Shopping center
O paraíso do consumo
Helô Coimbra
Com o
advento das telecompras e das compras on-line, levantou-se a questão
da sobrevivência dos shoppings. Será que as pessoas, num futuro
próximo, optariam pela comodidade de comprar sem sair de casa? O
que é que se poderia oferecer para continuar atraindo o ser humano
aos shoppings? Aparentemente, há duas saídas.
Os avanços tecnológicos
do início da década de 90 permitiram aos shoppings abrigar
as mesmas experiências mágicas antes privilégios dos
grandes parques de diversão. E essa tendência dos últimos
anos para atrair consumidores resultou nos megamalls, cujos representantes
máximos são o Edmonton West,
no Canadá e o Mall of America, nos
Estados Unidos.
Agora há uma nova discussão
em pauta, sobre o papel do shopping como centro de convivência comunitária
e propostas de espaços para serviços à população
e exercício da cidadania.
O conceito do “shopping center”,
ou centro de compras, existe, de alguma forma, há milhares de anos,
desde os antigos mercados, bazares e áreas comerciais que se formavam
nas proximidades dos portos. Os shoppings modernos surgiram nos Estados
Unidos, na década de 50, estabelecendo modelos estruturais e operacionais
que foram copiados, de imediato, pelos demais países.
Atualmente, dois aspectos polarizam
a discussão sobre os shoppings. De um lado há os “megamalls”,
ou shoppings regionais ou inter-regionais, aqueles com área entre
40 e 80 mil m2 e voltados ao público consumidor das classes A e
B. Do outro, os chamados shoppings comunitários que em muitas áreas
vêm substituindo a antiga “pracinha” das pequenas cidades.
No Canadá, o expoente dos
megamalls
Entretenimento tornou-se palavra
de ordem na década de 90 e desde que essa onda começou, não
só o comércio voltou-se para esse enfoque, mas surgiram shoppings
que são verdadeiros centros de lazer.
O Edmonton West Mall, em Alberta,
no Canadá, que teve um custo de construção total de
800 milhões de dólares, é o expoente máximo
dessa tendência. Ele gera mais de 23.000 empregos e ocupa nada menos
de que 492.000 m2 (o equivalente a mais de 110 campos de futebol) e abriga,
além de mais 800 lojas, 110 restaurantes e quiosques, o maior parque
de diversões, o maior lago e o maior parque aquático em recinto
fechado, do mundo.
No lago, onde há recifes de coral
vivo de até 2.000 anos de idade, navegam 4 submarinos de verdade
Dentro do shopping há uma arena de hóquei de tamanho oficial,
26 cinemas convencionais e um IMAX, aquários, ruas temáticas,
um cassino de nível internacional, além de outras atracões
como boliche, salão de danças, estrutura de “bungee jump”
e uma réplica exata da caravela Santa Maria de Cristóvão
Colombo. É claro que há também um hotel, com 354 quartos,
dos quais 118 são temáticos. O Edmonton West Mall atrai mais
de 20 milhões de visitantes por ano.
Ficha
técnica do Edmonton West Mall
|
Área
total: 49 hectares, o equivalente a mais de 100 campos de futebol
Custo total
de construção: aproximadamente US$ 800.000.000,00
Luminárias:
32.000
Entradas:
58
Lojas:
mais de 800
Oportunidades
de emprego: 23.500
Estacionamento:
para mais de 20.000 veículos. É o maior do mundo
Lago interno:
o maior do mundo
Parque
aquático interno: 2 hectares, o maior do mundo, utilizando 12,3
milhões de litros de água e dispondo de 23 escorregadores,
cuja maior altura é 26 metros
Parque
de diversões interno: 37.160 m², o maior do mundo
Bungee
Jumping: o único do mundo em recinto fechado (dentro do parque
aquático)
Hotel:
354 quartos, dos quais 118 são “temáticos"
Visitantes:
20.000.000 por ano |
As fases
da construção:
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Fase I
- 1981
Área
total: 25 hectares
Área
construída: 106.000 m2
3 grande lojas
de departamento (âncoras) - Eaton's, Sears e The Bay
220 lojas
e serviços
Fase II
- 1983
Área
total: 32 hectares
Acréscimo
de área construída: 105.000 m2
Acréscimo
de mais 240 lojas e serviços
Abertura do
parque de diversões e da arena de patinação no gelo.
