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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Lacasielle

1938-1984 - depois Togo, Coronel, Svalbard, Tilthorn, Stella Marina, Topeka

Numa manhã de início do inverno meridional, em julho de 1975, o autor desta coluna (que extraordinariamente e com a permissão do leitor para em seguida narrar na primeira pessoa do singular) passeava ao longo da amurada da Ponta da Praia, em Santos, quando, ao dobrar a Ponta do Cheira Limão, apareceu um cargueiro que entrava no canal do porto.

Casco cinza, chaminé alta, nas cores amarela, vermelha e azul, bandeira do Panamá na popa e com o nome de Lacasielle em letras escuras na proa, o cargueiro aparentava ser de antiga construção, com linhas graciosas e um perfil que me deixou a vaga sensação de tê-lo visto anteriormente em um outro porto qualquer ou em alguma das tantas publicações marítimas.


O Lacasielle, em sua viagem de novembro de 1975, atracou no cais do Armazém 35, na Ponta da Praia, deixando o anonimato

Como de hábito, fiz fotografias do navio, destinadas à coleção que iniciara muitos anos antes. Dias mais tarde, já com as fotografias reveladas, ocorreu-me a idéia de que o navio me parecia conhecido por analogia com outras imagens já vistas e referentes à Segunda Guerra Mundial.

Rápida consulta - ao Lloyd's Register e a outras publicações - logo me confirmou o extraordinário fato de que o Lacasielle havia sido, durante o último grande conflito bélico, o cruzador auxiliar armado Coronel.

Com este nome de guerra, serviu por algum tempo à Marinha da Alemanha do III Reich, sendo então referido nos meios navais com a sigla de identificação secreta Schiff-14 (Navio 14), o que equivale dizer que foi o último dos corsários armados do século XX.

Em outras palavras, havia descoberto o paradeiro de uma raridade marítima. Após levantar todo o seu histórico, impunha-se realizar uma visita a bordo para obtenção de outros dados de interesse e fotografias, mas tal coisa não foi possível de imediato, visto que, no entretempo, o Lacasielle havia deixado Santos rumo aos portos do Caribe.


A reprodução de fotografia  mostra o cargueiro entrando em Santos em julho de 1975
Foto: J. C. Rossini

Retorno - Passaram-se oito semanas antes que o cargueiro retornasse novamente ao porto, desta vez em rápido trânsito para Buenos Aires. Aproveitei para fazer novas fotografias, quando este deixava Santos, e decidi visitá-lo, quando de sua volta do Prata.

Nos dias seguintes, contactei José Carlos Silvares, na época editor da página de Porto e Mar (depois editor adjunto de A Tribuna) e informei-lhe da redescoberta do antigo corsário. Mostrei-lhe fotografias e o histórico do navio já redigido por mim e sugeri-lhe uma reportagem sobre o assunto.

Silvares concordou de imediato, ficando acertado que iríamos juntos a bordo, quando da próxima escala do Lacasielle em Santos, prevista para o início de novembro. Contatamos em seguida os agentes do navio, Laurits Lachmann, informando-os da nossa intenção, sem, porém, revelar os motivos.

Na segunda semana daquele mês, o Lacasielle atracava no cais do Armazém 37. Com os passes nas mãos, subimos a bordo. Éramos em três: Silvares, Rossini e José Dias Herrera, fotógrafo de A Tribuna. Momentos de excitação, pois púnhamos os pés numa relíquia marítima.

Fomos recebidos pelo comandante do navio, capitão Luis Maria del Busto y Mandaluniz, basco de origem, jovem de idade, mas veterano dos mares. Ele desconhecia os motivos da nossa visita. Estava intrigado.

Para nossa surpresa, logo entendemos que Busto também desconhecia a história completa do navio que comandava, estando somente a par, de forma vaga, de que este antigo navio, de construção alemã, havia tido alguma forma de participação durante os dias da guerra. Havia assumido este comando em janeiro de 1975.

Quando lhe contamos em detalhes o passado do Lacasielle, o capitão Busto se tornou repentinamente outro homem, aberto e sorridente, tão surpreendido com o que lhe contamos, como reage um marido ao saber, por acaso, que a esposa fora rainha de beleza antes do casamento.

