Experiência
Conciliar arquitetura e elementos
estruturais
O arquiteto
paulista Ruy Ohtake acha importante a troca de experiências entre
o arquiteto e o projetista estrutural. “Com interação, nenhuma
criatividade poderá ser limitada
por conta do cálculo das estruturas”, disse. Para exemplificar,
Ohtake, que participou do 2º Seminário Tecnologia de Estruturas,
no Instituto de Engenharia, em São Paulo (promovido pelo Sinduscon-SP,
em parceria com a ABCP), falou sobre alguns de seus projetos em que a estrutura
chegou a ser aproveitada como elemento arquitetônico. E também
mostrou casos em que a criatividade se aliou à construção
industrializada.
Um de seus projetos mais recentes
com estas características é o Berrini 500, edifício
de escritórios de alto padrão, localizado na zona sul de
São Paulo. O prédio, executado pela Método Engenharia,
tem 23 mil m² de área construída, possui três
subsolos e 18 pavimentos-tipo. Lajes protendidas pré-moldadas com
ondulações nas bordas foram projetadas para conferir movimento
à edificação. Além disso, vidro laminado e
uma placa vertical de alumínio magenta complementam a fachada, que
também contou com fechamento de painéis pré-fabricados.
A obra foi concluída em apenas 22 meses.
Premiado - Outro projeto de
Ohtake realizado nestes moldes foi o Hotel Reinassance, em São Paulo,
vencedor do Prêmio Master Fiabci/Secovi, em 1996. Com 425 quartos,
o edifício construído pela extinta Encol, combina de forma
harmoniosa materiais “high tech” como aço, alumínio e vidro,
ao concreto aparente, muito empregado na década de 70.
Com uma fachada que mescla vidro
fumê, vidro branco e alumínio vermelho, segundo Ohtake, o
hotel procura dialogar com a cidade, ao mesmo tempo em que os primeiros
andares são marcados pela presença de amplos terraços
em concreto aparente, com grandes curvas que acompanham o desnível
do terreno, interagindo com o entorno. Os terraços moldam volumes,
conferindo um balanço singular ao conjunto. “O maior mérito
deste projeto foi ter fugido da padronização imposta pelas
grandes cadeias hoteleiras”, conta.
Terraços - No segmento
residencial, Ohtake destacou o Maison de Mouétte, construído
também pela Encol, em São Paulo, há doze anos. Nesse
caso, o maior desafio foi executar uma fachada com quatro tipos de terraços
diferentes agrupados de forma desorganizada, que proporcionam movimento
ao edifício. Ele lembra que, em um primeiro momento, a incorporadora
rejeitou a idéia por entender que os gastos com as estruturas de
concreto seriam muito maiores por causa da sua complexidade.
Entretanto, diz ele, após
alguns estudos, chegou-se à conclusão de que cada apartamento
poderia ser vendido por um preço 10% mais alto, tornando o empreendimento
muito mais rentável. “A estrutura deste edifício foi executada
de forma tradicional, já que na época não dominávamos
os sistemas pré-moldados”, diz. “Hoje, sabemos que é possível
desenvolver curvas com ou sem pré-moldados, desde que haja planejamento”,
completa.
Para Ohtake, o caminho para a modernização
da construção passa, obrigatoriamente, pelo uso apropriado
de elementos pré-moldados. “Vejo a construção industrializada
e a padronização dos métodos construtivos como o único
caminho para solucionar o déficit habitacional brasileiro”, acredita.
O arquiteto lembra, porém, que de nada adianta a mais moderna tecnologia,
se o uso que se faz dela não é apropriado. O trabalho deve
ser criativo”, recomenda. “O material pode ser qualquer um, mas o desenho
tem que ser contemporâneo”, conclui.
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