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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Delorleans

1940-1971

Nelson Antonio Carrera (*)
Colaborador

Terminada a Primeira Guerra Mundial, um grupo de negociantes norte-americanos de Nova Orleans (Louisiana) decidiu que era o momento certo de iniciar um serviço direto, ligando os portos de Nova Orleans e do Brasil, numa tentativa de levar à costa Leste sul-americana os produtos do Vale do Rio Mississipi, trazendo, na viagem de retorno aos Estados Unidos, dentre outros artigos brasileiros, o café.

O grupo compunha-se dos seguintes figurantes: Thomas F. Cunningham, envolvido com terminais de armazenagem; M. J. Sanders, que era o primeiro gerente da Federal Barge Lines; R.S. Hecht, presidente do Hibernia Bank; Theodore Brent, gerente de tráfego da Federal Barge Lines; e George G. Westfeldt, um corretor de café de Nova Orleans.

Juntos, eles formaram a Mississippi Shipping Company, em Nova Orleans, mais conhecida internacionalmente como Delta Lines, Inc., a qual começava com um capital inicial de US$ 50 mil, sob a presidência de M. J. Sanders.

A empresa abriu suas portas no dia 1º de maio de 1919 e, acatando sugestão de Theodore Brent, o nome comercial da empresa passava a ser Delta Lines.

O primeiro navio da Delta Lines foi o Bound Brook, o qual, após operações de embarque de carga norte-americana nos portos de Nova Orleans e Pensacola, saiu deste último em 12 de agosto de 1919, com 4.100 toneladas de carga destinadas aos portos do Rio de Janeiro e de Santos.

A primeira saída de navio da Delta dos Estados Unidos com passageiros foi realizada pelo Delta Norte, que partiu de Nova Orleans em 1931, conduzindo a bordo 28 passageiros. Foi o primeiro de uma série de quatro navios idênticos, de pequeno porte.


O Delorleans foi construído nos EUA em 1940 e sobreviveu até 1971
Foto: reprodução, publicada com a matéria

Trio - Em 1940, antes, portanto, da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, um novo trio de navios de carga e passageiros entrou em serviço, com capacidade para 63 turistas e 12.800 toneladas métricas de carga. O primeiro deles chamou-se Delorleans.

Encomendado aos estaleiros Bethlehem Shipbuilding na cidade de Sparrows Point, no estado de Maryland, seu casco recebeu o nº 4.338 e a quilha foi batida em 8 de maio de 1939.

Lançado ao mar em 17 de fevereiro de 1940, foi entregue à Delta Lines em 23 de agosto de 1940, iniciando logo a seguir seu serviço de passageiros e carga de Nova Orleans ao Brasil, estendendo-se a viagem até Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).

Com o ataque japonês à base de Pearl Harbour, os Estados Unidos imediatamente entraram em guerra e o governo norte-americano requisitou todos os navios mercantes para tarefas militares diversas, a mais comum o transporte de tropas.

Um grande número de navios mercantes norte-americanos foi afundado durante os anos que se seguiram até 1945. O Delorleans, porém, teve a sorte de sobreviver ao conflito.

Em 1946, terminadas suas tarefas militares, foi restituído à Delta Lines, a qual, considerando seu estado de conservação e a intenção do governo norte-americano de ficar com o navio, acabou por vendê-lo ao governo, que o converteu em navio-escola para oficiais da marinha mercante dos Estados Unidos. Ele ficou baseado na Califórnia até 1971.

(*) Nelson Antonio Carrera, de Santos, é pesquisador de assuntos marítimos e navais

Delorleans:

Outros nomes: nenhum
Bandeira: estadunidense
Armador: Mississippi Shipping Company (Delta Lines, Inc.)
País construtor: Estados Unidos
Estaleiro construtor: Bethlehem Steel Company & Shipbuilding Division (porto: Sparrows Point, estado de Maryland)
Ano da viagem inaugural: 1940
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 7.987 t
Tonelagem bruta: 9.150 t
Arqueação líquida: 4.555 t
Comprimento total: 149,66 m
Comprimento entre perpendiculares: 141,73 m
Boca (largura) extrema: 20,03 m
Boca moldada: 19,96 m
Calado máximo: 7,77 m
Velocidade de serviço: 16,5 nós
Propulsão: turbinas de redução dupla, potência de 8.720 HP a 110 rotações por minuto (rpm) no hélice
Hélice: 1, de 4 pás
Tripulantes: 70
Passageiros: 63
Classes: 1ª - 63 (classe única)

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 20 de janeiro de 1994