Justiça
Judiciário está em
crise
O presidente
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador
Márcio Martins Bonilha, em solenidade que há 40 anos integra
a tradição do Poder Judiciário de São Paulo,
presidiu a “Instalação do Ano Judiciário”, em 1º
de fevereiro de 2001, no Salão Nobre “Ministro Costa Manso” do Palácio
da Justiça. A cerimônia foi prestigiada por autoridades dos
três Poderes do Estado, e marcada pelo ineditismo da presença
feminina como oradora oficial - Luzia Galvão Lopes da Silva, única
desembargadora entre os 132 integrantes do Tribunal de Justiça.
O presidente do TJ falou das dificuldades
que o Poder Judiciário vem enfrentando em razão
do artigo 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Bonilha admitiu que o Judiciário
está em crise funcional, mas não escondeu que muitos integrantes
do Judiciário vêm alertando os homens públicos para
a gravidade da situação. “O Judiciário de São
Paulo pede socorro, pela asfixia que lhe impuseram os tecnocratas de Brasília,
subjugando-o pela estagnação.”
Segundo Bonilha, a Lei de Responsabilidade
Fiscal contém disposições
imprescindíveis, mas peca
ao nivelar Estados de poderio econômico diverso. “O limite máximo
de 6% sobre o montante das receitas líquidas correntes aferidas
pelo Poder Executivo não permite sequer a simples continuidade dos
serviços”, explicou aos presentes. O presidente reconheceu, ainda,
que a autonomia financeira do Judiciário, embora consagrada pela
Constituição Federal, sob o aspecto real, não ocorre.
Manifestando inconformidade e evocando
soluções para as dificuldades que o Judiciário atravessa,
Bonilha afirmou que, se não houver um regime livre de negociação
entre os poderes constituídos, com novo percentual para atender
às necessidades mínimas, o Poder estará engessado:
não haverá instalações de varas, não
serão criados novos cargos e nem se terá condições
para a realização de concursos para o ingresso de juízes
e servidores. |