Arquitetura
Adeus à prancheta
Arquitetos e engenheiros modernos
usam computadores e Internet nos projetos
Carlos Pimentel Mendes (*)
Como vem
ocorrendo em outras profissões, cada vez mais arquitetos e engenheiros
– e seus clientes – aposentam as velhas pranchetas de desenho, as plantas
arquitetônicas laboriosamente criadas no papel, os folhetos promocionais
e outros documentos em papel, e descobrem um novo dinamismo, proporcionado
pelos recursos da Informática:
A
possibilidade de conhecer melhor estilos e idéias, trocando conhecimentos
com profissionais renomados e/ou inovadores de qualquer lugar do mundo,
observando influências,
soluções aplicáveis ao projeto que está sendo
executado, novas abordagens arquitetônicas etc.
Ou
de dividir tarefas – como encarregar uma firma de outro continente de fazer
os cálculos e uma terceira firma, de outra cidade, de imprimir as
plantas a serem usadas no canteiro de obras.
Experimentar
sem custos novos materiais, “andando” virtualmente pelo ambiente a ser
futuramente construído para conferir como ficariam os resultados,
trocando janelas e portas, derrubando ou colocando paredes e trocando toda
a mobília em alguns segundos.
A
facilidade de alterar todo o projeto com alguns cliques no teclado, deixando
ao computador a tarefa de refazer (instantaneamente) todos os cálculos.
A
simplicidade de, com mais um clique, transmitir ao cliente o projeto completo,
para que ele aprove ou altere (não importando se ele está
na sala ao lado ou em outro continente).
E
até deixar que o sistema calcule automaticamente quantos pregos
e parafusos e telhas e tijolos serão necessários, contate
os fornecedores também automaticamente e remonte instantes depois
o orçamento completo, já incluídas as despesas com
o projeto, a mão-de-obra e tudo o mais.
Os profissionais já estão
descobrindo como os novos recursos da computação e das telecomunicações
não só permitem aposentar as velhas pranchetas, como acrescentam
possibilidades inéditas de dinamizar o trabalho, livrar-se da parte
repetitiva (os cálculos...) e burocrática (montagem de orçamentos,
troca de correspondências) e até da parte trabalhosa (deslocar-se
continuamente), para se concentrarem na parte mais agradável, que
é projetar e executar esses projetos, atualizar-se com as novas
tendências (ou mesmo criá-las)...
Ferramentas – Os programas de
desenho auxiliado por computador (CAD – Computer Aided Design) são
as ferramentas mais conhecidas dos profissionais do setor, e seus criadores
vêm cada vez mais desenvolvendo versões personalizadas, com
funcionalidades específicas para uso em arquitetura e construção.
Ao desenhar no computador uma planta arquitetônica, por exemplo,
o arquiteto utiliza bibliotecas completas de desenhos de portas, janelas,
telhados, jardins, móveis, texturas etc. que podem ser originais
do programa ou importadas de outros softwares. As empresas de materiais
de construção já perceberam as vantagens de auxiliar
os arquitetos nos projetos e distribuem adendos de programas de CAD com
bibliotecas de imagens de azulejos, telhas e outros produtos, preparados
para a inclusão nas plantas.
A primeira vantagem é que,
definidos os parâmetros básicos, o próprio computador
faz todos os cálculos, na escala desejada. Em seguida, programas
visualizadores em três dimensões (3D) podem, com um clique
no teclado, montar uma visualização realística do
imóvel projetado, permitindo até que, na tela do computador,
a pessoa passeie pela casa, abra janelas, suba escadas, sentindo como ficará
o ambiente depois de construído. A visualização permite
não só perceber detalhes de projeto que precisam ser mudados,
como trocar idéias com leigos (os clientes). Por não ser
trabalhoso e complicado refazer até mesmo todo o projeto a cada
mudança, fica simples mudar o projeto, o que dá um novo dinamismo
ao trabalho.
Definida a planta final, os programas
podem gerar automaticamente todos os cálculos necessários,
inclusive com grande precisão na discriminação do
material necessário, tempo de execução do serviço
etc. As informações podem ser em seguida retransmitidas por
rede de computadores, até mesmo pela Internet, para locais distantes
– o que significa que um renomado arquiteto pode simultaneamente executar
projetos para clientes em qualquer parte do mundo. Bem, você pode
ser esse arquiteto renomado. Ou ele pode ser o seu concorrente. Nessa hora,
não é mais a distância que influenciará o cliente,
pois as telecomunicações aboliram essa dimensão.
No mercado brasileiro, existem cerca
de uma dezena de programas de CAD, mas atualmente predomina o AutoCAD e
suas versões especializadas, seguido pelo Microstation. Eis os endereços
na Internet em que se pode obter mais informações sobre eles:
Complementos
– As principais empresas de materiais de construção e decoração
já descobriram a vantagem de uma integração maior
com os profissionais desses setores, através do desenvolvimento
de programas de computador que não só apresentam os produtos
com profusão de imagens, mas também exportam bibliotecas
de imagens em escala e cálculos que podem ser agregadas aos programas
de desenho arquitetônico. Assim, o arquiteto pode ter uma visualização
prévia de como ficaria o imóvel projetado usando esses materiais
e o decorador pode “sentir” na prática como aquele lustre ou aquela
mesa se encaixam na decoração da sala – ambos podendo mostrar
ao cliente o resultado de seu trabalho, antes que ele tenha de fazer o
investimento pretendido.
Devido à variedade de opções,
é mais prático aconselhar que os interessados consultem as
empresas para verificar se elas possuem esses programas, ou obtê-los
em visita aos estandes nas exposições de construção
e decoração. Uma das mais interessadas nessa ligação
com os arquitetos e decoradores, entretanto, tem sido a Eliane, que periodicamente
coloca à disposição CDs com esses programas.
Estudo – Estudantes e profissionais
formados podem usar os recursos da Internet para se manter informados sobre
tendências do setor, trabalhos famosos de arquitetura/engenharia
e decoração, tanto visitando páginas Web para conhecer
o material exposto como através da troca de correspondência
com outros colegas, participação em grupos de debate etc.
Além de se atualizar com a legislação (por exemplo,
um comitê do Senado estadunidense estava aprovando, no dia 26/7,
alterações na norma CARA, sobre conservação
de recursos naturais, que afeta os projetos arquitetônicos),
o profissional pode se informar sobre congressos e exposições
em sua área de atuação, estudar em profundidade importantes
projetos realizados pelos colegas etc.
Real Perspectiva já publicou
matéria sobre os principais sites de arquitetura e decoração
no Brasil e no mundo, em 1999. Eis alguns endereços nessa área,
que dão uma idéia do material encontrável na Internet:
(*) Carlos Pimentel
Mendes é editor do jornal eletrônico Novo
Milênio |