Construção
Versatilidade e flexibilização
Renata Viana
Construtoras oferecem liberdade
de escolha dos materiais de acabamento, estimulando a participação
dos clientes e a personalização das obras
A participação
dos compradores na personalização das obras tem merecido
atenção nos últimos anos por parte dos construtores
da Baixada Santista. As modificações solicitadas por clientes
que adquirem apartamentos de edifícios em fase de construção
transformaram o método de trabalho das construtoras, que hoje oferecem
liberdade para eventuais adaptações às necessidades
do comprador.
Há alguns anos, os apartamentos
de um mesmo prédio eram entregues com o mesmo padrão de acabamento.
O que antes era visto como praxe tornou-se apenas uma referência
relatada no memorial descritivo da obra e costuma ser alterada com freqüência
de acordo com o gosto do freguês.
“Em minha construtora, colocamos
à disposição do proprietário um padrão
que pode ser totalmente modificado”, afirma José da Costa Teixeira,
dono da Macuco. “Se o acabamento escolhido for mais caro que o padrão,
ele faz o acerto financeiro. Caso contrário, nós devolvemos
a diferença”.
Ele conta que os compradores preocupam-se
cada vez mais com a seleção de materiais e querem participar
da montagem do imóvel. Alguns chegam a pedir que a construtora entregue
o apartamento com armários embutidos e cozinhas planejadas, mesmo
quando isso não está no contrato. “Percebo uma integração
muito grande. Os clientes gostam de participar da obra em todos os aspectos”,
acrescenta José Teixeira.
A preocupação em satisfazer
a vontade dos clientes não acontece por acaso. A grande maioria
das construtoras percebeu que o cliente é a personagem principal
no mercado da construção civil e, por isso, tem autonomia
sobre os projetos. Em alguns casos, os apartamentos são entregues
no contrapiso como garantia de flexibilização da obra, evitando
indesejáveis dores de cabeça.
“Tivemos casos em que o cliente removeu
todo o piso porque não gostou do acabamento. Para evitar este tipo
de incômodo, em alguns edifícios entregamos o imóvel
sem revestimentos nos quartos e deixamos esta escolha por conta do próprio
comprador”, afirmou o engenheiro Roberto Barroso, proprietário da
Engeplus. O método reduz os custos da obra e o preço do apartamento
torna-se mais acessível, oferecendo ao comprador a vantagem de colocar
o acabamento de sua preferência quando tiver uma situação
econômica mais estável.
“Meu imóvel foi entregue sem
revestimentos na sala e nos quartos. Como já havia me programado,
comprei tudo de primeira linha”, diz o proprietário de um apartamento
na Ponta da Praia, que prefere não se identificar. Ele conta que
trocou os azulejos da cozinha e dos banheiros, mas chateou-se porque não
lhe foi concedida a oportunidade de acertar apenas a diferença.
“Acabei gastando mais do que esperava”.
Cláudio Cardoso, engenheiro
responsável pelas obras da Engeplus, explica que o critério
utilizado na entrega das construções é definido pela
operação de vendas dos projetos.
Quando o edifício pertence ao padrão médio, a tendência
das construtoras é colocar o piso na sala, mas deixar o acabamento
dos dormitórios a critério do futuro morador. “Só
que muitas vezes os compradores colocam este item em negociação
durante a venda e precisamos ser versáteis”, revela. Já José
Marcelo, da construtora ConstruHab, completa que a flexibilização
é fundamental para um segmento que trabalha com ampla liberdade
de mercado. “Cada construtor deve adequar-se à sua realidade para
melhor atender sua clientela”, opina.
A versatilidade predominante nas
construtoras não se resume apenas ao acabamento de cada obra. É
comum o comprador pedir para que a construtora retire paredes para ganhar
espaço ou simplesmente personalizar o ambiente. Para José
Marcelo, se a alteração não afeta a estrutura do prédio
nem altera o ritmo da obra, trata-se de um direito de quem compra. “A modificação
faz parte do negócio. Não podemos deixar que um detalhe impeça
a venda do imóvel”. Ele acrescenta que as construtoras não
têm direito de serem radicais: “A última palavra é
do cliente”.
Apesar da preocupação
em satisfazer o comprador, cada caso é avaliado com cuidado pelos
construtores. Uma das desvantagens deste método de trabalho é
o comprometimento da produtividade dos operários, que pode até
mesmo atrasar o prazo de entrega. “Construímos um prédio
com 78 unidades. Se cada condômino resolvesse mudar alguma coisa,
nossa obra seria inviável”, comenta Cláudio Cardoso, da Engeplus.
Em outra construção da empresa, que soma 30 apartamentos,
as alterações estão sendo realizadas durante a construção.
“Já orientamos os proprietários para que solicitassem as
modificações nos prazos adequados”.
Personalizar
valoriza ambiente |
As personalizações
solicitadas pelos clientes representam toques de requinte para o apartamento
desde a escolha dos materiais até o projeto de iluminação.
As texturas e os pisos trabalhados que fogem ao estilo convencional são
acabamentos que garantem sucesso pelo efeito impactante. “Hoje, os pisos
cerâmicos têm uma faixa ou desenho próprio em cada peça,
o que traz uma conotação bem diferente dos lajotões
lisos de antigamente”, comenta o arquiteto Francisco Carol.
Além
da cerâmica e do granito, a madeira destaca-se entre os acabamentos
mais sofisticados, sobretudo com o desenvolvimento desta indústria
no Brasil. “Hoje, a madeira pode ser revestida em vinil”, esclarece. Por
ser uma textura resistente e de alta compressão, ela evita que o
piso se afunde e é uma boa alternativa para locais com grande circulação
de pessoas. Nos banheiros e cozinhas, os tradicionais revestimentos cerâmicos
variam de acordo com a criatividade. “Podemos usar um material impermeável
de revestimento rústico, como o grafiato, com cores que podem ser
foscas, em degradé com os azulejos das áreas úmidas.
Esta combinação foge da tipologia convencional à que
estamos acostumados”, opina Carol.
Oscar Capelache,
arquiteto, ressalta que as cores neutras são alternativas que sempre
alcançam resultados satisfatórios. “Costumo optar por cores
claras. Porém, é importante saber o que o cliente quer”.
Capelache explica que hoje é possível criar a tonalidade
exata escolhida pelo cliente graças ao avanço da tecnologia.
“Com o auxílio de um computador, conseguimos combinar a cor da parede
com o tecido do sofá, por exemplo”. |
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