Construção
Ministro das
Cidades ouve lideranças nacionais
Atuação do novo
Ministério gera expectativa nos empresários da indústria
imobiliária
O ministro
das Cidades, Olívio Dutra, reuniu-se em 2/2003 com as principais
lideranças da construção civil. No dia 12, Dutra esteve
na Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC), em Brasília, e garantiu aos empresários a prioridade
de combater o déficit habitacional de 6,6 milhões de moradias,
confiante na capacidade do setor gerar empregos, renda e desenvolver economicamente
o País. Já no dia 18, em São Paulo, o ministro participou
de evento coordenado pelo Secretário Municipal da Habitação,
Paulo Teixeira, quando recebeu propostas do SindusCon-SP, Secovi-SP e Apeop.
"Nos últimos três anos,
apenas 28% das aplicações do FGTS destinaram-se a financiar
a produção de habitações, enquanto 72% foram
para imóveis usados e outras finalidades. Se essa proporção
fosse invertida, priorizando o financiamento à produção,
seria possível criar 190,5 mil empregos diretos, indiretos e induzidos
por ano", argumentaram os dirigentes.
Dutra disse em Brasília que
a política habitacional do País será construída
sobre uma base sólida, com ampla participação da iniciativa
privada no processo de implantação do novo modelo. O ministro
conta com a experiência dos membros da CBIC e elegeu a entidade como
um dos fóruns de interlocução nesse processo.
Ele ressaltou a importância
de ativar a produção imobiliária para atender a demanda
compreendida na camada populacional de baixa renda (até 5 salários
mínimos) e reafirmou que os recursos do FGTS devem ser usados prioritariamente
para a moradia. Ele avalia que houve um privilégio ao financiamento
de imóveis usados. "Com incentivo à produção
teremos um desenvolvimento econômico efetivo", afirmou.
O ministro falou da necessidade de
rever a Resolução 3.005 do Banco Central, de maneira a garantir
o retorno efetivo dos recursos para habitação, e da cobrança
das custas cartorárias, que deve ser exercida com "responsabilidade
social". Lembrou a importância das reformas tributária e previdenciária
e de atender e respeitar a diversidade das regiões, adequando investimentos
aos perfis de demanda.
Transformar as cidades em espaços
que garantam o exercício pleno da cidadania é outra meta
de Dutra. "A proposta central do Projeto Moradia é garantir moradia
digna ao maior número de pessoas", lembrou. E nesse aspecto, as
cidades merecem atenção especial, pois concentram a maior
fatia do déficit habitacional, de mais de 5 milhões de unidades.
O ministro é contrário
à privatização das empresas fornecedoras de saneamento
básico e defende que os municípios continuem a deter o poder
concedente dos serviços. Para ele, essas empresas e funcionários
devem ser capacitados para uma atuação empresarial.
Para o presidente da Comissão
da Indústria Imobiliária da CBIC, Lair Krähenbühl,
garantir o direito à moradia é papel da sociedade, do setor
que a CBIC e o Secovi-SP representam, dos poderes Legislativo e Judiciário,
e sobretudo do governo. "A solução deste problema depende
de vontade política. E a criação do Ministério
das Cidades, concretizando uma das propostas do Projeto Moradia e do Programa
de Governo da campanha, é a primeira prova de que esta vontade existe",
salientou.
Dutra com
as lideranças paulistas
Foto: SindusCon-SP
Como produzir
mais habitação e gerar empregos
No encontro
em São Paulo, Olívio Dutra foi saudado pelo presidente do
SindusCon-SP, Artur Quaresma Filho. Após relatar os principais obstáculos
ao avanço da habitação na União, Estados e
Municípios, Quaresma Filho apresentou propostas conjuntas do SindusCon-SP,
Secovi-SP e Apeop, que incluem parcerias e coordenação de
esforços. Estas são algumas das propostas:
Participação
das entidades empresariais na formulação ou revisão
da política, planos e programas habitacionais;
Criação
de planos de metas vinculados a fontes de recursos claramente identificadas
que garantam a estabilidade de normas e regras nas condições
de investimentos que contemplem preços regionalizados e compatíveis
com os custos de produção que identifiquem claramente o perfil
das demandas regionais;
Preservação
das fontes existentes de recursos (FGTS/FAT/Cadernetas de Poupança);
Busca
de novas fontes de recursos (nacionais e internacionais), com a criação
de incentivos;
Incentivo
à implementação do instituto da alienação
fiduciária (Lei 9.514/97). Dar maior liquidez e garantia aos financiamentos
imobiliários, fortalecendo as transações de mercado.
Alavancar recursos para financiar os segmentos de renda média, que
hoje disputam os recursos subsidiados com as famílias de menor renda;
Revisão
da legislação ambiental e aprimoramento da legislação
de uso e ocupação do solo. Criar estímulos para a
implantação de empreendimentos habitacionais de interesse
social e produção de lotes urbanizados. Facilitar o processo
de regularização fundiária, urbanística e imobiliária
de ocupações irregulares. |