Colocou imediatamente o navio à nossa disposição, com livre acesso a todos os locais de bordo. Assim foi que percorremos o Lacasielle de proa a popa, de alto a baixo. Herrera e Rossini batiam fotografias. Silvares fazia anotações.

Busto dava explicações. Entre outras, afirmava que as únicas lembranças do período bélico nas obras mortas do cargueiro eram as bases de aço em concreto reforçado que ainda se encontravam nos pisos das asas da ponte de comando. Estas bases eram os suportes dos pesados canhões antiaéreos instalados a bordo no período bélico.

Na casa de comando e na casa de máquinas, vestígios da época de construção original: agrupamento de navegação, roda de leme, bússola, mesa das cartas náuticas, telégrafos de ordens às máquinas, maquinário de propulsão, escadas de ferro, escotilhas...

O Lacasielle, considerando-se a sua época de construção e idade, era um verdadeiro museu flutuante, a entender-se no bom sentido da palavra. Limpo, bem conservado, tinha ainda móveis, mesas, armários, quadros e até louças que datavam do seu lançamento ao mar como Togo.

Tempos mais tarde, vim a saber que, na época dessa nossa visita, o Lacasielle era um dos poucos exemplos do período pré-bélico da marinha mercante alemã de alto-mar ainda em navegação.


A roda do timão e a bússola giroscópica na ponte de comando, em fotografia tirada por Rossini

Divulgação - Tudo o que é bom termina cedo e a nossa visita chegava ao fim. Descemos, não sem antes prometer ao capitão Busto a publicação de uma matéria nas páginas de A Tribuna para os dias seguintes. Na edição de terça-feira, 18 de novembro de 1975, sai em página inteira a reportagem prometida, com textos de José Carlos Silvares e José Carlos Rossini. Nesse mesmo dia, voltei sozinho a bordo do Lacasielle, levando uma dúzia de exemplares de A Tribuna.

A partir daquele momento, iniciava-se uma amizade de confraria marítima entre o autor e o capitão Busto. Prometi-lhe a divulgação da história do seu navio em caráter internacional, tirando-o assim do anonimato.

Alguns dias mais tarde, escrevi a Craig J.M.Carter - editor, na época, de Sea Breezes, conceituada e bem conhecida revista marítima de circulação mundial. Relatei-lhe o assunto, sugeri-lhe uma matéria, enviei-lhe algumas fotos. Em carta de 2 de dezembro, Craig Carter me informou ter aceitado a idéia e que a matéria sairia na edição de fevereiro de 1976 da revista. Dito e feito.

Nas páginas 94, 95 e 96 desse número de Sea Breezes renasceu, a nível global, a história do Togo-Coronel. O impacto foi fenomenal. Nas semanas que se seguiram, passei a receber cartas provenientes de meio mundo. Queriam fotos, detalhes, esclarecimentos, informações. Não conseguia dar conta da inesperada correspondência.

Novo nome - No decorrer daquele ano (1976), o Lacasielle mudou de nome para Topeka. Estranha e repentina mudança de nome por parte dos mesmos proprietários colombianos. Anos mais tarde, o capitão Busto, já não mais a serviço dos armadores do Lacasielle, me contou as razões dessa mudança.

Logo após a publicação da história em Sea Breezes, em cada porto da escala da rota costumeira do navio (Caribe, Brasil, Prata), o Lacasielle despertava curiosidade. Busto passou a receber freqüentes pedidos de visita a bordo, coisa que obviamente não acontecia antes. Às vezes, eram até mesmo pequenas comitivas que queriam visitar o navio.

A explicação não tarda a aparecer. O Lacasielle havia se tornado um navio-fetiche para uma numerosa colônia de ex-combatentes alemães da última guerra. Uma espécie de símbolo vivo de antigas paixões e tragédias para muitos que haviam combatido ou sofrido aquele sombrio período da história contemporânea, quase levado à categoria de memorial flutuante da ex-Kriegsmarine.

Para eliminar essa imprevista admiração, mudou-se o nome do cargueiro para Topeka, pintou-se o casco e a chaminé de negro, numa curiosa tentativa de camuflagem.

