As origens da La Veloce podem ser atribuídas a três homens diferentes em iguais períodos de tempo. O primeiro deles foi o capitão Giovanni Battista Lavarello, nascido em 1824 e
de família marítima. Em 1856, ele obteve a licença de capitão-de-longo-curso e um ano depois, comprava, junto a outros sócios armadores, um pequeno navio de madeira, rebatizado Aquilla, para uma
primeira viagem com destino ao Prata, com carga e emigrantes.
Em 1864, tornou-se único proprietário de um veleiro modelo clipper movido por um motor auxiliar a vapor que acionava um hélice (o que facilitava as manobras de entrada e saída dos portos), veleiro este que
recebeu o nome de Buenos Aires.
Em 1871, era fundada em Gênova a G.B.Lavarello & C. pertencente ao próprio e que seria antecedente, em linha direta, da La Veloce.
O segundo homem da história da La Veloce foi o tesoureiro do município de Gênova, Matteo Bruzzo, que se associou, em 1869, ao capitão Lavarello e à sua empresa. Bruzzo trazia consigo capital e capacidade
administrativa, que vinham reforçar as atividades da G.B. Lavarello & C.
Cartaz da armadora
Imagem: site TheShipsList.com (acesso: 7/7/2013)
Doze anos depois, em 1881, o capitão Lavarello falecia, deixando a sua parte da empresa
aos filhos Enrico e Pietro. Em 1884, Matteo Bruzzo decidiu vender sua parte e fundar outra companhia de navegação para explorar o tráfego de emigrantes para a América do Sul.
O vapor Stirling Castle, de 4.423 toneladas, foi adquirido na Inglaterra por Matteo Bruzzo e rebatizado Nord America. Seria o primeiro navio da nova empresa, a La Veloce Linea di Navigazione S.I.A.
O terceiro homem no destino da criação da La Veloce era um nobre genovês da velha estirpe, o marquês Marcello Durazzo-Adorno, que desde 1871 apoiava financeiramente os dois primeiros. Quando Matteo Bruzzo decidiu
comprar o Stirling Castle, foi o marquês que contribuiu para a realização com substancial injeção financeira. Foi ele também que se tornou, em 1885, o primeiro diretor da nova empresa.
A La Veloce incorporou os ativos pertencentes à companhia Matteo Bruzzo & Co. (criada em 1883) e assim passaram para as novas cores os transatlânticos Nord America, Sud America, Europa,
Matteo Bruzzo e Napoli, que já haviam percorrido a Rota de Ouro e Prata.
No ano de 1865, a La Veloce transportou 15.250 emigrantes para o Brasil e os países do Rio da Prata; no ano seguinte foram 17.850. No mesmo período, a NGI, concorrente da La Veloce,
transportou respectivamente 25 e 27 mil emigrantes.
Novos navios - Para fazer face a essa concorrência, o marquês Durazzo-Adorno decidiu aumentar a oferta, comprando três ótimos vapores de construção inglesa e que haviam sido encomendados por uma empresa do
México, a Companhia Mexicana Transatlântica, do porto de Vera Cruz, para a linha entre Inglaterra e o México. Após a primeira viagem de cada um, os três navios foram postos à venda pelos mexicanos.
Por um preço de 186 mil libras esterlinas, os três navios passaram para as cores da La Veloce. Eram o México (rebatizado Duchessa di Genova), o Tamaulipas (rebatizado Vittoria) e o
Oaxaca (rebatizado Duca di Galliera).
Controle e liquidação - A NGI começou em 1881. Além de incorporar várias outras companhias, em 1901 tomou o controle da La Veloce, que havia sido criada para fazer serviços entre a Itália e a América do Sul,
e rebatizou-a como La Veloce Navegazione Italiana a Vapore. Em 1924, La Veloce foi incorporada à NGI e liquidada como uma companhia em separado. Uma das rotas da La Veloce, entre 1883 e 1924 era "Genoa/Naples/Palermo-Las Palmas – South América".
Cartaz da armadora em 1906
Foto: História da Vida Privada no Brasil, vol. 3, 1998, Cia. das Letras, SP/SP
"Duca di Genova - Construído em 1907 para a Navigazione Generale Italiana (NGI) nos estaleiros de Cantieri Navale Riuniti, em La Spezia, o
Duca di Genova foi destinado à rentável linha de transporte de imigrantes italianos entre Gênova e Nova York. Tinha 7.893 toneladas, 145 metros de comprimento e podia conduzir 66 passageiros em seus camarotes de primeira classe; 122 na segunda;
e 1.740 imigrantes em acomodações coletivas da chamada terceira classe. Em 1912 foi vendido à armadora La Veloce, que manteve o seu nome e o transferiu para a também lucrativa rota entre Gênova e os portos da América do Sul, especialmente Santos,
Montevidéu e Buenos Aires. Neste cartão-postal de 1912 editado por La Veloce ele já aparece com o símbolo da companhia nas chaminés, pintadas de amarelo e com uma estrela vermelha ao centro. Entre 1915 e 1917 voltou à linha dos Estados Unidos. Com
a entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial foi transformado em navio de transporte de tropas. No dia 6 de fevereiro de 1918 foi torpedeado e afundado pelo submarino alemão U-64 perto de Cabo Canet, no Mediterrâneo francês".
Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso:
13/3/2006) |