Construção
“Poderíamos ter financiado
mais”
Entrevista com Carlos Roberto
Bocchi Pereira, por Luiz Carlos Ferraz
Embora
longe de equacionar o déficit habitacional na Baixada Santista,
a Caixa Econômica Federal deu uma forte colaboração
e aprovou no ano passado a aplicação
de cerca de 30 milhões de reais na construção de 2.000
unidades. O volume de recursos foi liberado nos vários programas
oferecidos ao mercado, seja através de verbas próprias ou
do FGTS, mas, pasme, ficou aquém da capacidade de investimento da
CEF, conforme revelou Carlos Roberto Bocchi Pereira, responsável
pelo escritório regional de negócios da instituição
financeira em Santos/SP. Ou seja, faltaram projetos adequados para pleitear
os recursos disponíveis! Para falar sobre as perspectivas para 2.001,
Bocchi Pereira deu a seguinte entrevista ao jornalista Luiz Carlos Ferraz,
dias após assinar parceria com a CoophReal, garantindo recursos
para a cooperativa realizar mais dois empreendimentos, em Santos e Praia
Grande, totalizando cerca de 8 milhões de reais.
Perspectiva - O que representa
a assinatura dessas cartas de garantia?
Bocchi Pereira - Isso significa
que os empreendimentos já foram analisados pela engenharia da Caixa
e considerados ok. Significa também que a empresa construtora passou
por uma avaliação da Caixa. Agora é possível
vender esses imóveis com garantia de financiamento da Caixa e garantia
de entrega desses imóveis.
Perspectiva - Qual o valor
dos financiamentos?
Bocchi Pereira - Os financiamentos
importam em quase 8 milhões de reais. E nós poderemos financiar
até 100% para o mutuário final, com prazo de até 15
anos.
Perspectiva - Em qual programa?
Bocchi Pereira - Carta de
crédito associativo.
Perspectiva - Qual a peculiaridade
deste programa?
Bocchi Pereira - Trata-se
de recursos oriundos do Fundo de Garantia, destinados a trabalhadores com
renda de até 12 salários mínimos e para pessoas que
moram efetivamente nos municípios da Baixada Santista. Não
é um financiamento dirigido a turista.
Perspectiva - Qual o volume
de recursos investidos na região?
Bocchi Pereira - Aprovamos
em 2.000 mais de 30 milhões de reais na Baixada Santista, em mais
ou menos 2.000 unidades.
Perspectiva - Ficou sobrando
verba? Ou seja, não foram pleiteadas as verbas disponíveis?
Bocchi Pereira - Houve disponibilidade
de verba, sim. Tanto que estamos assinando as cartas de garantia de financiamento
reservando os recursos. A partir desse momento não há qualquer
possibilidade de não haver verba para esses projetos, a não
ser que num prazo de comercialização não se consiga
fechar os grupos.
Perspectiva - O ano de 2.000
foi dentro das expectativas da Caixa na região?
Bocchi Pereira - Nós
poderíamos ter financiado mais, embora tenhamos atingido valores
significativos em termos de Brasil.
Perspectiva - Porque não
foram financiados mais?
Bocchi Pereira - Por uma
questão de projetos, de tramitação. Hoje já
temos mais de 40 projetos em tramitação para 2.001.
Perspectiva - Quanto a Caixa
tem disponível para financiar em 2.001?
Bocchi Pereira - Nós
não trabalhamos com orçamento limitado. A Caixa Federal tem
um orçamento global, que gira em torno de 4 bilhões de reais,
que vai sendo distribuído conforme a demanda, para não se
ter o risco de alocar essas dotações anteriormente e uma
região contratar mais que a outra.
Perspectiva - Qual a sua mensagem
para os construtores e empreendedores da região que necessitam de
financiamento para suas obras?
Bocchi Pereira - Diria que
há disponibilidade de recursos. A Caixa não trabalha com
a
hipótese de não haver disponibilidade de recursos para financiamento,
principalmente para essa faixa de renda de até 12 salários
mínimos. A perspectiva é que em 2.001 tenhamos recursos.
Só não sei dizer se são 4 bilhões de reais
ou 5 bilhões. Mas que há orçamento para o ano que
vem, nós temos a convicção. A Caixa quer cada vez
mais estar trabalhando no fomento da habitação, porque o
setor gera muito emprego, renda, e combate o déficit habitacional.
Perspectiva - Em qual faixa
é maior a demanda?
Bocchi Pereira - Na faixa
de 10 a 12 salários, para pessoas que efetivamente precisam do imóvel
para moradia. Não é a faixa de renda que adquire imóvel
para turismo, que no caso são financiados com recursos da Caixa.
Perspectiva - A nível
regional, quais os planos da Caixa?
Bocchi Pereira - Para 2.001,
vamos investir nos programas para imóveis usados, com recursos da
Caixa, através da caderneta de poupança imobiliária.
Aquela caderneta onde a pessoa deposita durante 12 meses sucessivos o valor
correspondente ao que ela pagará de prestação do financiamento,
e, ao final dos 12 meses, terá o valor com a carta de crédito
de financiamento.
Perspectiva - Qual a expectativa
com o funcionamento do SFI?
Bocchi Pereira - O SFI vem
para que a gente possa perdurar e formar um funding de financiamento, para
que não haja interrupções. Significa dizer que, com
os novos contratos de financiamento imobiliário, vamos gerar títulos
que serão repassados ao mercado. Esses recursos voltam ao caixa
para que sejam gerados novos financiamentos, e que geram novos títulos
e que geram novos recursos. E assim sucessivamente.
Perspectiva - O sr. acredita
que em 2.001 o sistema estará efetivamente funcionando?
Bocchi Pereira - É
claro que um sistema desse porte, que começou em setembro/outubro
de 2.000, demora um tempo natural de maturação e de confecção
da carteira. Ele será auto-sustentável na medida em que cada
vez mais nós tivermos contratos, cada vez mais nós fizermos
os financiamentos e cada vez mais os negócios possam se tornar robustos,
volumosos. A perspectiva é que em 2.001 o sistema se firme.
Perspectiva - Com a segunda
pista da Imigrantes e investimentos no turismo de negócios a expectativa
é o fomento do segmento de flats. A Caixa tem financiamento para
esse tipo de empreendimento?
Bocchi Pereira - Ele pode
ser feito com o financiamento da carta de crédito Caixa, desde que
sejam unidades habitacionais dirigidas a uma pessoa, e não para
se construir um hotel.
Perspectiva - Há recursos
específicos?
Bocchi Pereira - Estão
no montante global, também, de recursos de financiamento de carta
de crédito da caixa, com recursos próprios, através
da poupança imobiliária. |