Em vão... pois o assédio continuou praticamente até os últimos dias do cargueiro, sua mera existência simbolizando, tal como os restos do Graf Spee em Montevidéu, toda uma época do século XX, pois o Topeka era bem o último sobrevivente da outrora poderosa Marinha de Guerra de superfície do III Reich.


O Lacasielle mudou de nome, para Topeka, para não ser identificado como antiga unidade nazista

Fama - Raramente, um simples navio cargueiro chega a alcançar a fama dos navios de passageiros, e as razões deste fato são inúmeras. Aos primeiros, faltam o glamour, a grandiosidade o luxo das instalações, e sobretudo a memória de parentes, amigos, conhecidos e personalidades famosas.

Pela leitura do início deste artigo é fácil, porém, entender por que um simples navio de carga como o Lacasielle possa receber os adjetivos de extraordinário e renomado. A inclusão nesta coluna sob tal nome prende-se ao fato de que assim se chamava ao realizar a primeira viagem para portos do Brasil e do Prata em 1968, critério básico para o título de cada navio tratado na Rota de Ouro e Prata. Mas, retomemos o fio de sua história.

Após o término das hostilidades na Europa, em maio de 1945, o que restava das frotas navais e mercantes da Alemanha capitulada fora confiscado, pelas nações aliadas vitoriosas, como reparação de guerra. Nesta longa lista, que incluía desde encouraçados até mini-submarinos, encontrava-se também o Togo, do início de nossa narrativa. Como já mencionado, o Togo, após uma série de negociações entre as autoridades navais aliadas, foi entregue, em 1946, à Marinha do Reino da Noruega e, por parte dessa, recebeu o novo nome de Svalbard, iniciando-se assim um terceiro período de sua carreira.

Nova bandeira, nova função: o navio-transporte e mais tarde navio auxiliar de serviços gerais até 1954, ano de sua baixa oficial. Colocado à venda, foi adquirido pela armadora norueguesa J. Lind, que o enviou ao estaleiro Deutsche Werft, para reconversão em cargueiro.

Ao sair desse estaleiro com o novo nome de Tilthorn (em seguida mudado para Stella Marina), começava a quarta e derradeira fase da carreira deste navio a motor, revertido à condição de navio de carga.

Após servir por apenas 19 meses o armador J. Lind, o Stella Marina foi adquirido, em 1956, pela empresa que ordenara a sua construção em 1937, ou seja, a Deutsche Ost Afrika Linie (Doal), retornando assim a seu nome original de Togo, sob bandeira da República Federal da Alemanha.

Linhas africanas - A Doal havia sido fundada em 1890, com um capital de 6 milhões de marcos alemães da época, sob a iniciativa de Adolphe Woerman, filho de Carl Woerman. Este último, em 1837, com apenas 24 anos de idade, criara em Hamburgo uma empresa comercial que, dez anos mais tarde, evoluía para armadora de navios-veleiros. Em 1849, Carl Woerman enviou um de seus navios para a costa ocidental da África, criando-se, assim, uma nova era de navegação entre a Alemanha e o continente africano.

Em 1880, Adolphe Woerman sucedeu o pai na conduta dos negócios da família. Naquele ano, a Woerman Linie já era proprietária de 42 navios-veleiros, a maioria dos quais realizava viagens regulares para a costa Oeste da África.

Como seu próprio nome indicava, a Doal foi criada para manter ligação entre a Alemanha e a costa Leste africana, seus vapores escalando, porém, em quase todos os principais portos do continente negro, ou seja, do lado ocidental ou oriental.

Em 1937, um ano antes do aparecimento do Togo, a Doal colocara em serviço na linha Hamburgo-Cidade do Cabo dois novíssimos navios de capacidade mista, construídos pelo estaleiro Blohm & Voss, e que levaram nomes bem conhecidos: Pretoria e Windhuk. A Doal empregou o Togo, nesse segundo período, entre 1956 e 1968, sendo adquirido para as águas que foram as suas no início da carreira.

Na Colômbia - Após 12 anos de bandeira alemã, o Togo foi posto à venda em 1968, sendo adquirido por uma empresa com bandeira de conveniência do grupo hispânico Agromar. Recebeu, então, o novo nome de Lacasielle (casa pequena, em dialeto colombiano) e passou a operar entre Vera Cruz (México) e Buenos Aires, com escalas intermediárias em Tampico, Santa Marta, Barranquilha, Buenaventura, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu. Foi registrado como propriedade da Taboga Ent., do Panamá.

