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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/02/01 18:26:34
Edição 097 - JUN/2001 

Editorial

Indignar-se, sempre 

Luiz Carlos Ferraz, editor

Tanto poder possui o tempo que, entre outras coisas, é capaz de dissipar o vestígio de civilizações, mudar a geografia do planeta, extinguir o próprio direito do cidadão, através do instituto jurídico da decadência. No dia-a-dia, contudo, o vigor do tempo não pode ter o condão de aniquilar a capacidade de indignação que é própria da condição humana. 

Faz-se a advertência apenas para lembrar que, nos dias atuais, em face de tantos desmandos, corrupção, impunidade, miséria, não se deve admitir a resignação e aceitar passivamente o caos, seja econômico, ético ou virtual, como se as aberrações fossem estranhas, longe de nos provocar danos ou prejuízos. 

Nada mais falso. Num mundo globalizado, onde as distâncias são percorridas em fração de segundos, o cidadão universal inevitavelmente sofre reflexos, positivos ou negativos, sobre tudo o que acontece. 

Se o governo brasileiro, que alega não ter recursos para programas sociais contra a seca e a fome, disponibiliza mais de 12 bilhões de reais para socorrer instituições financeiras estatais falidas e malversadas, a medida deve merecer repúdio unânime. 

Se a Polícia Federal permite que o traficante Fernandinho Beira-Mar controle o crime organizado de dentro de uma cela da própria PF, não resta dúvida que a promiscuidade impera entre policiais e bandidos. 

Quer mais? Exemplos há aos montes. Porém, desempregado, com fome e sede, a indignação deve ser a marca do brasileiro do terceiro milênio.