Obra
Pirâmide: "O mais colossal
dos edifícios"
Helô Coimbra
Incluídas
entre as Sete Maravilhas do Mundo Antigo e Patrimônio Cultural da
Humanidade desde 1979, as pirâmides de Gizé, em especial a
Grande Pirâmide de Queóps, permanecem um desafio à
nossa compreensão.
Erguidas sobre um platô rochoso
na margem ocidental do Nilo, nas proximidades de Al-Jizah, ou Gizé,
no norte do Egito, as três pirâmides são a imagem do
mistério, um legado da Quarta Dinastia (2575 a 2465 A.C.) e do místico
Antigo Egito. A maior delas, Queóps, é talvez o mais colossal
dos edifícios já construídos no planeta. É
um exemplo de precisão arquitetônica, desenhado, para muitos,
como um modelo da galáxia, do sistema solar, da Terra e, em última
instância, do próprio homem. Ela é a demonstração
palpável da lei hermética: “Como é em cima, é
embaixo”.
A melhor representação
da mente que concebeu a Grande Pirâmide é a própria
Pirâmide. Ela é a demonstração da capacidade
do arquiteto de incorporar ciência, arte e geometria numa forma significativa.
Verdadeira maravilha da arte conceitual, a Grande Pirâmide coloca
em ordem concreta, grandes temas e idéias. Os construtores da Grande
Pirâmide sabiam que em todos os aspectos, o mundo e o ser devem se
harmonizar com a ordem universal e que o entendimento real de um leva ao
entendimento do todo.
De tudo o que foi dito sobre a Grande
Pirâmide, uma das afirmações mais estranhas é
a do historiador grego Heródoto de que, segundo o que lhe relataram
os sacerdotes egípcios, a Grande Pirâmide foi construída
de cima para baixo. Como isso não é fisicamente possível,
o que é que ele quis dizer? O fato é que a Grande Pirâmide
não tem um ápice. As medidas das laterais na base, têm
ligeiras diferenças o que significa que as dimensões da pirâmide
não suportam geometricamente a extensão e término
em ápice. A estrutura física em si foi desenhada para ser
truncada no 206º nível. E como os ângulos da pirâmide
são ligeiramente fora de esquadro, o seu topo não é
uma extensão da pirâmide concreta. Ele é uma abstração
da geometria idealizada, um conceito.
A Grande Pirâmide, portanto,
não tem um ápice físico, mas indica um espaço
puro acima do topo, um espaço que não é deste mundo.
Ela demonstra, assim, que cada indivíduo deve recriar a sua existência.
O ápice é um espaço sagrado – eterno, incorruptível
e atemporal. Mas seu potencial latente tem que ser suportado pelo mundo
material, para que exista.
Embora a Grande Pirâmide possa
ter sido construída numa data posterior, ela foi projetada para
comemorar um momento particular da História. Ela é, na realidade,
um imenso ponto de referência na Terra e no tempo.
No jargão do agrimensor, um
ponto de referência é um símbolo colocado em um marco
permanente que tem uma posição de coordenadas conhecida.
Ele é usado como referência estacionária para determinar
as coordenadas de outros locais. A Grande Pirâmide funciona do mesmo
modo. Mas ao contrário do ponto de referência estático
do agrimensor, a Pirâmide também funciona no tempo como um
memorial de um momento importante. Sua forma, dimensões, e configuração
interna passam uma informação muito específica: onde
ela estava na Terra e no cosmo, num determinado momento. Esse momento,
acredita-se, foi o dia 2 de janeiro de 2900 A.C., o começo da história
da Grande Pirâmide.
Se tivéssemos estado lá
na manhã daquele dia, teríamos observado uma exibição
espetacular de objetos luminosos no céu oriental: Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter e Saturno visivelmente alinhados a poucos
graus um do outro. Na Bíblia esse evento é citado no Livro
de Jó. No Capítulo 38 Deus pergunta: "Onde estavas tu… quando
as estrelas da manhã cantaram juntas e os filhos de Deus clamaram
de alegria"?
Naquele dia, em 2900 A.C., os principais
planetas apareceram como estrelas "da manhã". Foi um grande evento
astronômico; uma coincidência celestial extraordinária
que só aconteceria uma vez em eras - um evento inspirador. Foi também
a oportunidade perfeita para começar a tarefa de registrar para
a posteridade, a coreografia planetária dos próximos 206
anos. 206 anos que incluiriam sete ciclos completos do planeta Saturno,
um protagonista na cosmologia dos construtores.
Os construtores sabiam que todos
os ciclos biológicos e físicos - por exemplo, marés,
padrões de tempo etc.- são influenciados pela proximidade
da Terra a outros corpos do sistema solar. O conhecimento do movimento
dos planetas pelos céus era a chave para entender os ciclos da terra.
Porque os planetas exteriores movem-se só alguns graus por ano,
alinhamentos planetários acontecem num período longo de tempo.