Além desses portos principais, o Lacasielle escalava, ocasionalmente, conforme as cargas embarcadas, também em Tampico (México), Cartagena de Índias e Buenaventura (Colômbia), Itajaí, Salvador, Recife, Vitória, Rosário e Santa Fé.

Em meados de 1976, nova mudança de nome. Passou a ser conhecido como Topeka, nominalmente pertencente à Caribbean Real Estate S.A., também do Panamá, outra empresa de conveniência do Grupo Agromar. Seguiu, porém, realizando o mesmo serviço da linha entre o Golfo do México, Caribe e América do Sul.

Topeka seria seu último nome. Após 16 anos de serviço nessa rota, o histórico navio chegou a seu fim em 1984, quando se encontrva sob propriedade da empresa Romen Inc., do Panamá.

O cargueiro havia zarpado de Tampico com carga geral a bordo e com destino a Barranquilha, no mês de novembro desse ano. No dia 21, o navio encontrou em sua rota uma violenta tempestade, com ventos fortíssimos, soprando em direção Norte.

O comandante, Pablo Martinez, decidiu procurar abrigo, largando âncora próximo à localidade mexicana de Coatzacoalcos. Mas, a tempestade virou um verdadeiro tufão e as âncoras se partiram. O Topeka foi levado pela correnteza, indo dar à costa de modo tão violento que várias brechas se abriram em seu casco, inundando-se assim a casa de máquinas e três porões. Mais trágica ainda a morte de dois de seus 27 tripulantes, devido a ferimentos recebidos no momento do encalhe.

O Topeka permaneceu, assim, encalhado num ponto da costa situado a cerca de oito milhas (15 quilômetros) a Leste da embocadura do Rio Coatazalcos, enquanto se decidia o que fazer. Por fim, algumas semanas transcorridas desde o encalhe, o navio foi abandonado pelos armadores à seguradora e, por esta, declarado perda total. Nos dois meses seguintes, tudo o que podia ser recuperado de bordo foi retirado, e o resto, abandonado aos elementos da natureza.

Nos dias de hoje, transcorridos quase 14 anos de sua perda, pode-se, ainda, ver parte de sua carcaça semi-submersa nas areias da praia de Minatitlán, no Golfo de Campeche, Sul do México.

Lacasielle:

Outros nomes: Togo, Coronel, Svalbard, Tilthorn, Stella Marina, Topeka
Bandeira: panamenha
Armador: Taboga Ent.
País construtor: Alemanha
Estaleiro construtor: Bremer Vulkan (porto: Vegesak)
Ano da viagem inaugural: 1938
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 5.054
Comprimento: 134 m
Boca (largura): 18 m
Velocidade média: 15 nós
Calado: 6,6 m
Navio gêmeo: Karmerun

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 10, 17, 24 e 31/5/1998

Coincidentemente, o editor de Novo Milênio, Carlos Pimentel Mendes, também esteve a bordo do Lacasielle, já com o nome Topeka, na qualidade de editor interino de Porto e Mar do jornal A Tribuna de Santos, tendo em decorrência publicado em 5/1/1979 a matéria:


Em 1958, o cargueiro tinha o nome de Togo, operando pela alemã Deutsch Ost Afrika Linie

Topeka já atuou até na marinha hitlerista

Quem vê este navio pacificamente carregar e descarregar mercadorias no porto santista, preparando-se para partir hoje ou amanhã com destino a Santa Marta, na Colômbia, dificilmente adivinhará as curiosas histórias existentes em seu passado, quando serviu até às forças nazistas. É o Topeka, que já se chamou Togo na época hitlerista, Svalbard, Tilthorn, Stella Marina e Lacasielle.

Foi quando esse cargueiro veio a Santos com o nome Lacasielle (em novembro de 1975) que José Carlos Rossini, estudioso de navegação marítima e profundo conhecedor de embarcações de diversas bandeiras, levantou a história, que começa com sua construção no estaleiro Bremer Vulkan, em 1938, para a armadora Deutsche Africa Line.

