885, a França passou a exercer total domínio terrestre e marítimo sobre essa região do Sudeste Asiático. Tal fato permitiu
o estabelecimento de novos interesses comerciais e intercâmbio de mercadorias de alto valor, como seda e pérolas.
O aumento desse fluxo comercial atirou várias armadoras hexagonais para o Extremo Oriente e a SGTM não ficou à margem, deslocando o La France para repetidas viagens até Tonkin, no decorrer de 1886.
"Les Andes - Uma imagem bastante rara do navio francês Les Andes, de 1895, mostrado aqui ao entrar no Porto de Santos, em cartão-postal enviado no dia 5 de novembro de 1904 para
o cantão de Bayeux, no departamento francês de Calvados, pelo morador de Santos O. de Faria Lemos. O Les Andes fazia a rota entre Marselha e portos sul-americanos da armadora Société Générale de Transports Maritimes, transportando
imigrantes. Fez essa linha até 1908, quando foi demolido em Marselha. Neste cartão-postal se pode ver a Fortaleza da Barra. A foto é do consagrado fotógrafo J. Marques Pereira".
Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso:
13/3/2006)
"Mendoza - Durante 22 anos este navio da Société Générale de Transports Maritimes a Vapeur (SGTM), mostrado aqui em cartão-postal oficial da companhia, serviu à linha entre Marselha
(França), Dacar (Senegal), Rio de Janeiro e Santos (Brasil), Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina), transportando centenas de imigrantes europeus, notadamente franceses e italianos. Tinha 8.199 toneladas, 137,30 metros de comprimento,
duas chaminés, dois mastros e capacidade para transportar 4 passageiros na classe luxo, 74 passageiros de primeira classe, 80 de segunda e 48 de terceira e 1.145 na classe Imigrante. Foi lançado ao mar no dia 6 de fevereiro de 1920. Mas, em plena
Segunda Guerra Mundial, alugado à companhia Blue Funnel (chaminé azul), deixou Mombassa, no Quênia, no final de outubro de 1942, para uma viagem independente até Durban, na África do Sul. Levava 153 tripulantes sob o comando do capitão B. T. Batho
e 250 passageiros. Ao aproximar-se de Durban, no dia 1º. de novembro, o capitão recebeu informações de que uma frota alemã estava por perto. Tentou retornar, mas logo surgiu na mira do submarino alemão U-178 (sob o comando de Hans Ibekken).
O primeiro torpedo atingiu o meio do navio. O capitão Batho permaneceu na ponte de comando e deu ordens para abandonar o navio. O segundo torpedo pegou o meio do Mendoza. Muitos conseguiram chegar aos botes salva-vidas. Mas o terceiro
torpedo foi fulminante e atingiu os tanques de óleo. Cerca de 34 tripulantes morreram, entre eles o capitão Batho. Há controvérsias quanto ao número de passageiros e se houve mortos entre eles".
Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso:
7/7/2013) |