Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/real/ed090i.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/19/00 12:44:56
Edição 090 - OUT/2000 

Experiência

Conciliar arquitetura e elementos estruturais

O arquiteto paulista Ruy Ohtake acha importante a troca de experiências entre o arquiteto e o projetista estrutural. “Com interação, nenhuma criatividade poderá ser Ruy Ohtake acredita na conciliação da boa arquitetura com elementos estruturais industrializados ou não - Foto: assessoria/IElimitada por conta do cálculo das estruturas”, disse. Para exemplificar, Ohtake, que participou do 2º Seminário Tecnologia de Estruturas, no Instituto de Engenharia, em São Paulo (promovido pelo Sinduscon-SP, em parceria com a ABCP), falou sobre alguns de seus projetos em que a estrutura chegou a ser aproveitada como elemento arquitetônico. E também mostrou casos em que a criatividade se aliou à construção industrializada. 

Um de seus projetos mais recentes com estas características é o Berrini 500, edifício de escritórios de alto padrão, localizado na zona sul de São Paulo. O prédio, executado pela Método Engenharia, tem 23 mil m² de área construída, possui três subsolos e 18 pavimentos-tipo. Lajes protendidas pré-moldadas com ondulações nas bordas foram projetadas para conferir movimento à edificação. Além disso, vidro laminado e uma placa vertical de alumínio magenta complementam a fachada, que também contou com fechamento de painéis pré-fabricados. A obra foi concluída em apenas 22 meses. 

Premiado - Outro projeto de Ohtake realizado nestes moldes foi o Hotel Reinassance, em São Paulo, vencedor do Prêmio Master Fiabci/Secovi, em 1996. Com 425 quartos, o edifício construído pela extinta Encol, combina de forma harmoniosa materiais “high tech” como aço, alumínio e vidro, ao concreto aparente, muito empregado na década de 70. 

Com uma fachada que mescla vidro fumê, vidro branco e alumínio vermelho, segundo Ohtake, o hotel procura dialogar com a cidade, ao mesmo tempo em que os primeiros andares são marcados pela presença de amplos terraços em concreto aparente, com grandes curvas que acompanham o desnível do terreno, interagindo com o entorno. Os terraços moldam volumes, conferindo um balanço singular ao conjunto. “O maior mérito deste projeto foi ter fugido da padronização imposta pelas grandes cadeias hoteleiras”, conta. 

Terraços - No segmento residencial, Ohtake destacou o Maison de Mouétte, construído também pela Encol, em São Paulo, há doze anos. Nesse caso, o maior desafio foi executar uma fachada com quatro tipos de terraços diferentes agrupados de forma desorganizada, que proporcionam movimento ao edifício. Ele lembra que, em um primeiro momento, a incorporadora rejeitou a idéia por entender que os gastos com as estruturas de concreto seriam muito maiores por causa da sua complexidade. 

Entretanto, diz ele, após alguns estudos, chegou-se à conclusão de que cada apartamento poderia ser vendido por um preço 10% mais alto, tornando o empreendimento muito mais rentável. “A estrutura deste edifício foi executada de forma tradicional, já que na época não dominávamos os sistemas pré-moldados”, diz. “Hoje, sabemos que é possível desenvolver curvas com ou sem pré-moldados, desde que haja planejamento”, completa. 

Para Ohtake, o caminho para a modernização da construção passa, obrigatoriamente, pelo uso apropriado de elementos pré-moldados. “Vejo a construção industrializada e a padronização dos métodos construtivos como o único caminho para solucionar o déficit habitacional brasileiro”, acredita. O arquiteto lembra, porém, que de nada adianta a mais moderna tecnologia, se o uso que se faz dela não é apropriado. O trabalho deve ser criativo”, recomenda. “O material pode ser qualquer um, mas o desenho tem que ser contemporâneo”, conclui.

Ruy Ohtake falou sobre arquitetura e elementos estruturais - Foto: Assessoria/IE