Tendo pertencido à Krirgsmarine de Hitler, o Togo passou à frota da Real Marinha Norueguesa, como navio de transporte de tropa, com o nome de Svalbard. Isso, no período de 1947 até 1954, quando foi vendido a outros armadores, que mudaram seu nome para Tilthorn. No mesmo ano, passou a operar na frota de uma armadora norueguesa, com nova denominação: Stella Marina. Assim chamado, prestou serviços de transporte de carga até 1956.

A história deste cargueiro não registra o que aconteceu desde então até 1968, quando ele reaparece com o nome de Togo, uma homenagem de sua armadora ao antigo navio da Segunda Guerra.

Segundo o Lloyd's Register, novamente o navio foi vendido em 10 de abril de 1968, à armadora Taboga Enterprises Incorporated, com registro no Panamá. Esta mudou o nome de Togo para Lacasielle. Mas a armadora Taboga pertencia a outra armadora, a Lineas Agromar, com registro na Colômbia. Há cerca de um ano, a Lineas Agromar passou a operar diretamente com o navio, já sob o nome atual, Topeka.

O Togo-Topeka é um navio de 133,69 metros de comprimento e 17,89 de largura; calado mínimo de 7,3 metros e máximo de 10,49. Navio para carga geral, com 5.054 toneladas brutas e 2.852 toneladas líquidas. Porte bruto: 5.100 toneladas. As chapas ligadas por rebites, as escotilhas originais fechadas com ligas de ferro e aço - como também é de aço toda a estrutura, como já não existe mais -, e a mobília original alemã, construída na década de 30, são algumas das outras indicações de sua origem, mas não as únicas: são passíveis de citação as paredes internas decoradas com mapas e postais originais do navio, as indicações em alemão existentes nas portas dos camarotes e até um binóculo alemão raro, marca Zeiss Ikon, usado durante a guerra.

Na guerra - No início da Segunda Grande Guerra, a Marinha Alemã já previa a necessidade de empregar um número determinado de navios de sua marinha mercante convertidos, armados e camuflados, para os fins específicos de guerra corsária (ações navais pelas quais cruzadores ou outros navios, para tal equipados, tentam ofensivas esporádicas para perturbarem o bloqueio e o predomínio marítimo estabelecido por outra potência), navios esses chamados raiders ou predadores.

Assim, vários navios robustos, de grande autonomia e velozes, foram construídos entre 1934 e 1940, e durante a guerra foram convertidos em raiders, como o Atlantis, que circunavegou uma vez o globo, e afundou 21 navios de nações ligadas à causa aliada ou neutros a serviço desta causa. O Orion, o Pinguin, o Thor e o Komet foram alguns dos outros navios empregados nessas atividades.

Em 1943, o Koronel (nome de guerra do ex-Togo e atual Topeka) foi a última tentativa da SKL (Comando de Guerra Naval Alemã) para a utilização de mais um predador. Após sua conversão em cruzador auxiliar de guerra, o Koronel foi despachado de portos alemães na tentativa de superar o bloqueio aliado, penetrar no Atlântico e iniciar operações corsárias. Então, somente um dos raiders ainda estava em ação, o Michel, no Oceano Pacífico.

Com a infrutífera tentativa do Koronel em fevereiro de 1943 de ganhar o Atlântico (foi descoberto pelo radar inglês entre as costas britânica e francesa, sendo bombardeado em seguida, e forçado a se refugiar em Bolonha, retornando depois ao porto de origem), e com o afundamento em outubro seguinte do Michel, terminavam para sempre as operações desse tipo de navio na Segunda Guerra Mundial).

O cargueiro, hoje - Bem diferente de suas atividades bélicas de antes, são as que o Topeka agora exerce.  A embarcação chegou dia 30, proveniente do Rio, trazendo motores elétricos da Colômbia, e está se preparando para sair, hoje ou amanhã, levando 150 jipes montados e 500 toneladas de ferro e aço para o porto de Santa Marta, na Colômbia, além de 10 caminhões Ford para Cristóbal, no Panamá. Das 1.200 toneladas de carga geral embarcada, destacam-se ainda 320 bicicletas e aparelhos de ginástica.


Na aparência, é apenas um cargueiro. Mas o Topeka é o famoso Togo, da 2ª Grande Guerra