À medida que os planetas começam
a convergir nos céus, que a Terra começa a sentir o efeito
dinâmico crescente do alinhamento. Com os planetas aproximadamente
alinhados em 2900 AC, poderia ser determinado, anos depois, como cada um
deles havia se distanciado durante seu caminho cíclico ao redor
do Sol. As mudanças nas posições desses planetas foram
registradas nas dimensões dos níveis de pedra da Pirâmide.
As alturas variadas das pedras de cada nível derivaram das medidas
diárias do nível da água do Poço de Kephren.
As alturas dos níveis correspondem, um curso por ano, às
influências orbitais e dinâmicas da lua e planetas sobre a
Terra.
Pode-se observar os efeitos principais
do alinhamento no primeiro curso de pedras. Examinando a altura do nível,
pode-se ver que no canto nordeste, o primeiro curso é mais alto,
indicando que os planetas tiveram maior efeito sobre a Terra durante o
começo do ano 2900 A.C. Depois disso, como os planetas se dispersaram
das posições alinhadas, a Terra sentiu uma influência
decrescente. Qualquer pedra em qualquer nível identifica o dia,
mês e ano entre 2900 e 2694 AC que a pedra representa. Invocando
uma fórmula simples, podemos extrapolar informação
sobre a posição da terra em órbita, sobre a posição
da lua, sobre o nível médio da água abaixo da Pirâmide
naquele momento e mais.
Obra utilizou 20.000 trabalhadores
Muitos engenheiros, astrônomos
e estudiosos dedicaram a vida a medir e documentar as várias e complexas
características da Pirâmide. Esse nível literal nos
informa quase tudo sobre o período de 206 anos que a Pirâmide
nos relata. As medidas individuais das pedras relacionam-se a períodos
específicos de tempo. Por exemplo, as dimensões atuais dos
lados da base não são iguais ou retas.
Porém, os comprimentos laterais
têm um significado. Se o perímetro da base representa o ano,
então um lado representa um quarto do ano. Nós notamos que
os quatro lados da Pirâmide não são exatamente iguais.
Mas os trimestres da órbita solar também não. Cada
um é proporcionalmente diferente. Os quatro comprimentos de lado
da base representam os quatro trimestres do ano - inverno, primavera, verão,
outono. Os construtores não estavam errados, eles foram precisos.
O núcleo da Grande Pirâmide
é feito de blocos de pedra calcária amarela, a cobertura
exterior (agora quase completamente inexistente) e as passagens internas
são de pedra calcária clara de melhor qualidade, e a câmara
interna é construída de enormes blocos de granito. Aproximadamente
2,3 milhões de blocos de pedra foram cortados, transportados e montados
para criar a estrutura de 5.750.000 toneladas que é uma obra-prima
de habilidade técnica e habilidade criadora. As paredes internas,
como também as poucas pedras da cobertura externa que ainda permanecem,
têm emendas mais bem feitas do que qualquer outra construção
de pedra do antigo Egito.
A entrada para a Grande Pirâmide
fica no lado norte, aproximadamente 18 metros acima do nível do
chão. Um corredor inclinado desce dali percorrendo o interior da
pirâmide, penetra na terra rochosa sobre a qual a estrutura descansa,
e termina numa câmara subterrânea inacabada. Das derivações
do corredor descendente, uma passagem ascendente leva a um aposento conhecido
como a Câmara da Rainha e para uma grande galeria inclinada com 46
metros de comprimento.
Na extremidade superior dessa galeria,
uma passagem longa e estreita dá acesso à Câmara do
Rei, forrada com granito. Da câmara, dois túneis estreitos
atravessam obliquamente as paredes para o exterior da pirâmide; não
se sabe se eles foram projetados para um propósito religioso ou
para ventilação. Sobre a Câmara do Rei há cinco
compartimentos separados por grandes lajes horizontais de granito; o propósito
provável dessas lajes era proteger o teto da câmara, desviando
a imensa pressão exercida pelas camadas superiores de pedra.
A pergunta de como as pirâmides
foram construídas ainda não tem uma resposta completamente
satisfatória. O mais plausível é que os egípcios
tenham utilizado um dique inclinado, feito ao redor da estrutura com tijolo,
terra, e areia que foi crescendo em altura e em comprimento à medida
que a pirâmide subia. Os blocos de pedra foram puxados para cima
pela rampa, por meio de trenós, rolos, e alavancas.
De acordo com o historiador grego
Herodotus, a Grande Pirâmide levou 20 anos para ser construída
e exigiu o trabalho de 100.000 homens. Esse número é aceitável
dentro da suposição de que esses homens, que eram trabalhadores
agrícolas, só trabalharam nas pirâmides enquanto havia
pouco trabalho para ser feito nos campos, isto é, durante as cheias
do Nilo.
Porém, no final do século
20, arqueólogos encontraram indícios de que uma quantidade
menor de operários pode ter trabalhado na construção,
em bases permanentes e não sazonais. Acredita-se que cerca de 20.000
trabalhadores, juntamente com pessoal de apoio, os padeiros, médicos,
sacerdotes etc., tenham realizado a obra. |