Fase III
- 1985
Área
total: 48 hectares
Principal
loja acrescentada - The Brick and London Drugs
Principais
áreas de entretenimento acrescentadas - World Waterpark, Deep Sea
Adventure, Dolphin Lagoon, Sea Life Caverns e Professor Wem’s Adventure
Golf
Ruas temáticas:
Bourbon Street & Europa Boulevard
Fase IV
-1998
Área
total: 49 hectares
Acréscimos:
IMAX 3-D |
Mais visitantes que a Disneyworld
Já o Mall of America, em Minnesota,
transformou-se na quarta maior atração turística dos
Estados Unidos, desde que foi inaugurado em agosto de 1992, recebendo mais
de 100 milhões de visitantes. Em 1995, mais pessoas visitaram o
Mall of America do que o Disneyworld e o Granf Canyon, juntos. O número
de visitantes e o conseqüente acúmulo de seres humanos são
tão significativos que o shopping é sempre resfriado, mesmo
no inverno, quando a temperatura do lado de fora está abaixo de
zero.
O ponto alto nos seus 392.000 metros
quadrados é o aquário UnderWater World, uma verdadeira jornada
multisensorial que vai dos lagos de Minnesota ao Golfo do México.
Os visitantes atravessam um túnel de vidro que passa pelos vários
aquários repletos de exemplares exóticos.
Ficha
técnica do Mall of America
|
Área
total: 392 mil m²
Oportunidades
de emprego: 12.000
Lixo:Mais
de 24.000 toneladas de lixo foram geradas durante seus primeiros 2 anos
de funcionamento. Atualmente 50% do lixo gerado é reciclado.
Circulação:
44 escadas rolantes e 17 elevadores.
Aço: Na construção
do shopping foram usadas quase 15.000 toneladas de aço, praticamente
o dobro do consumido pela Torre Eiffel.
Comunicações:
Há mais de 72 quilômetros de cabos telefônicos espalhados
pelo shopping.
Visitantes:
100 milhões, desde agosto de 1992 |
Os shoppings comunitários
Mas a nova discussão em torno
dos shoppings enfoca agora os do tipo comunitário, caracterizados
por uma área entre 10 mil e 35 mil metros quadrados e ancorados
em lojas de departamento ou de descontos, supermercados ou hipermercados.
Esses shoppings, que floresceram nos subúrbios residenciais norte-americanos,
vêm sendo apontados como os substitutos das antigas “pracinhas” das
pequenas cidades.
Embora muitos ainda vejam os shoppings
como áreas exclusivamente de consumo, essa não foi a intenção
de alguns dos primeiros construtores, já na década de 50. Um
dos seus primeiros expoentes, Victor Gruen, explicou em meados da década
de 50 que os shoppings poderiam servir como “pontos de cristalização
para a vida comunitária nos subúrbios” e um antídoto
ao distanciamento.
Oferecendo oportunidades de vivência
social e recreação num ambiente protegido, incorporando atividades
educacionais e voltadas à cidadania, os shoppings, no entender de
Gruen, poderiam preencher uma lacuna gerada pela ausência de espaços
públicos, tornando-se, assim, mais do que meras áreas de
consumo.
A importância dos shoppings
na economia americana pode ser medida pelo seu faturamento, que atingiu
US$ 800 bilhões nas cerca de 40 mil unidades existentes naquele
país, em 1994, o que representou cerca de 55% das vendas do comércio
varejista.
No Brasil, existem cerca de 800 shoppings
em operação dos quais apenas 128 são filiados à
Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE). Os empreendimentos
ligados a essa entidade faturaram cerca de R$ 10 bilhões em 1995
e em 1996 encerram o ano com um montante de vendas de R$ 12 bilhões,
o que representou cerca de 18% do faturamento do comércio varejista
nacional. Este segmento empregou 218 mil pessoas em suas 21.150 lojas.
Para os não-associados, inexistem dados estatísticos e de
faturamento. |