Este transatlântico foi lançado ao mar em maio de 1913, realizando a viagem inaugural não por conta da Royal Mail Steam Packet (RMSP), bem sim pela
Pacific Steam Navigation Company (PSNC), entre setembro de 1913 e janeiro de 1914, ligando Southampton (Inglaterra) e Valparaíso (Chile) via costa Leste da América do Sul e Estreito de Magalhães. Convém recordar que a PSNC
era na época uma subsidiária da Royal Mail. A segunda viagem do navio foi realizada sob as cores da RMSP entre Southampton e Buenos Aires em fevereiro de 1914, assim como as três subseqüentes. Ao
retornar de sua quinta viagem redonda, o Andes - devido ao início das hostilidades em agosto - foi obrigado a se dirigir para Liverpool ao invés de a Southampton, porto sobre o qual já incumbia a ameaça dos U-boats, submarinos alemães
em patrulha nas águas do Canal da Mancha.
Anúncio no jornal A Tribuna de Santos em 1/8/1914
Primeira Guerra - No início de 1915, o transatlântico foi requisitado pelas autoridades navais, convertido em cruzador auxiliar armado e destinado a fazer parte do X Esquadrão de Cruzadores da Royal Navy, ao
qual se impunha a tarefa de controlar a linha de passagem no Mar do Norte, entre as Ilhas Shetland e a costa norueguesa.
Participou da ação bélica contra o navio corsário alemão Greif em fevereiro de 1916, ação que resultou na perda deste último e do
Alcantara. Após este episódio e mais alguns meses de serviço no Mar do Norte, o Andes foi deslocado para servir como navio-escolta em comboios do Atlântico Sul e em missões de transporte no Mar Báltico.
Após o término do conflito, foi devolvido à RMSP e recondicionado novamente como navio de passageiros. Voltou à Rota de Ouro e Prata em outubro desse ano, permanecendo sem acontecimento fora de rotina no
serviço dessa linha durante dez anos seguidos, até fins de 1929.
Luxo - Com o início então da crise mundial, a RMSP retirou o navio da linha sul-americana e o converteu em navio de cruzeiro. Seus alojamentos foram modificados, para acomodar somente 450 passageiros, em
classe única de luxo. Seu aparato propulsor foi nessa ocasião trocado por um motor a combustão de óleo diesel.
Com o novo nome de Atlantis e inteiramente pintado de branco, o ex-Andes realizou inúmeros cruzeiros, entre 1930 e 1933, nas mais diferentes águas do planeta: Mar Báltico, fiordes noruegueses,
Mediterrâneo, Caribe, África do Sul, América do Sul, Havaí e ilhas do Pacífico.
Tal foi o sucesso do Atlantis que, em 1933, a Royal Mail decidiu novamente reformá-lo, introduzindo maiores confortos e luxos. Desse ano até 1939, transportou mais de 20 mil turistas, que pagaram fortes
somas em libras esterlinas, a moeda mais valorizada daqueles idos. A festa terminou, porém, em setembro, com a invasão da Polônia pelas tropas de Hitler e a conseqüente declaração de guerra.
Hospital - O Atlantis, requisitado pelo governo britânico, foi transformado em navio-hospital, recebendo o número 33. Nessa nova função, carregando dor e feridos, ao invés de alegria e diversão,
permaneceu até o ano de 1946, tendo - nesse longo período de cinco anos e meio - navegado 280 mil milhas (425.600 quilômetros) e hospedado 35 mil feridos, em inúmeras missões nos principais teatros de guerra.
Com o término do conflito, o Atlantis foi devolvido à propriedade da Royal Mail, porém nunca mais retornou a uso comercial. Em 1948, foi afretado ao Ministério dos Transportes britânico, sendo utilizado
então no transporte de imigrantes para a Nova Zelândia e a Austrália (com capacidade para mil passageiros), navegando nessa rota até 1952 - ano em que foi vendido, para ser demolido em Faslane (Inglaterra). |