Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/real/ed099k.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/09/01 16:27:09
Edição 099 - AGO/2001 

Construção

Versatilidade e flexibilização

Renata Viana

Construtoras oferecem liberdade de escolha dos materiais de acabamento, estimulando a participação dos clientes e a personalização das obras

A participação dos compradores na personalização das obras tem merecido atenção nos últimos anos por parte dos construtores da Baixada Santista. As modificações solicitadas por clientes que adquirem apartamentos de edifícios em fase de construção transformaram o método de trabalho das construtoras, que hoje O construtor José Marcelo: 'Flexibilização é fundamental'oferecem liberdade para eventuais adaptações às necessidades do comprador. 

Há alguns anos, os apartamentos de um mesmo prédio eram entregues com o mesmo padrão de acabamento. O que antes era visto como praxe tornou-se apenas uma referência relatada no memorial descritivo da obra e costuma ser alterada com freqüência de acordo com o gosto do freguês.

“Em minha construtora, colocamos à disposição do proprietário um padrão que pode ser totalmente modificado”, afirma José da Costa Teixeira, dono da Macuco. “Se o acabamento escolhido for mais caro que o padrão, ele faz o acerto financeiro. Caso contrário, nós devolvemos a diferença”.

Ele conta que os compradores preocupam-se cada vez mais com a seleção de materiais e querem participar da montagem do imóvel. Alguns chegam a pedir que a construtora entregue o apartamento com armários embutidos e cozinhas planejadas, mesmo quando isso não está no contrato. “Percebo uma integração muito grande. Os clientes gostam de participar da obra em todos os aspectos”, acrescenta José Teixeira.

A preocupação em satisfazer a vontade dos clientes não acontece por acaso. A grande maioria das construtoras percebeu que o cliente é a personagem principal no mercado da construção civil e, por isso, tem autonomia sobre os projetos. Em alguns casos, os apartamentos são entregues no contrapiso como garantia de flexibilização da obra, evitando indesejáveis dores de cabeça.

“Tivemos casos em que o cliente removeu todo o piso porque não gostou do acabamento. Para evitar este tipo de incômodo, em alguns edifícios entregamos o imóvel sem revestimentos nos quartos e deixamos esta escolha por conta do próprio comprador”, afirmou o engenheiro Roberto Barroso, proprietário da Engeplus. O método reduz os custos da obra e o preço do apartamento torna-se mais acessível, oferecendo ao comprador a vantagem de colocar o acabamento de sua preferência quando tiver uma situação econômica mais estável. 

“Meu imóvel foi entregue sem revestimentos na sala e nos quartos. Como já havia me programado, comprei tudo de primeira linha”, diz o proprietário de um apartamento na Ponta da Praia, que prefere não se identificar. Ele conta que trocou os azulejos da cozinha e dos banheiros, mas chateou-se porque não lhe foi concedida a oportunidade de acertar apenas a diferença. “Acabei gastando mais do que esperava”.

Cláudio Cardoso, engenheiro responsável pelas obras da Engeplus, explica que o critério utilizado na entrega das construções é definido pela operação de vendas dos Engenheiro Roberto Barroso, proprietário da Engeplus: 'Menor custo'projetos. Quando o edifício pertence ao padrão médio, a tendência das construtoras é colocar o piso na sala, mas deixar o acabamento dos dormitórios a critério do futuro morador. “Só que muitas vezes os compradores colocam este item em negociação durante a venda e precisamos ser versáteis”, revela. Já José Marcelo, da construtora ConstruHab, completa que a flexibilização é fundamental para um segmento que trabalha com ampla liberdade de mercado. “Cada construtor deve adequar-se à sua realidade para melhor atender sua clientela”, opina.

A versatilidade predominante nas construtoras não se resume apenas ao acabamento de cada obra. É comum o comprador pedir para que a construtora retire paredes para ganhar espaço ou simplesmente personalizar o ambiente. Para José Marcelo, se a alteração não afeta a estrutura do prédio nem altera o ritmo da obra, trata-se de um direito de quem compra. “A modificação faz parte do negócio. Não podemos deixar que um detalhe impeça a venda do imóvel”. Ele acrescenta que as construtoras não têm direito de serem radicais: “A última palavra é do cliente”. 

Apesar da preocupação em satisfazer o comprador, cada caso é avaliado com cuidado pelos construtores. Uma das desvantagens deste método de trabalho é o comprometimento da produtividade dos operários, que pode até mesmo atrasar o prazo de entrega. “Construímos um prédio com 78 unidades. Se cada condômino resolvesse mudar alguma coisa, nossa obra seria inviável”, comenta Cláudio Cardoso, da Engeplus. Em outra construção da empresa, que soma 30 apartamentos, as alterações estão sendo realizadas durante a construção. “Já orientamos os proprietários para que solicitassem as modificações nos prazos adequados”. 

Personalizar valoriza ambiente
As personalizações solicitadas pelos clientes representam toques de requinte para o apartamento desde a escolha dos materiais até o projeto de iluminação. As texturas e os pisos trabalhados que fogem ao estilo convencional são acabamentos que garantem sucesso pelo efeito impactante. “Hoje, os pisos cerâmicos têm uma faixa ou desenho próprio em cada peça, o que traz uma conotação bem diferente dos lajotões lisos de antigamente”, comenta o arquiteto Francisco Carol.

Além da cerâmica e do granito, a madeira destaca-se entre os acabamentos mais sofisticados, sobretudo com o desenvolvimento desta indústria no Brasil. “Hoje, a madeira pode ser revestida em vinil”, esclarece. Por ser uma textura resistente e de alta compressão, ela evita que o piso se afunde e é uma boa alternativa para locais com grande circulação de pessoas. Nos banheiros e cozinhas, os tradicionais revestimentos cerâmicos variam de acordo com a criatividade. “Podemos usar um material impermeável de revestimento rústico, como o grafiato, com cores que podem ser foscas, em degradé com os azulejos das áreas úmidas. Esta combinação foge da tipologia convencional à que estamos acostumados”, opina Carol. 

Oscar Capelache, arquiteto, ressalta que as cores neutras são alternativas que sempre alcançam resultados satisfatórios. “Costumo optar por cores claras. Porém, é importante saber o que o cliente quer”. Capelache explica que hoje é possível criar a tonalidade exata escolhida pelo cliente graças ao avanço da tecnologia. “Com o auxílio de um computador, conseguimos combinar a cor da parede com o tecido do sofá, por exemplo”.

Edifício Castell di San Muniz, da Construtora Macuco, no Bairro Pompéia